Thursday, February 28, 2013

Crescimento da Samsung é visto como ameaça pela Google

A Samsung Electronics Co. e a Google Inc. abalaram juntas o domínio da Apple Inc. no setor de smartphones, mas há novas tensões na parceria.
Os executivos da Google receiam que a Samsung tenha se tornado tão grande - a empresa sul-coreana vende cerca de 40% dos aparelhos que usam o software Android, da Google - que poderia forçar uma renegociação dos acordos entre elas e tomar parte do lucrativo negócio de publicidade em aparelhos móveis da empresa americana, disseram pessoas a par do assunto.
Agora, com os maiores executivos do setor de telefonia celular reunidos em Barcelona, a Google está conversando com outras empresas na esperança de que seus aparelhos Android possam conter o poder da Samsung através de uma concorrência legítima, disseram as pessoas. A empresa de buscas na internet está torcendo para que os novos dispositivos Android de fabricantes como HTC Corp. e Hewlett-Packard Co. consigam fazer frente à Samsung, disseram as pessoas.
Representantes da Google e da Samsung não quiseram comentar.
Dentro da Google, as preocupações com a Samsung são discutidas abertamente.
Num evento da Google em meados do ano passado, Andy Rubin, o diretor responsável pelo Android, elogiou o sucesso da Samsung e disse que a parceria havia sido mutuamente benéfica, disse uma pessoa a par da reunião. O poderio crescente da Samsung - que vendeu no ano passado quase 200 milhões de smartphones Android a mais que a segunda maior fabricante de aparelhos Android - impulsionou a receita da Google com anúncios em dispositivos móveis.
Mas Rubin também disse que a Samsung poderia se tornar uma ameaça caso ganhasse mais terreno entre as fabricantes que usam o Android, disse uma pessoa. Rubin disse que a recente aquisição que a Google fez da Motorola Mobility, que fabrica smartphones e tablets que rodam o Android, serviu como uma apólice de seguros contra a possibilidade de uma fabricante como a Samsung ganhar muito poder sobre o Android, disse a pessoa. A Google informou que Rubin não estava disponível para uma entrevista.
As observações de Rubin mostram como a relação da empresa com a Google está cada vez mais complicada, agora que a Samsung vem ganhando impulso no mercado de dispositivos móveis contra concorrentes comuns, como a Apple.
No ano passado, a Samsung vendeu 215,8 milhões de smartphones, praticamente todos com Android, respondendo por 39,6% do mercado mundial, segundo a firma de pesquisas IDC. A Apple vendeu 136,8 milhões de iPhones, ou 25,1% do mercado de smartphones. As duas estavam emparelhadas em 2011, tendo cada uma cerca de 19% do aquecido mercado, informou a IDC.
A Samsung aumentou sua liderança nos smartphones Android, abocanhando 40,2% do mercado no quarto trimestre, contra 38,7% um ano antes, segundo a IDC. A Huawei Techonologies Co. estava em segundo lugar, com 6,6%, a mesma fatia de um ano atrás.
No setor de tablets que rodam Android, a fatia da Samsung saltou para 27,9% no quarto trimestre, comparado com 15,6% um ano antes, segundo a IDC.
Isso pôs a Samsung à frente da Amazon.com Inc., cujo tablet Kindle Fire usa o Android, e tornou a empresa sul-coreana a maior fabricante de tablets Android. A Amazon tinha 21,8% do mercado no quarto trimestre, ante 34,5% um ano atrás.
A Samsung tem um poder especial na sua relação com a Google porque os aplicativos da empresa californiana que geram receita, como o motor de buscas Google e o site de vídeos YouTube, vêm instalados em quase todos os dispositivos Android.
A Amazon, por outro lado, usa uma versão modificada do Android e não tem os apps da Google nos seus aparelhos.
Várias pessoas a par do assunto disseram que a Google teme que a Samsung venha a exigir um pedaço maior da receita de anúncios on-line que a Google obtém com seu motor de buscas.
A Samsung recebeu mais de 10% desta receita no passado, disse uma das pessoas. Mas a empresa indicou à Google que pode querer mais, principalmente à medida que a Google aumenta o faturamento com apps como o Google Maps e YouTube, disse outra pessoa a par do assunto.
Observadores externos estão começando a reconhecer a mudança na natureza da relação. "A Samsung é um perigo real para a Google", disse Rajeev Chand, diretor-gerente do banco de investimento Rutberg & Co. "Com o tempo, a Samsung será capaz de usar sua dominante participação de mercado para negociar acordos mais vantajosos com a Google."
Isso poderia incluir obter "versões melhores do software Android antes das outras fabricantes", disse Chand, e a capacidade de escolher mais aplicativos para seus dispositivos.
A Google afirmou no ano passado que está a caminho de faturar US$ 8 bilhões anuais com dispositivos móveis. Esse número inclui as vendas de anúncios no motor de buscas da internet que aparecem nos aparelhos da Apple, assim como as vendas de músicas e vídeos nos aparelhos Android.
Vários analistas estimam que a Samsung faturou em torno de US$ 60 bilhões com as vendas de smartphones e tablets Android no ano passado, comparado com cerca de US$ 30 bilhões em 2011. No total, a receita da Samsung passou dos US$ 180 bilhões em 2012, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.
Se a relação da Google com a Samsung azedar, a área da empresa encarregada do Android poderia trabalhar com a divisão Motorola - assim como as unidades de hardware e software da Apple trabalham juntas com os iPhones e iPads - para garantir que os aparelhos Android da Motorola sejam superiores aos das concorrentes, disseram pessoas sintonizadas com a forma de pensar da Google.
Tal decisão poderia, no entanto, alienar outras fabricantes de dispositivos Android.
A Google já afirmou que não favoreceria a Motorola em detrimento das outras fabricantes.
A Samsung está ampliando seu leque para fazer dispositivos que rodem a versão móvel do software Windows, da Microsoft Corp., e o Tizen, o sistema operacional que a própria Samsung está desenvolvendo com a fabricante de microprocessadores Intel Corp.
Enquanto isso, a Motorola vem desenvolvendo o chamado X Phone para concorrer com o iPhone, da Apple, e os aparelhos Galaxy S, da Samsung, disseram pessoas com conhecimento da iniciativa. A Samsung informou na segunda-feira que o Galaxy S IV será lançado em 14 de março, em Nova York.
Em dezembro, a Motorola roubou o diretor de marketing estratégico da Samsung, Brian Wallace, que havia trabalhado nos altamente elogiados comerciais do celular Galaxy para a TV. A Samsung, de sua parte, vem atraindo engenheiros da Motorola no último ano, disseram pessoas a par do assunto.
A Google e a Samsung ainda se consideram parceiras na luta contra a Apple. Nesta semana, a Samsung lançou seu tablet Galaxy de oito polegadas, que competiria com o iPad Mini, da Apple.
A Google tem esperanças quanto a estreantes no Android como a H-P, disse uma pessoa a par do assunto. Durante o Congresso Mundial de Telefonia Celular, em Barcelona, a H-P apresentou sua primeira série de tablets Android, que devem chegar ao mercado em meados do ano ao competitivo preço, nos Estados Unidos, de US$ 169,99 o modelo básico.
Valor Econômico
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