Monday, February 04, 2013

Nokia decide investir em smartphone mais barato

Almir Luiz Narcizo, presidente da Nokia no Brasil, mostra com entusiasmo o celular Asha 305. "É sucesso no Brasil", disse ao Valor. "Tem acesso às redes sociais, internet, 'full touch' [tela sensível ao toque], a um preço que muita gente pode comprar: dez vezes de R$ 29,90".
Narcizo pretende empregar toda a sua empolgação em produtos mais sofisticados e com menor preço para o consumidor este ano. Três novos modelos do Lumia - o smartphone com sistema operacional Windows, da Microsoft, lançado no fim de 2011 pela Nokia - serão apresentados nos próximos dois meses no Brasil, a um preço mais acessível do que os praticados hoje, de R$ 599 a R$ 1.295.
Segundo Narcizo, os novos aparelhos ocuparão uma "faixa de preço intermediária" entre os atuais modelos e os chamados "features phones" - celulares mais simples, sem o sistema operacional completo usado nos smartphones. Na Nokia, os "features phones" custam até R$ 399.
A aposta no Lumia "acessível", que já à venda no mercado asiático e com previsão de lançamento na Europa e Oriente Médio, é uma das tentativas da Nokia de reverter os maus momentos vividos pela multinacional finlandesa em todo o mundo. Ontem, a empresa divulgou o seu balanço do quarto trimestre, período em que voltou a ter lucro. Mas, em 2012, a Nokia aumentou em mais de 150% o seu prejuízo em relação a 2011, para € 3,8 bilhões. No mundo, as vendas líquidas recuaram 22% no ano passado, para € 30,2 bilhões. Na América Latina, onde o Brasil é o maior mercado, as vendas caíram 5% no ano, para € 4 bilhões.
Em 2012, o Brasil passou da terceira para a quinta posição no ranking dos dez maiores mercados mundiais da Nokia. Em 2011, o país tinha à sua frente apenas os mercados da China e Índia, que continuaram na liderança em 2012. No ano passado, porém, Japão e Estados Unidos passaram a ocupar a terceira e a quarta posição, respectivamente. Narcizo minimiza a perda de participação. "O Brasil sempre esteve entre o quinto e o sexto lugar no ranking; 2011 foi uma exceção, porque as vendas do Japão e dos Estados Unidos tinham caído bastante", afirmou.
O relatório financeiro da companhia indica que a América do Norte foi a única região onde a Nokia cresceu em vendas líquidas (21%). Na região Ásia-Pacífico, as vendas caíram 7%.
A Nokia está no topo das vendas entre os fornecedores de "features phones" no Brasil. Mas essa categoria de aparelhos mais simples entrou em queda, de modo geral. Em 2011 esses aparelhos representavam 87% de todos os modelos, índice que caiu para 74% no acumulado até setembro do ano passado, de acordo com o instituto de pesquisas IDC. Por outro lado, os smartphones saltaram de 13% para 26% das vendas em nove meses.
Para especialistas, a Nokia não acompanha o ritmo do mercado de smartphones com a velocidade que a categoria exige. Segundo apurou o Valor, a empresa tem no Brasil menos de 10% de participação em smartphones, um mercado liderado pela Samsung. Uma fonte do setor afirmou que a Nokia seguiu até hoje um movimento inverso, com grande aposta nos celulares mais simples, para ganhar escala, enquanto lançou apenas três modelos do Lumia, a sua linha mais importante de smartphones. Além disso, a Nokia optou por um sistema operacional, o Windows Phone, que não é tão popular quanto o Android, do Google.
"Se tivéssemos escolhido o Android, seríamos só mais um no mercado", afirmou Narcizo. O Android é o sistema operacional adotado pela Samsung, que lidera o mercado de smartphones, e por outros grandes fabricantes mundiais, como LG e Sony Ericsson.
A Nokia é a maior parceira mundial da Microsoft no uso do Windows Phone. Segundo Narcizo, a união ampliou de maneira consistente a oferta de aplicativos para smartphones. "Desde que anunciamos a parceria, há dois anos, o número de aplicativos disponíveis no Marketplace [loja de aplicativos da Microsoft] subiu de 7 mil para 120 mil", afirmou. O mais vendido deles é a "Bíblia Sagrada", por R$ 1,99. Na Nokia Store, onde o sistema mais copiado é o Whatsapp, o consumo de aplicativos, cuja maioria é gratuita, dobrou para 120 milhões no Brasil.
O aplicativo é uma forma de ganhar a fidelidade do consumidor, disse Narcizo. Para o presidente da Nokia, oferecer um aparelho que esteja mais próximo do perfil do usuário envolve a oferta de uma gama diversificada de aplicativos. Narcizo, por exemplo, afirmou ser fã do programa da rede de cinemas Cinemark. "Posso comprar ingressos pelo celular e assistir os 'traillers'", disse. Mas a experiência pessoal do executivo não é ilustrativa do consumo local de sistemas. "Boa parte [do consumo] está nas classes C e D, que são compradoras dos celulares Asha".
Para se aproximar mais do consumidor, a Nokia pretende elevar de 32 para 60 o número de lojas próprias no país este ano. Longe de concorrer com o varejo tradicional, Narcizo disse que o objetivo das lojas é divulgar os aplicativos, testar ideias e preços. Das lojas atuais, 18 estão localizadas no Nordeste. "As próximas estarão no Sul, onde já há fila de franqueados para abrir um ponto de venda", disse o executivo.
Valor
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