Tuesday, July 02, 2013

Produção de pneus cai ano a ano com entrada maior de importados

Enfrentar a concorrência cada vez mais feroz dos pneus importados, vindos principalmente da China, tem sido um grande desafio para os fabricantes instalados no Brasil. A falta de competitividade é o principal problema apontado pela indústria local. De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), a produção interna vem caindo desde 2010. "O descompasso entre a expansão do mercado automotivo e a queda da fabricação de pneus corresponde às perdas de posição da indústria nacional. A importação cresce continuamente em razão de competição desigual", diz o presidente da Anip, Alberto Mayer.
Segundo a entidade, a importação de pneus (exceto duas rodas) aumentou 25,5% de janeiro a abril em relação ao mesmo período de 2012, passando de 7,7 milhões de unidades para 9,73 milhões de unidades. De acordo com a Anip, a principal origem destes importados é a Ásia, especificamente a China.
Nos primeiros quatro meses de 2013, a produção brasileira de pneus apresentou expansão de 4%, totalizando 22,3 milhões de unidades, segundo a Anip. Já o setor automotivo cresceu 17% na mesma base de comparação, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A francesa Michelin afirma que a falta de competitividade, resultante do custo Brasil, contribui para o aumento das importações. "Somos duramente afetados por diversos custos, como altíssima carga tributária, por exemplo. Além disso, a inflação somada à entrada de importados não nos permite repassar custos", afirmou ao DCI o presidente da Michelin para América do Sul, Jean-Philippe Ollier.
O executivo ressalta que a companhia tem lutado com a Anip para emplacar alguns pleitos junto do governo federal. "Na pauta, incluímos a aceleração da análise de processosantidumpinge a desoneração da carga tributária que incide sobre a cadeia de reciclagem", diz Ollier. Ele destaca ainda o trabalho conjunto com o Inmetro para assegurar qualidade aos selos brasileiros. "Temos que garantir que os produtos comercializados no País tenham um padrão mínimo de qualidade. Atualmente, não há controle e fiscalização ideais", diz.
Mayer explica que boa parte dos importados entra no País de forma irregular ou possui baixa qualidade. "Se esses produtos fossem submetidos à verificação, não receberiam aprovação do Inmetro", garante o executivo.
O presidente da Anip coloca como crucial a questão da reciclagem. A peça é um dos maiores vilões da logística reversa e, segundo Mayer, este processo possui um alto custo para a indústria brasileira, que não é compartilhado com os importados.
"Somente em 2013, o investimento das fabricantes nacionais para a destinação de pneus usados será de R$ 80 milhões. Os importados não entram nessa conta", diz Mayer. Em 2007, a Anip criou a Reciclanip, voltada para a coleta e destinação de pneus inservíveis no País dentro do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis (de 1999). A Reciclanip possui cerca de 800 pontos de coleta e realiza toda a logística reversa de pneus de marcas que fabricam no País.
"Somos obrigados a reciclar, os importadores não. Assim, estas empresas não arcam com os custos que nós arcamos", diz Mayer.
Segundo dados da Reciclanip, no primeiro trimestre de 2013, foram recolhidas pela entidade 90 mil toneladas de pneus velhos, alta de 1,5% sobre o mesmo período de 2012. "A destinação é ambientalmente correta, aprovada pelo Ibama. No entanto, muitos importadores deixam de fazer essa coleta, o que colabora para a competição desigual, além de onerar a cadeia nacional", ressalta Mayer.
Uma das maiores fabricantes, a Pirelli afirma que o mercado doméstico foi muito afetado, no início de 2013, pela forte presença de importados. "O cenário brasileiro não ajuda os produtores locais, apesar dos investimentos que têm sido realizados pela indústria no País, nos últimos anos", informou a companhia, em nota.
Mayer ressalta que cerca de 31% dos pneus produzidos no País são destinados às montadoras (mercado original) e o restante para reposição (after market). "A maioria das montadoras consome pneus fabricados localmente. Uma parte do problema está na reposição", diz.
Para o presidente da Michelin, é muito importante que os consumidores possam optar por produtos que tenham qualidade e não comprometam a segurança. "A nossa preocupação é que a concorrência seja leal", diz Ollier.
A exportação de pneus brasileiros teve queda no primeiro quadrimestre de 10,6% em relação ao mesmo período de 2012. "Estamos fazendo exatamente o contrário do que o País precisa para evitar a desindustrialização", avalia Mayer.
Diário do Comércio e Indústria - 01/072013
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