Wednesday, May 08, 2013

Preço sobe, mas mercado de azeites se mantém em alta

Depois de anos com preço em queda e aumento nas vendas, o mercado de azeites começou 2013 em outro contexto no Brasil. Safras importantes quebraram na última colheita na Europa, o preço da matéria-prima subiu, o dólar se valorizou ante o real e o produto ficou mais caro para o consumidor.
Segundo a consultoria Nielsen, no primeiro bimestre os preços da categoria subiram 9,2%. Mas o cenário não desanima as empresas do setor. A Bunge, que comercializa as marcas Andorinha, Cocinero, e Cardeal, vai elevar em 30% os investimentos no marketing da categoria este ano. Importadores e supermercados estimam que as vendas continuem em expansão de dois dígitos, com percentuais que variam de 10% a 25%, dependo do tipo de produto e público alvo.
"Por mais cinco anos, talvez em patamar menor, o crescimento vai continuar grande", diz Sérgio Mobaier, diretor de marketing de alimentos e ingredientes da Bunge Brasil. Em 2012, apesar da desaceleração econômica do país, o mercado de azeites cresceu 16,3% em volume e, segundo a Nielsen, foi uma das poucas categorias de alimentos a exibir taxas superiores a 10%. O setor movimentou R$ 934 milhões. A expectativa da Bunge é que o mercado avance 11% em volume este ano e que suas marcas vendam mais do que isso.
A estratégia de Mobaier para crescer apesar da alta nos preços - a Bunge fez reajustes de 15% em média, nos últimos seis meses - está focada em lançamentos, ampliação da distribuição no pequeno varejo e fortalecimento da comunicação, com anúncios em TV, mídia impressa e ações em pontos de venda. Os planos envolvem as três marcas comercializadas pela Bunge no país. Cocinero, importada da Argentina (do grupo Molinos) é mais barata, custa em torno de R$ 10; a portuguesa Andorinha, do grupo Sovena, compete com Gallo, na faixa de R$ 14; e Cardeal, marca própria do grupo, é a mais cara (de R$ 15 a R$ 22).
Para o varejo, o azeite premium - de acidez menor e preços acima dos R$ 20 para embalagens de 500 ml - passa por um processo semelhante ao que elevou as vendas das cervejas especiais, com a valorização de sabores e a diversificação de marcas. É o que afirma Asdrúbal Rodrigues, diretor da importadora Vila de Arouca.
"O mercado está se modificando, talvez não com a velocidade que a gente gostaria. Mas, de um modo geral você nota uma satisfação quando o cliente consegue ter acesso a um produto de qualidade superior", diz Rodrigues. Com preços entre R$ 15 e R$ 40 para garrafas de 500 ml, a Vila de Arouca vende cerca de 4 mil caixas de azeite por mês - 2,4 mil litros. Este ano a importadora espera crescimento de 25% em volume sobre 2012.
Para Humberto Cárcamo, gerente da filial carioca da importadora Casa Flora, com sede em São Paulo, a crise no setor de azeites convencionais na Itália, que eleva os preços dos rótulos mais baratos, favorece as garrafas caras. "Para quem trabalha com azeites especiais é uma oportunidade, pois o preço mais próximo e a ruptura de estoques faz com que os grandes clientes tenham que provar novas marcas", diz. A Casa Flora trabalha com 11 marcas premium a preços entre R$ 12 e R$ 70 e tem entre seus clientes grandes cadeias, como o Grupo Pão de Açucar e o Zona Sul.
Em 2012, a rede de supermercados Zona Sul, com 33 lojas no Rio, vendeu um volume de azeites 11% maior que em 2011. Em valores, as vendas somaram cerca de R$ 12 milhões. Este ano, o Zona Sul estima faturar 15% mais com o segmento, acima da projeção de aumento da receita da rede, de 11,5%. Dos 80 rótulos vendidos nas lojas, cerca de 60 custam acima de R$ 20.
O principal diferencial de um azeite especial é a baixa acidez, mas a falta de conhecimento do consumidor ainda é obstáculo para o aumento do consumo, dizem os importadores. Para driblar o problema, o Zona Sul apresenta os azeites especiais para degustação nas pizzarias de suas lojas.
"A gente faz um trabalho com azeites há mais de dez anos", diz Pietrangelo Leta, diretor comercial do Zona Sul. "É um nicho em que trabalhamos de forma muito parecida com as cervejas. O nosso desafio é crescer esse mercado com variedade e maior valor agregado."
Outras redes de supermercados também conseguiram bons resultados no segmento. Mas o abalo do setor na Europa deve ter impactos. É o que diz o gerente comercial do Grupo Pão de Açúcar (GPA), José Izildo. Ele projeta avanço de 10% a 15% nas vendas em 2013 - alta que poderia ser maior se não houvesse quebra de safra.
O Walmart prevê aumento de 18% nas vendas dos rótulos mais baratos e de 15% nos especiais. "Ainda há um espaço grande para trabalhar na categoria do extra virgem mais tradicional, até pelos patamares de preço no Brasil neste início do ano. Quando o preço passa um pouco de R$ 12 o crescimento não é o mesmo", diz o diretor comercial Rodrigo Pothin.
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