Wednesday, August 14, 2013

GranBio e Rhodia se unem para produzir bioquímicos no Brasil

A GranBio, companhia controlada pela Gran Investimentos, holding da família Gradin, e a Rhodia, do grupo belga Solvay, anunciaram ontem acordo para a produção de bioquímicos (desenvolvido a partir de matérias-primas renováveis) no Brasil. As duas companhias pretendem construir uma fábrica, com 50% de participação cada uma, para a produção de bio n-butanol, que é utilizado em larga escala pelas indústrias químicas. O produto será feito a partir de palha e bagaço de cana-de-açúcar.
As empresas não divulgaram os valores que serão investidos nessa operação. Em comunicado, informaram que os aportes serão aprovados pelo conselho de administração das duas companhias. A formação dessa joint venture será submetida à avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Essa unidade, que será erguida na região Sudeste do país, deverá entrar em operação a partir de 2015, com uma capacidade de 100 mil toneladas por ano. Essa será a primeira fábrica do mundo exclusiva para bioquímicos. O Valor apurou que um investimento em uma fábrica desse porte é estimado em cerca de US$ 250 milhões, segundo fontes de mercado.
Ao Valor, Bernardo Gradin, presidente da GranBio, afirmou que esse acordo marca o avanço da GranBio e da Rhodia na fabricação de bioquímicos a partir da mesma matéria-prima utilizada na fabricação de etanol de segunda geração. "Essa parceria representa a união de duas empresas que se complementam", disse o empresário, que já investe na produção de etanol de segunda geração - a primeira unidade da GranBio no país está sendo construída em Alagoas. A companhia também é sócia da American Process Inc. (API), nos EUA, que detém tecnologias voltadas para a produção de bioquímicos e biocombustíveis.
O butanol, também conhecido como álcool butílico, é um composto químico utilizado na produção de acrilatos e metacrilatos, além de ser usado em larga escala pelas indústrias de tintas e solventes, mercado em que a Rhodia é líder no América do Sul. A proposta das duas empresas é utilizar matéria-prima renovável para a produção desse insumo, disse Vincent Kamel, presidente da Rhodia Coatis, unidade de negócios global da múlti com sede no Brasil. A Rhodia já tinha anunciado a intenção de produzir bio n-butanol no Brasil no ano passado e a união de forças com a GranBio colocará esses planos em prática mais rápido.
O país não é autossuficiente na produção de butanol, produzido a partir de matéria-prima fóssil, cuja demanda por ano é estimada em 50 mil toneladas. O país importa dois terços de sua necessidade. "A demanda no Brasil por butanol tem potencial de dobrar nos próximos anos", afirmou Kamel. O polo petroquímico de Camaçari (BA) deverá ser um dos potenciais consumidores do bio n-butanol. As duas companhias vão se beneficiar de acordos já fechados com empresas detentoras de tecnologias.
O preço do butanol no mercado global gira em torno de US$ 1.800/ tonelada. "Pretendemos produzir o bio n-butanol a preços competitivos", disse Gradin. Assim como o "shale gas" (gás de xisto) mudou os parâmetros do mercado americano, o empresário acredita que os bioquímicos poderão se tornar uma alternativa mais barata no país. "Produtos desenvolvidos a partir da biomassa podem ser considerados o novo 'petróleo'".
A "rota do etanol" já é conhecida no setor químico. A oscilação dos preços do petróleo e o apelo "verde" no mercado têm levado as indústrias a rever seu modelo de produção. Apesar da expertise no Brasil em energia renovável, as usinas sucroalcooleiras reduziram seu apetite em parcerias com grupos químicos. "O etanol de segunda geração vai assegurar esse mercado", disse uma fonte ao Valor.
Valor Econômico - 13/08/2013
Related products
See this news in: english
Other news
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 third floor 01452-001 São Paulo/SP