Wednesday, July 24, 2013

Constelação musical marca novos fones de ouvido

Até pouco tempo atrás, fones de ouvido não estavam na vanguarda tecnológica, nem figuravam na lista dos objetos de desejo do consumidor. Na maioria das vezes, era suficiente o modelo simples que vinha gratuitamente na caixa do telefone celular ou - voltando ainda mais no tempo - com os aparelhos de CD portáteis, a exemplo do velho Discman, da Sony.
Agora, a situação é diferente. Os fones de ouvido tornaram-se acessórios de moda, e além de exibir recursos tecnológicos avançados, trazem estampadas marcas próprias. Companhias especializadas em áudio como Sennheiser e Audio-Technica continuam sendo referências na área, mas os aparelhos que mais chamam a atenção do consumidor levam o nome de ícones da música internacional, independentemente de quem os fabrica.
Os modelos mais conhecidos são da linha Beats By Dr. Dre, facilmente identificáveis pelo "b" minúsculo que aparece na lateral. Se você não sabe, Dr. Dre é um rapper e produtor musical americano que se aventurou no mundo dos eletrônicos de consumo ao criar a Beats. Ele foi pioneiro, mas hoje não está sozinho. Outros rappers famosos, como Jay-Z, 50 Cent e Ludacris, acabaram entrando na onda, todos com sucesso na empreitada.
O visual dos rappers é facilmente reconhecível. Bandanas na cabeça, calças largas e caindo da cintura - às vezes revelando mais que o necessário - e o que se convencionou chamar de "bling-bling", expressso por cordões enormes no pescoço, além de pulseiras e anéis gigantes. Nos fones de ouvido, o hip-hop consagrou o uso de fones grandes, no estilo "cobertor de orelha", com cores chamativas e desenhos extravagantes.
A aceitação desses fones de ouvido - cujos preços superam facilmente os US$ 100 - atraiu artistas de outros gêneros musicais. A banda de rock inglesa Motorhead e o cantor country Tim McGraw lançaram seus próprios produtos. Até quem já se foi acabou associado à moda. O músico jamaicano Bob Marley, morto em 1981, ganhou uma linha de equipamentos de áudio com seu nome, a House of Marley. Cada modelo da marca foi batizado com o título de uma música do cantor.

A profusão de nomes famosos no mercado de headphones é tão grande que deu origem a uma categoria - os aparelhos ficaram conhecidos como os fones de ouvido das celebridades. Essa estratégia, de associar um produto à imagem de um ícone, não é nova e nem sempre obtém os resultados esperados. Mas no caso dos fones de ouvido, os números mostram que foi um tiro certeiro.
De acordo com a empresa de pesquisa NPD, os fones de ouvido das celebridades impulsionaram o segmento mais sofisticado do mercado americano no ano passado. Em 2012, as vendas de fones mais caros cresceram três vezes naquele país. O ritmo é muito mais acelerado que o do mercado americano em geral, cujas vendas aumentaram 33%, passando de US$ 1,8 bilhão para US$ 2,4 bilhões. Para comprar um fone de celebridade, o consumidor americano desembolsa entre US$ 100 e US$ 400.
No Brasil, onde os modelos das celebridades são todos importados, os preços são ainda mais salgados. Um modelo da Beats pode custar até R$ 2 mil. A compra desses aparelhos no país também requer um cuidado especial. Há muitas falsificações à venda. Vale a orientação: se o preço estiver muito abaixo da média, é melhor desconfiar e não levar o produto.
Os headphones dos famosos apresentam avanços tecnológicos genuínos, principalmente no que se refere à qualidade do som, um dos principais motivos citados pelos consumidores americanos para pagar mais por esses produtos, segundo a pesquisa da NPD. Os modelos com assinatura dos rappers apresentam, em geral, reforço nos sons graves, que são marcantes nesse tipo de estilo musical. É a famosa batida do hip-hop. Na mesma linha, os acessórios ligados à banda Motorhead exibem sons médios acentuados, que dão mais corpo ao rock do grupo.
Alguns modelos também acrescentam comodidades à vida do usuário. Há linhas que dispensam o uso de fios ao adotar a tecnologia Bluetooth. Quem pode se dar ao luxo de trabalhar ouvindo música ou prefere criar sua própria trilha sonora enquanto malha, em vez de ouvir o som ambiente, encontra versões com um sistema de cancelamento de ruído, que anula interferências externas.
Os fones de ouvido ganharam importância com a adesão crescente do público a dispositivos específicos cada vez menores e mais eficientes, como o iPod, da Apple, e com o uso dos smartphones como aparelho móvel de música. Empresas de vários setores, incluindo fabricantes de celulares e operadoras de telefonia, passaram a investir em lojas on-line de música nas quais as compras são feitas facilmente.
Os serviços de streaming - pelos quais é possível ouvir música sem comprar as faixas, como numa rádio virtual - também ganharam espaço no mercado, por conta do preço. Com uma assinatura mensal, é possível ouvir um número praticamente ilimitado de canções. Basta ter uma conexão à internet.
Todas essas mudanças alteraram a maneira como as pessoas ouvem música. Se antes isso ocorria principalmente em casa, nos momentos de folga, hoje não há limites. É só olhar ao redor: há pessoas ouvindo música enquanto andam na rua, nos restaurantes, no transporte público, à mesa do escritório. Os fones de ouvido acompanharam essa mudança, tornando-se tão sensíveis à moda - e ao marketing - como qualquer peça de roupa. Nas revistas e nos sites de moda é fácil encontrar personagens públicos ostentando seus fones. O jogador de futebol Neymar já foi clicado com vários modelos da Beats.
Esse apelo ficou claro na pesquisa da NPD nos EUA: 38% dos entrevistados disseram que os fones fazem parte de seu estilo de vida e uma em cada quatro pessoas afirmou que o acessório precisa ter um apelo fashion.
Valor Econômico - 23/07/2013
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