Sony Mobile projeta celular para o Brasil

A Sony Mobile, braço de mobilidade da fabricante de eletrônicos japonesa, pretende lançar no 2º semestre do ano que vem um celular projetado para o mercado brasileiro. O modelo está em desenvolvimento e, segundo a empresa, ainda não há detalhes do produto, nem do preço. A iniciativa será a primeira do tipo tomada pela companhia no país e reforça uma mudança de posicionamento iniciada em 2012.
A criação de modelos com funções ou características específicas para certos mercados é uma prática comum entre os fabricantes de celulares. Um exemplo é a inclusão do recurso que permite o uso de mais de um chip de diferentes operadoras nos aparelhos vendidos em países como o Brasil e a China.
Nos anos em que operou no mercado de celulares em parceria com a Ericsson, sob a marca Sony Ericsson, a Sony não foi muito adepta dessa prática. Mas desde o ano passado, quando assumiu o controle do negócio e passou a atuar como Sony Mobile, a companhia passou a fazer as adaptações. Em 2012, lançou aparelhos dual chip no Brasil. Até o fim deste ano, planeja lançar um smartphone com função de TV digital.
De acordo com Ricardo Junqueira, presidente da companhia no país, a nova estrutura da companhia facilitou esse tipo de iniciativas. "Facilita quando há abertura [dentro do grupo], não é preciso convencer tanta gente", disse ontem, durante evento em São Paulo.
No cargo desde abril, Junqueira, com mais de 15 anos de experiência em diferentes áreas da Sony, substituiu Jorge Aguiar, ex-executivo da Ericsson que deixou a Sony após pouco mais de um ano no cargo. Por uma mudança na estrutura da companhia, Junqueira não acumulou o cargo de presidente das operações da Sony Mobile na América Latina, que também era ocupado por Aguiar.
Na região, os negócios ficaram sob o comando do argentino Rafael Vieira, também vindo da área de eletrônicos da Sony. Segundo Junqueira, a divisão das responsabilidades foi feita para aumentar o foco da companhia no Brasil. "O mercado de smartphones no país vem crescendo muito rápido todos os meses", disse.
Segundo o executivo, a Sony Mobile triplicou sua participação em número de unidades vendidas e em receita no mercado brasileiro de smartphones desde o começo do ano. A meta é manter esse desempenho até o fim do ano. Hoje, a companhia é a 5ª colocada no país em termos de unidades vendidas e 4ª em receita, disse Junqueira.
O avanço nas operações é resultado da ampliação do portfólio de produtos. No primeiro semestre, a Sony lançou três novos modelos no país, chegando a um total de seis - que podem ser vendidos com diferentes configurações de cor e capacidade para guardar arquivos. Até o fim do ano, o plano é lançar mais três. Todos se encaixarão na faixa de preços praticada atualmente, entre R$ 499 e R$ 2 mil, e serão fabricados no Brasil, como a companhia sempre fez.
Entre os lançamentos previstos está o do Z Ultra. Com uma tela gigante de 6,4 polegadas, enquadra-se em uma categoria que vem sendo chamada de "phablet", por misturar características de smartphones e tablets. "Os consumidores querem telas grandes para consumir conteúdo", disse Junqueira. Além de conexão às redes 4G, o aparelho chegará ao Brasil no fim do ano com recurso de TV digital. A funcionalidade - que só existia em produtos para o mercado japonês - foi incorporada por conta da Copa do Mundo. A Sony é uma das principais patrocinadoras do evento. "O consumidor vai poder assistir ao replay de lances polêmicos dentro do estádio", disse.
Para o ano que vem, Junqueira disse que a meta é dobrar a participação no mercado de celulares. Para isso, a estratégia será aumentar mais um pouco o número de aparelhos à venda, sempre respeitando a faixa de preço entre R$ 499 e R$ 2 mil. "Não temos planos, por enquanto, de ter aparelhos mais baratos do que isso", disse.
Com a venda de 9,6 milhões de celulares no trimestre encerrado em junho, o crescimento foi de quase 30%, comparado a igual período do ano passado. A receita subiu 30%. Somada a outras linhas de negócios, a área de celulares ajudou a melhorar os resultados da Sony. Em termos gerais, a empresa teve lucro de US$ 30 milhões, revertendo prejuízo de US$ 200 milhões registrado no mesmo período do ano passado.