Gomes da Costa quer cota maior para pesca de atum

Em um momento de forte desvalorização cambial, reduzir a dependência das importações de atum, cada vez mais caro em decorrência da alta do dólar, entrou definitivamente na agenda da Gomes da Costa, empresa de pescados controlada pelo grupo espanhol Calvo.
Depois de lançar, no ano passado, um projeto de pesquisa para refinar as estatísticas sobre o estoque de atum na costa brasileira e demonstrar que o País tem condições de ampliar o volume de atum pescado sem colocar a espécie em risco, a Gomes da Costa agora quer o apoio do Ministério da Pesca para essas pesquisas.
Com esse objetivo, o CEO do grupo Calvo, o espanhol Manoel Calvo, reuniu-se em Brasília com o ministro da Pesca, Helder Barbalho (PMDB-PA), no último dia 11 de março. "Nós estamos muito atrelados à quantidade de peixe que podemos capturar no Brasil. Seria um bom momento para exportar agora, mas estamos importando muito peixe", afirmou o empresário, destacando a relevância do Brasil, país responsável por 55% do faturamento global da companhia. Em 2014, o grupo faturou € 762 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões).
Atualmente, a cota brasileira para a captura de atum bonito-listrado – o mais usado pela Gomes da Costa – é de cerca de 34 mil toneladas. Essa cota já foi ultrapassada em cerca de 5 mil toneladas pelo Brasil. Há mesmo avaliações de que o estoque de atum estaria subestimado, mas isso só pode ser confirmado a partir de pesquisas, e a última avaliação do estoque de atum do País foi feita em 2007.
Com dados mais recentes, o CEO acredita que a cota brasileira poderia ser elevada. Se pudesse capturar mais atum, a Gomes da Costa reduziria as importações. De acordo com Calvo, as compras de atum do exterior representam 50% do total processado pela companhia em sua fábrica de Itajaí (SC) em alguns momentos do ano, esse percentual chega a 60%. Em 2014, a Gomes da Costa processou 65 mil toneladas de peixe, sendo quase 40 mil toneladas de sardinha e o restante de atum. Parte da sardinha também é importada, mas o empresário não vê chances de reduzi-la, dada a relevância do defeso. "A oportunidade é o atum", reforçou.