Wednesday, September 11, 2013

Salão alemão busca uma direção para o automóvel

No passado, o ronco dos motores falava por si. Tempos depois, os fabricantes de veículos quiseram mostrar ao público afinidades com a causa ambiental e mudaram drasticamente o cenário. Até o cantar de pássaros ouvia-se nos estandes. Em seguida, veio a onda do carro elétrico. A indústria automobilística parece, agora, ter perdido o repertório. A fórmula usada no salão de Frankfurt deste ano reproduz um pouco dos velhos tempos: grande parte da maior feira do gênero no mundo baseia-se na exposição de carros estilosos de todos os tamanhos e para todos os gostos, movidos com energias inovadoras ou com a tradicional gasolina. Num quadro confuso, os executivos tentam não perder de vista os novos conceitos de mobilidade, mas mantêm em seus discursos um tom saudosista, de tempos em que o automóvel era de longe o sonho de consumo mais desejado.
Um pouco da apatia que se vê nos estandes pode ser reflexo da crise na Europa. Não é fácil mostrar novidades para um público que deixou de trocar de automóvel. A estagnação que se arrasta na maior parte dos mercados europeus nos três últimos anos está longe de acabar e não são as novidades no desenvolvimento de veículos que mais têm chamado a atenção na imprensa europeia nos últimos tempos, mas sim as notícias de demissões e estudos para enxugar linhas de montagem em alguns países. Desta vez também pesa a perspectiva de taxas menores de crescimento de vendas em países emergentes como China.
Essa indústria está acuada pela crise num momento em que se supõe que esteja também mais envolvida no desenvolvimento de energias alternativas. Em meio a esse cenário, discute-se o papel do automóvel nos novos conceitos de mobilidade e, para piorar, seu tradicional charme concorre agora também com outros produtos que encantam principalmente novas gerações, como smartphones e tablets, que permitem "viajar" sem sair do lugar.
A questão das energias alternativas parece ainda polêmica. O carro elétrico deixou de ser a grande novidade. Até o maior entusiasta da causa, Carlos Ghosn, presidente da aliança Renault / Nissan, desta vez pouco falou sobre elétricos em sua apresentação à imprensa,
Enquanto algumas montadoras, como a BMW, apostam nos modelos elétricos e no desenvolvimento da célula de hidrogênio, outras continuam mais envolvidas na opção dos chamados híbridos, que funcionam com dois motores - um elétrico e outro a gasolina. É o caso da Toyota, que tem apenas 5% do mercado europeu, mas, ao mesmo tempo, é dona de 75% das vendas de híbridos na região.
Para o vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz, Joachim Schmidt, o uso da célula de hidrogênio é para o futuro. Somente em 2017 é que a montadora começará a produzir veículos com essa tecnologia. O elétrico, para ele, é solução essencialmente urbana e o híbrido que pode ser também carregado na tomada, o chamado "plug-in", uma tecnologia não disponível no Brasil, tende a ser uma boa solução, na média, hoje.
O salão de Frankfurt prima pela discrição e não se veem protótipos que mostrem automóveis do futuro muito diferentes dos atuais. Nota-se também um enorme esforço dos executivos em destacar o conforto de seus produtos. Talvez uma tentativa de tornar o transporte individual cada vez mais atraente.
Em relação ao que se fala sobre jovens que não gostam mais de carros e que preferem a parafernália tecnológica, o presidente da Mercedes-Benz, Dieter Zetsche diz ter suas dúvidas: "Queremos ver com detalhes quais são as fontes dessas pesquisas. Para nós, o automóvel continua a atrair as novas gerações".
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