Tuesday, September 06, 2016

Áreas de plantio de arroz e feijão permanecem limitadas

Com os preços nas alturas, o arroz e o feijão - a dupla de alimentos mais consumida pelos brasileiros - tiveram forte impacto nos índices inflacionários e maltrataram o orçamento das famílias neste ano. Mas as altas não serão capazes de motivar um aumento significativo das áreas de plantio de ambos na safra de verão deste ciclo 2016/17. Para o arroz, as primeiras estimativas indicam estabilidade, enquanto no caso do feijão há sinais de um aumento apenas modesto, insuficiente para atender à demanda reprimida pelo produto.
A despeito das valorizações registradas - o arroz registrou alta de 11,1% de janeiro a julho no País, segundo o IPCA, ao passo que o feijão carioca subiu 150,6% -, muitos produtores continuam inclinados a semear soja e milho, commodities que têm maior liquidez. "Talvez o plantio de feijão até esteja mais lucrativo neste momento, mas a estabilidade de soja e milho é maior. Esses produtos têm mercado futuro estabelecido, são envolvidos em operações de barter e têm compradores garantidos no exterior", diz Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses).
Conforme o Ibrafe, a primeira das três safras de feijão do ciclo 2016/17 deverá ocupar 1 milhão de hectares no País, 10% mais que em 2015/16 (945 mil). Ainda assim, lembra Lüders, será uma área 33% menor que a do verão da temporada 2006/07, reflexo de uma década "de falta de incentivos do governo e de um mercado desregulado e esquecido".
O Ibrafe calcula que o custo de produção de feijão vá crescer, em média, 11,3% em 2016/17, para R$ 147 por saca. "A maior elevação é na aquisição de sementes. Com a alta dos preços do feijão, a semente também subiu fortemente", diz Lüders. Como a colheita começará apenas em janeiro, ele imagina que os preços da saca da leguminosa permanecerão nos patamares atuais (cerca de R$ 400) nos próximos meses, com espaço apenas para pequenas baixas. Se essa expectativa for confirmada, o consumidor continuará pagando cerca de R$ 10 o quilo.
Para o arroz, o horizonte é mais sombrio. Com a quebra da última safra, estimada em 16%, muitos produtores ficaram descapitalizados e ameaçam encolher as áreas de plantio. "Em algumas regiões, as perdas foram quase totais. Muitos tiveram problemas financeiros e não conseguiram até agora renegociar suas dívidas. Calculamos que 50% dos produtores do Estado não têm garantias para oferecer aos bancos oficiais e conseguir o crédito de custeio agora", afirma o diretor técnico do Irga (Instituto Rio-grandense de Arroz), Maurício Fischer. Os gaúchos respondem por cerca de 70% da produção nacional e o Irga calcula que o plantio ocupará os mesmos 1,1 milhão de hectares dos últimos anos.
Fischer diz que, assim como ocorre com o feijão, o mercado de arroz é "imaturo" e apenas poucas indústrias oferecem operações de barter para custear o plantio. "Sem mercado futuro, poucas indústrias e fornecedores de adubos oferecem ajuda financeira ao agricultor", afirma ele.
Supermercado Moderno
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