A fabricante de eletrodomésticos Mueller investiu na reformulação da linha de cooktops para crescer. A empresa aposta que a categoria ainda é pouco usada pelos brasileiros. Se der certo, a investida pode alavancar também as vendas de fornos elétricos.
A aposta da fabricante se baseia no ganho de renda dos consumidores nos últimos anos, que tem estimulado a troca dos eletrodomésticos e a migração para o consumo de novas categorias.
"Temos uma mudança de perfil nas cozinhas populares de hoje, que vêm com espaço para o cooktop no móvel pronto, estimulando a procura pelo produto", afirma o diretor de vendas e marketing da unidade de fogões da Mueller, Alexandre Luz.
Com a nova linha de cooktops, a fabricante espera gerar também um incremento nas vendas de fornos. "É comum o consumidor comprar um forno elétrico melhor e trabalhar com o cooktop", observa o executivo.
Ele explica que, embora a linha de cooktop ainda tenha baixa representatividade no total de vendas da Mueller, a empresa aposta no potencial de crescimento da categoria.
De acordo com dados da Euromonitor, enquanto as vendas de cooktops cresceram 594% nos últimos seis anos, as vendas de fogões avançaram 15,4% na mesma comparação. "A participação do fogão nos lares chega a 98%, então acaba sendo um mercado de reposição, sem muita novidade", avalia Luz.
No ano passado, a linha de fogões da fabricante, que inclui a linha tradicional e os cooktops , cresceu cerca de 6% em volume, mas para este ano a perspectiva ainda é incerta. Nos dois primeiros meses do ano as encomendas registraram alta, mas a reclamação dos varejistas sobre o giro dos produtos também cresceu.
"Os varejistas têm reclamado que as vendas dos produtos do setor, de maneira geral, têm demorado mais para acontecer", observa Luz. Mas a expectativa, avalia ele, é no mínimo igualar o volume de vendas com o ano anterior, embora o cenário ainda seja de receio.
Capacidade
Apesar do cenário econômico difícil a Mueller não mudou seu plano de ampliar a produção. Segundo o executivo, a empresa vai investir 50% mais na comparação com 2014, com recursos destinados ao desenvolvimento de produtos e ampliação da fábrica. "Nossa estratégia para a marca como um todo é ampliar o mix de produtos e ter capacidade para atender uma possível alta na demanda", afirma ele.
O diretor de vendas cita que no último ano a produção só não foi maior, porque a capacidade produtiva atingiu o limite, encerrando o ano com os estoques quase zerados.
"Este ano nós preparamos muitos lançamentos para atrair o consumidor, será um ano chave não só para a categoria de fogões, mas para os outros produtos também", acredita Luz. Ele lembra que a fabricante sempre tem bom desempenho em anos de crise, quando investe mais em competitividade e novos produtos.
Segundo o executivo, um exemplo desse investimento é o trabalho feito pela equipe de pesquisa de produto da Mueller, que reformulou a linha de cooktop para atender a uma demanda do mercado.
"Percebemos que havia muita resistência do consumidor em usar o produto, por causa da forma como a panela era fixada no fogão", conta ele.
A solução encontrada foi desenvolver internamente um modelo de queimador para o produto, com encaixe específico para melhorar a aderência das panelas no cooktop.
"Essa estratégia nos permitiu oferecer um produto mais seguro e reduziu a dependência das peças importadas, gerando economia considerável nos nossos custos de produção", lembra Luz.
Preço
A iniciativa, entretanto, não foi suficiente para evitar o repasse da alta nos custos para o preço final. A fabricante aplicou reajuste médio de 4% na tabela da marca no início de janeiro. Isso depois que alguns fornecedores reajustaram em mais de 10% o preço da matéria-prima.
"Estamos trabalhando internamente para ganhar eficiência e ficar em linha com o mercado para não perder vendas, mas se o cenário econômico não melhorar vamos ter que reajustar novamente os preços", diz o executivo.
DCI
Related products
See this news in:
