Wednesday, August 21, 2013

Votorantim vê espaço para crescer após corte da Alcoa

Fabricantes de alumínio no país começam a se movimentar para ocupar espaço deixado pela multinacional americana Alcoa, que anunciou na semana passada um corte de 124 mil toneladas na sua capacidade de produção em duas fábricas que opera no Brasil: a mais antiga, de Poços de Caldas (MG), e uma no consórcio Alumar, em São Luís (MA).
A Votorantim Metais-CBA, do grupo Votorantim, diz estar pronta para direcionar toda a exportação que faz hoje para clientes domésticos e não deixar seus clientes desabastecidos. Além disso, a empresa poderá ampliar sua oferta de metal primário e reciclado com otimização nas linhas de produção (fornos), entre 5% a 10%, garantiu Victor Breguncci, diretor comercial.
Para ele, a energia é um fator estratégico, além de relevante, na indústria do alumínio, mas não o único ponto de competitividade. Disse que a VM-CBA superou os problemas técnicos enfrentados em sua fábrica em 2011. Por causa disso, teve queda de 15% na produção. "Já retomamos a estabilidade para operar à plena capacidade instalada", disse.
A empresa tem sua tradicional e maior fábrica de metal primário e produtos transformados de alumínio no município de Alumínio (SP), pouco mais de 100 km de São Paulo. Criada nos anos 1950, hoje tem capacidade anual de 475 mil toneladas. Em Araçariguama (SP), a cerca de 50 km da capital, tem a Metalex, especializada alumínio reciclado, apta a fazer por ano 30 mil toneladas.
Um fator de competitividade da empresa é a geração própria de energia - próximo de 80%. A eletricidade tem peso elevado no custo do metal primário, podendo variar de 25% a 50% no Brasil, dependendo da tarifa paga pela energia (se a fonte não é própria, no caso brasileiro fica acima de US$ 60 o MW hora), do preço internacional do alumínio, e do nível de verticalização da produção. A VM-CBA vai da mineração de bauxita até os produtos acabados.
Breguncci assegura que não faltará produtos de alumínio para seus clientes no país. "Vamos procurar minimizar o 'gap' de oferta deixado pela Alcoa". Segundo ele, a vocação da VM-CBA é atender o mercado doméstico.
A companhia transforma a maior parte do metal que fabrica nas duas unidades em produtos acabados, como chapas, folhas, vergalhões, perfis e fios e cabos. No ano passado, na fábrica de Alumínio, produziu 455 mil toneladas de produto bruto.
Segundo Breguncci, neste ano a VM-CBA está exportando 8% - cerca de 40 mil toneladas, apenas de produtos acabados. "Podemos destinar todo esse volume para atendimento do mercado doméstico", afirmou o executivo. Em 2009, informou, a exportação da CBA chegou a atingir 40%. No mercado interno, vende produtos acabados, além de tarugos e chapas.
Segundo dados divulgados pela holding Votorantim Industrial, no ano passado a VM-CBA comercializou, no país e exterior, 448 mil toneladas, volume idêntico ao de 2011. De acordo com o relatório, a empresa é líder do mercado nacional de alumínio, com 23% de participação nas vendas.
As fatias de mercado no país, segundo o diretor, variam conforme o segmento. "Temos 40% na área de embalagens, diretamente mais de 25% no setor da construção civil, com perfis, chegando a 50% incluindo a venda de tarugos, e uma boa posição em transportes", afirmou. "Queremos continuar crescendo em transportes, embalagens, construção civil e bens de consumo", disse.
Conforme a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), o consumo de produtos transformados de alumínio no Brasil projeta crescimento de 3,7% neste ano, para 1,48 milhão de toneladas. Em 2012, foram consumidas 1,43 milhão de toneladas (chapas, folhas, extrudados/perfis, fios e cabos, entre outros).
As projeções para 2013 eram de aumento superior a 5%, mas foram revisadas para baixo devido à menor expansão do PIB no ano e enfraquecimento no segmento de fios e cabos.
A VM-CBA estima alta superior à da média do consumo nacional, que, na avaliação de Breguncci, terá crescimento de 3,5% no ano, retirando dos cálculos as vendas de fios e cabos, muito fracas. "Esse segmento deve cair 40% devido à queda nos pedidos de projetos elétricos e de infraestrutura".
O mercado local é atacado também por importação de bens transformados, boa parte da China. No ano passado, atingiu 153 mil toneladas. As exportações brasileiras vêm caindo ano a ano e ficaram em 116 mil toneladas.
No primeiro trimestre, a divisão de alumínio da Votorantim teve receita líquida de R$ 691 milhões, com lucro de apenas R$ 2 milhões, depois de uma série de resultados negativos. A empresa sofreu queda de 16% no volume vendido no trimestre, para 96 mil toneladas, compressão dos preços e custos e ainda rescaldo dos problemas técnicos de 2011 na fábrica de Alumínio.
Breguncci admite que o preço hoje, em torno de 1.870 a tonelada (cotação base do metal primário na Bolsa de Londres) é uma questão desafiadora. "Além do fator energia, somos bastante competitivos por ser 100% integrada e estar logisticamente bem situados no meio do Sudeste, o grande mercado do país."
Em alumínio primário, a VM-CBA tem a maior fundição do país, que respondeu por 32% do volume fabricado em 2012. A seguir vem a Albrás (do grupo Norsk Hydro), que fez 447 mil toneladas e exporta a quase totalidade desse volume para Europa e Japão. A Alumar, de Alcoa e BHP Billiton, é a terceira maior, com 402 mil toneladas. Em Poços de Caldas, a Alcoa fez 86 mil. Em Ouro Preto (MG), a Novelis, que vem cortando a capacidade no país, atingiu 46 mil toneladas.
Valor Econômico - 20/08/2013
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