Tuesday, August 06, 2013

GPS disputa painel dos carros com aplicativos

Quando os filhos de Tim Nixon estão de carro e querem saber como chegar a algum lugar, eles grudam seus iPhones no para-brisa com uma ventosa e acionam um aplicativo de mapas que pode ser baixado gratuitamente da internet. Para o pai, isso é sinal de um problema. Como diretor de tecnologia do serviço OnStar, da General Motors (GM), Nixon vende sistemas de navegação por US$ 1,5 mil ou mais. "Sempre tivemos esses sistemas de navegação embutidos a bordo", diz ele. "Mas isso deixará de ser uma vantagem."
Desde que o governo dos Estados Unidos passou a oferecer um excelente sinal de GPS para a população, no ano 2000, fabricantes de sistemas de navegação como OnStar, Garmin e TomTom vêm tendo um tremendo sucesso. Um em cada quatro carros vendidos nos EUA hoje tem um sistema de navegação, segundo a consultoria IHS Automotive, cuja estimava é que as instalações desses dispositivos no mundo somarão 13,8 milhões neste ano. Ao agrupá-los a opcionais caros como assentos de couro, teto solar e sistemas de som sofisticados, as montadoras cobram de US$ 500 a US$ 2 mil a mais pelos sistemas de navegação.
Empresas como a Garmin vendem isoladamente seus produtos por preços que chegam às centenas de dólares, mas seja qual for o preço, os dispositivos de GPS estão vulneráveis aos aplicativos para smartphones e tablets, que são mais fáceis de ser atualizados, conseguem fornecer mais informações sobre o tráfego e, em muitos casos, são gratuitos. As fabricantes de dispositivos e montadoras lutam para tornar seus produtos mais adaptados à internet e para produzir aplicativos competitivos.
Os downloads de aplicativos de mapas nos EUA aumentaram 11% em maio frente ao mesmo período do ano passado, para 79,1 milhões, colocando-os entre os aplicativos mais usados, segundo dados da empresa de pesquisas de mercado comScore. "Os smartphones e os softwares estão ficando tão avançados que estão mudando o comportamento do consumidor de uma maneira profunda", afirma Andrew Lipsman, um analista da comScore. "Assim, categorias que há poucos anos cresciam, de repente têm um novo concorrente."
A maioria dos sistemas de navegação embarcados em automóveis não tem conexão com a internet. Eles usam dados de GPS para orientar o motorista a estabelecer uma rota com mapas pré-carregados, que podem ficar ultrapassados. "O processo de atualização dos mapas de seu carro é caro e complicado e é preciso recorrer a um revendedor", diz John Canali, que monitora os negócios de navegação da consultoria Strategy Analytics.
Os usuários do Google Maps, baseado na internet, não têm esse problema. Aplicativos para smartphones como o Scout e o Navfree também usam dados da internet e alguns incluem redes sociais: os 48 milhões de usuários da Waze, comprada pelo Google em junho, por US$ 1,1 bilhão, informam sobre congestionamentos de trânsito ou acidentes, para que os usuários possam buscar outras rotas. "O jogo mudou", diz Nixon, da OnStar, "e o padrão foi elevado por esses dispositivos que estão sempre conectados e trazem informações frescas para dentro do carro."
Neste ano, o levantamento anual da empresa de pesquisa J.D. Power & Associates mostra que 47% dos proprietários de automóveis usam aplicativos de mapas para smartphones quando estão dirigindo, frentes aos 37% do ano passado. Os donos de automóveis estão menos satisfeitos com os sistemas de navegação embutidos. "Muitos acham que seus smartphones têm melhor velocidade de processamento, pontos de interesse melhores e dados cartográficos melhores", diz Mike VanNieuwkyuk, diretor-executivo de pesquisas automotivas da J.D. Power. Quarenta e seis por cento dos donos de carros com sistemas embutidos disseram que não comprarão outro se os aplicativos de seus smartphones puderem funcionar em uma tela sensível ao toque no painel de seus carros.
A divisão OnStar da GM já oferece um aplicativo de mapas para iPhones por US$ 50, que roda na tela sensível ao toque embutida no painel do Chevy Spark, vendido por US$ 12.170. Em 16 de julho, a Garmin atualizou seu aplicativo móvel de US$ 50, lançado em 2011; a TomTom começou a vender um aplicativo parecido por US$ 36, mais uma taxa anual de UDS$ 16. As duas companhias cobram mais por atualizações de tráfego e outras funções. Em 8 de julho, a Garmin anunciou um sistema de US$ 150 que projeta as direções no para-brisa do carro, a partir da tela de um smartphone. "Percebemos que há clientes que preferem usar seus smartphones para navegação", diz Johan-Till Broer, porta-voz da companhia.
Os fabricantes de dispositivos convencionais confiam que conseguirão manter os motoristas interessados nos sistemas embutidos. A IHS estima que os sistemas de navegação estarão instalados em 32,7 milhões de automóveis até 2019, quando mais da metade dos carros americanos terão esses sistemas. Michelle Moody, gerente de marketing de tecnologia para o consumidor da Ford, e Marios Zenios, vice-presidente do sistema Uconnect, da Chrysler, afirmam que os dispositivos embutidos têm vantagens sobre os sistemas de smartphones, como a tela maior e uma conexão de GPS mais confiável, graças a uma antena montada no teto do carro. "A verdade é que nenhum dos dois é uma solução perfeita", diz Moody. "Juntos, eles podem ser a solução perfeita."
É por isso que as montadoras estão tentando se unir a empresas novatas como a Waze. "Conversamos com todos", diz Di-Ann Eisnor, diretora das operações da Waze nos EUA, acrescentando que uma companhia japonesa vai incluir o aplicativo em um de seus carros a partir do fim do ano. A executiva não quis revelar a marca. Com o acesso a dados a partir dos sistemas internos dos automóveis, Eisnor diz que algum dia a Waze poderá transmitir informações geradas pelo público sobre tempestades quando os usuários ligarem os limpadores de para-brisa de seus carros. Por enquanto, porém, o preço é um fator decisivo, diz ela. "Se você puder escolher entre pagar caro por um sistema de navegação embutido e ter de graça um aplicativo em seu iPhone, com qual dos dois vai ficar?"
Valor Econômico - 05/08/2013
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