Friday, September 13, 2013

Daimler e Renault ampliam parceria e vão dividir produção

Experiências de antigos casamentos sempre servem de lição para novos relacionamentos. Aprende-se tanto com as frustrações como com namoros que deram certo. No mundo dos negócios não é diferente. A união com a americana Chrysler, entre 1998 e 2006, deixou lembranças amargas para o grupo Daimler. Mas a parceria com Renault / Nissan, que já dura três anos, ainda tem jeito de lua de mel. O acordo de cooperação começou a avançar com a decisão de fazer intercâmbio de motores. O próximo passo será compartilhar plataformas de carros. Esse compromisso tende a ficar ainda mais sério quando as partes concluírem as discussões para produzir veículos sob o mesmo teto.
Sentados lado a lado numa entrevista coletiva conjunta, Carlos Ghosn e Dieter Zetsche, dois dos executivos mais influentes da indústria automobilística, celebraram ontem, em Frankfurt, os três anos da parceria que, anunciaram, eles querem expandir. A notícia sobre a intenção de compartilhar uma fábrica veio de Ghosn, presidente da aliança Renault/Nissan. Segundo ele, é ideia é juntar a produção de carros da linha Infiniti, marca de luxo da Nissan, com a de modelos da chamada plataforma MFA, da Mercedes-Benz. Essa mesma plataforma servirá para o GLA, o utilitário esportivo que a Mercedes lança agora em Frankfurt e que será produzido no Brasil. "Essa informação [da união no México] ainda não está confirmada, mas é provável que aconteça", disse Ghosn.
Já está certo, porém, que as próximas gerações de Twingo, da Renault, e do super compacto Smart, da Daimler, terão a mesma plataforma. Isso inclui a futura versão do Smart para quatro passageiros, exibida pela primeira vez no Salão do Automóvel de Frankfurt, que será aberto ao público no sábado.
Enquanto Zetsche, presidente mundial do grupo Daimler, usa o fracassado casamento com a Chrysler como lição para a nova parceria, Ghosn igualmente carrega o aprendizado da bem-sucedida aliança da francesa Renault com a japonesa Nissan, que há 14 anos tem conseguido superar choques de origens e culturas completamente diferentes.
Os grupos começarão a produzir, juntos, motores numa fábrica que acaba de ser construída no Tennessee
Uma nítida demonstração de intimidade está no intercâmbio de motores, que nada mais são do que o coração de qualquer veículo. Os dois grupos começarão a produzir, juntos, motores numa fábrica que acaba de ser construída no Tennessee (EUA). Agora começam as análises em torno da possibilidade de juntar forças também para o desenvolvimento de veículos comerciais leves.
Pactos assim também servem para reduzir custos num momento em que a indústria sofre pressões para desenvolver tecnologias voltadas à redução de emissões e economia de combustível. Nesse caso, uma terceira parceira, a Ford, foi chamada para juntar forças com Daimler e Renault/Nissan. As equipes de engenharia do trio se juntaram para desenvolver motores movidos a hidrogênio, a principal aposta da indústria para os carros do futuro. "Divididas por três, essas despesas representam significativa diminuição de custos", disse Zetsche. "Estamos indo além do originalmente planejado".
A união vai tão bem que há pouco tempo ouviam-se rumores no Brasil de que a Daimler poderia ocupar um espaço da fábrica que a Nissan constrói em Resende (RJ). Mas não será desta vez. O grupo alemão optou por construir sua própria fábrica de automóveis Mercedes-Benz. Ficou em dúvida entres dois Estados - Santa Catarina e São Paulo. Mas deve anunciar, em breve, a opção por Santa Catarina.
Ao ser questionado por um jornalista se a parceria é de fato um casamento, Ghosn foi direto: "Não sei se o nome é casamento, noivado, ou encontro casual. Só sei que estamos juntos; temos razões objetivas para isso."
Valor Econômico - 12/09/2013
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