Monday, March 04, 2013

Grendene investe em nova fábrica

Após ano de resultados recordes, a fabricante de calçados Grendene decidiu tirar da gaveta projeto de uma nova fábrica de sapatos e outro de diversificação dos negócios. A calçadista vai abrir uma subsidiária de móveis de plástico, em sociedade com o publicitário Nizan Guanaes, o banqueiro André Esteves e o designer francês Philippe Starck.
A nova fábrica, em Sobral (CE), demandará desembolso de R$ 60 milhões e ficará pronta em agosto, com capacidade para produzir 40 milhões de pares ao ano.
O projeto compõe o orçamento de investimentos da Grendene para o ano - entre R$ 120 milhões e R$ 140 milhões. Já estava previsto em 2010, mas ficou engessado em 2011 devido à retração da indústria calçadista no período. Os investimentos mais altos fizeram a Grendene reduzir de 75% para 65% a fatia do lucro destinada à distribuição de dividendos em 2013.
Pelo menos para a Grendene, a situação mudou no ano passado. A companhia conseguiu ampliar em quase 28% sua vendas brutas, para R$ 2,35 bilhões. Dona das marcas Melissa, Ipanema e Rider, entre outras, Grendene ganhou participação de mercado e aumentou a sua rentabilidade operacional (margem Ebitda) em 6,4 pontos percentuais, reflexo de melhoria nos processos de produção e diluição de despesas operacionais.
O ganho líquido alcançou R$ 429 milhões no ano, alta de 40,5%, o melhor desempenho da empresa desde a sua abertura de capital em 2004, diz Francisco Schmitt, diretor financeiro e de relações com investidores da Grendene.
A calçadista fabricou 185 milhões de pares em 2012 e chegou perto da sua capacidade máxima - 200 milhões de pares. "Em alguns meses já estamos com dificuldade de entregar. Estamos nos preparando para o pico de fim de ano", diz Schmitt.
A Grendene tem mais sete fábricas em Sobral, duas no Crato (CE), duas em Fortaleza (CE) e uma outra em Teixeira de Freitas (BA), a mais recente construída pela empresa, em 2007. De lá pra cá, a Grendene não fez nenhum grande investimento em expansão de capacidade e acumulou reservas. Em dezembro, tinha mais de R$ 700 milhões no caixa. "Não estávamos acumulando [caixa] para ganhar no financeiro, mas sim porque a demanda era fraca e tínhamos capacidade ociosa", afirmou.
Em paralelo à expansão de capacidade, a Grendene entrará em uma nova categoria de produto. Com 42,5% do capital total e 50,1% do votante, a Grendene vai controlar uma empresa de móveis fabricados com plástico, matéria-prima de boa parte dos seus sapatos. A ABCDEFGHI Participações, de Nizan Guanaes, o fundo Santana, de André Esteves, e o designer Philippe Starck serão minoritários.
O negócio tem investimento inicial de R$ 52 milhões, dos quais R$ 22 milhões partirão da Grendene. A gestão da empresa, que pode alcançar faturamento de R$ 100 milhões em dois anos, será compartilhada entre a calçadista e Starck, que assinará as peças. Por enquanto, a fabricação será terceirizada.
Schmitt não detalha a estratégia comercial da empresa, mas diz que os móveis estarão no mercado ainda este ano com "preço bastante competitivo" e apelo entre os consumidores da classe média.
A Grendene negocia, em fase avançada, a criação de nova grife internacional de calçados em parceria com Philippe Starck. Se vingar, o negócio terá potencial para alcançar faturamento de US$ 100 milhões em quatro ou cinco anos. Não seria a primeira vez que a Grendene trabalha com designers internacionais. A empresa já fez parceiras com Jason Wu, Vivienne Westwood, Jean Paul Gaultier, Karl Lagerfeld e o próprio Starck.
O lançamento da grife está alinhado à estratégia de ampliar exportações de produtos de maior valor agregado. Em 2012, o faturamento com exportações subiu 44,1%, para R$ 514 milhões. O valor representa 22% das vendas brutas da empresa, maior exportadora de calçados do país em volume de pares.
Valor Econômico
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