Friday, June 28, 2013

Klabin aprova plano de investimento de R$ 6,8 bi no Paraná

Maior produtora de papéis para embalagens do país, a Klabin deu finalmente seu passo decisivo para entrar em um novo mercado, o de celulose, e ao mesmo tempo avançar no modelo de governança corporativa. Ontem, o conselho de administração da companhia aprovou o projeto de R$ 6,8 bilhões para instalação da nova fábrica de celulose, no município de Ortigueira (PR), cuja estrutura de financiamento envolve a formação de certificados de depósito de ações (units), numa oferta pública de R$ 1,7 bilhão, e listagem no Nível 2 da BM&FBovespa.
"Essa operação não só transforma a Klabin em uma empresa maior, como [transforma] sua relação com o mercado de capitais", afirmou ao Valor o diretor-geral da companhia, Fábio Schvartsman. O investimento no chamado Projeto Puma está calculado em R$ 5,3 bilhões e a diferença de R$ 1,5 bilhão para o valor total corresponde a 107 mil hectares de florestas plantadas, que pertencem à empresa e que foram incorporadas ao empreendimento.
A nova fábrica, que entrará em operação até o primeiro trimestre de 2016, terá capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas ao ano. Desse volume, 1,1 milhão de toneladas correspondem a fibra curta: inicialmente, 700 mil toneladas estarão disponíveis para venda no mercado e o restante vai suprir uma nova máquina de papel-cartão. Outras 400 mil toneladas serão de fibra longa. Esse tipo de fibra será totalmente convertido pela própria companhia em celulose "fluff", usada na fabricação de fraldas e absorventes.
"Esse será o projeto mais rentável que já se tem notícia", disse o executivo. Uma das vantagens do Puma, segundo Schvartsman, está justamente na possibilidade de produção de três tipos diferentes de celulose em uma única fábrica - o projeto inicial foi alterado e a companhia optou pelo uso de dois digestores, o que permitirá que se produza, ao mesmo tempo, fibra curta e longa.
Em termos de custos, a proximidade das florestas (com distância média de 74 quilômetros da fábrica), o excedente de energia que será comercializado (144 MW) e a operação logística, entre outros itens, devem garantir "o mais baixo custo de produção do mundo", afirma. O valor estimado, contudo, não é revelado.
Com relação ao mercado de fibra curta, a Klabin vai buscar segmentos diferentes daqueles em que estão presentes os produtores concorrentes - as brasileiras Fibria e Suzano Papel e Celulose são as maiores produtoras mundiais de celulose de eucalipto e são grandes exportadoras da matéria-prima. "A Klabin é uma empresa de mercado interno", ressalta o executivo. "Não nos vemos como um grande player do mercado de celulose. Estaremos voltados a nichos, como fluff".
A grande novidade da operação ficou por conta ausência de investidores estratégicos, que participariam de uma nova empresa, a Klabin Celulose. Segundo Schvartsman, a escolha de executar o investimento por meio da própria Klabin S.A. partiu dos controladores, que enxergaram mais vantagens no modelo proposto do que na constituição de outra companhia. "Esse projeto [a Klabin Celulose] segue existindo e é uma alternativa existente. Mas a companhia julga ter achado uma solução melhor", afirmou o executivo.
Pelo modelo escolhido, a Klabin vai criar um programa de units e cada certificado será composto por uma ação ordinária e quatro ações preferenciais, com listagem no Nível 2 da Bolsa. A operação, que será levada à aprovação dos acionistas minoritários em assembleia ainda sem data definida, embute um prêmio de 15% para os papéis ordinários detidos pelos controladores e diluição de 3% dos minoritários preferencialistas e ordinaristas.
Conforme Schvartsman, um programa similar, anunciado pela Contax no começo do ano, inspirou a operação proposta pela Klabin. Por meio da oferta de units, a Klabin pretende captar R$ 1,7 bilhão, em uma das etapas de financiamento da nova fábrica de celulose. A companhia também buscará recursos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e agências multinacionais de importação (ECAs).
O cronograma atual prevê que as negociações com fornecedores seja encerrada entre julho e agosto, com início das obras em setembro. Dessa forma, "no máximo no primeiro trimestre de 2016", diz o diretor-geral, a unidade estará em operação. No mesmo ano, a Klabin deverá instalar também em Ortigueira uma nova máquina de papel-cartão, com capacidade de produção de até 500 mil toneladas por ano. Hoje, a companhia brasileira já é uma das maiores fornecedoras globais de cartão para a embalagem longa vida da Tetra Pak.
Com a nova fábrica, a capacidade instalada de celulose da Klabin sobe para 3,2 milhões de toneladas ao ano, entre a matéria-prima para uso integrado à produção de papel e para venda no mercado. Em embalagens, a capacidade instalada é de 1,7 milhão de toneladas por ano, além de 300 mil toneladas anuais de reciclados.
Valor Econômico - 12/06/2013
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