Tuesday, January 10, 2017

Após anos em crise, PCs passam por renovação na CES 2017

Foi um longo e tenebroso inverno – mas as primeiras flores finalmente começaram a brotar. Após pelo menos cinco anos com queda nas vendas, o mercado de computadores pessoais voltou a inovar neste início de 2017. Durante a CES 2017, feira de tecnologia que se encerra hoje em Las Vegas, não foram poucas as fabricantes que apresentaram novidades inovadoras em suas linhas de computadores de mesa e notebooks.
Entre os destaques, há PCs com telas sensíveis ao toque, com sensores para escanear objetos em 3D, além de uma preocupação maior com o design. Juntas, essas ideias mostram que os fabricantes mudaram a tática dos últimos anos, quando lançavam computadores praticamente idênticos, com poucas melhorias incrementais. “O mercado percebeu que tem de reagir de alguma forma”, diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas da consultoria IDC Brasil. “Até 2020, a perspectiva de vendas de PCs é estável. Os fabricantes precisam trazer inovações que justifiquem a compra de um computador novo.”
É uma preocupação corrente na indústria de PCs: depois de começar a década com um pico histórico de vendas, o setor perdeu 27% de seu mercado de 2011 para cá – ou quase 100 milhões de aparelhos em termos absolutos, se as estimativas da IDC para o cenário global de 2016 se confirmarem.
Não há um apenas um culpado para tamanha queda. A popularização dos smartphones “canibalizou” a tecnologia, depois que muitos usuários deixaram os PCs para navegar no celular.
Sem demanda, os fabricantes passaram a dar mais atenção para o mundo móvel e a inovação em PCs estagnou. Esses fatores aumentaram o intervalo de troca das máquinas. “Antes, as pessoas ficavam com o mesmo PC por até quatro anos. Agora, ficam por cinco, até sete anos”, diz Luciano Beraldo, gerente sênior de produtos da área de notebooks da Samsung no Brasil.
Retomada. O primeiro sinal de que uma reação estava a caminho foi dado pela Microsoft, em outubro de 2016. A empresa lançou três novos modelos de computadores pessoais da linha Surface. O Studio, um aparelho com tela de 28 polegadas e configurações inovadoras, foi feito para quem trabalha com design. “A Microsoft dirigiu seu público-alvo para criadores de conteúdo. É um dispositivo elegante”, disse ao Estado o analista J.P Gownder, da consultoria Forrester, em outubro.
Com os lançamentos da CES, a impressão é de que a Microsoft não era a única empresa que tentava desenvolver algo diferente. E, de certa forma, o bom desempenho do Windows 10, lançado em 2015, contribuiu para acelerar a inovação no setor. “O Windows 10 é um sucesso”, diz Raquel Martinez, gerente de marketing da Dell no Brasil. “Agora, a indústria está aprimorando o hardware para que o usuário use 100% do sistema.”
Durante a CES 2017, a Dell foi uma das fabricantes que trouxeram mais surpresas. O Canvas, por exemplo, traz uma tela sensível ao toque de 27 polegadas no lugar do teclado físico tradicional. Ela pode ser usada como prancheta por profissionais de design. Caso o teclado seja necessário, basta ativar o virtual – como nos smartphones. A HP lançou outro computador inovador: o “tudo em um” Sprout Pro inclui um sensor de movimentos 3D e um mini projetor.
Os aparelhos conversíveis – nos quais o teclado pode ser dobrado, transformando o aparelho em um tablet – também foram destaque na CES. Nessa seara, a Dell também acertou ao fazer o notebook XPS 13 (leia mais abaixo) quase virar do avesso. Os computadores mais básicos também ganharam designs mais refinados e materiais mais resistentes – como metal no lugar de plástico.
Além disso, empresas como Samsung e Lenovo lançaram suas fichas no mercado de notebooks para games. “Antes, o fã de games montava um computador com peças compradas na Santa Ifigênia”, diz Sakis.
Na prática. Vale dizer que, apesar das inovações, muitos desses aparelhos chegarão ao mercado com preço alto, o que não fará deles candidatos a “campeões de vendas”. Apesar disso, computadores de alto padrão têm sua importância para a indústria. Além da margem de lucro maior, eles mostram a “força das marcas”, atraindo consumidores para outros produtos de menor valor agregado.
É importante salientar, porém, que muitas vezes as promessas feitas nas feiras podem não emplacar quando chegarem às prateleiras. No entanto, o que se viu nos últimos dias em Las Vegas mostra que o mercado ainda está longe de morrer. “O PC tinha perdido o glamour”, avalia Sakis. “Mas ainda não há um dispositivo tão bom para produzir conteúdo.”
O Estado de S. Paulo
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