Friday, October 18, 2013

Com PCs em queda, Lenovo estuda comprar a BlackBerry

A Lenovo Group Ltd. estuda fazer uma oferta pela totalidade da BlackBerry Ltd., a fabricante canadense de smartphones em dificuldades, segundo pessoas a par do assunto, no mais recente sinal do apetite voraz de empresas chinesas por aquisições internacionais.
A fabricante chinesa de computadores pessoais e smartphones assinou um acordo de "confidencialidade" que lhe permite analisar os dados financeiros da BlackBerry, disse uma das pessoas.
Porta-vozes da BlackBerry e da Lenovo, que é a maior fabricante de PCs do mundo, não quiseram comentar.
Se for concretizado, o acordo entre a Lenovo e a BlackBerry estaria entre as maiores e mais notáveis aquisições de uma firma ocidental por uma chinesa e destacaria, mais uma vez, o desejo de empresas da segunda maior economia do mundo de se tornar jogadores de peso no Ocidente, onde podem adquirir conhecimento industrial e mais produtos para vender aos seus consumidores.
No mês passado, a Shuanghui International Holdings Ltd. concluiu a compra do frigorífico americano Smithfield Foods Inc. por US$ 4,7 bilhões, a maior aquisição de uma empresa dos Estados Unidos por uma chinesa.
Mas caso a Lenovo vá adiante com um oferta para comprar a BlackBerry, algo ainda bastante incerto, ela certamente enfrentará análises dos governos do Canadá e EUA. As ofertas pela BlackBerry devem ser apresentadas até 4 de novembro, de acordo com uma pessoa familiarizada com o processo de venda.
A BlackBerry é a fornecedora de 470.000 dos 600.000 smartphones usados pelo Departamento de Defesa dos EUA, de acordo com um porta-voz do Pentágono. Ao todo, mais de 1 milhão de aparelhos BlackBerry eram utilizados por funcionários dos governos federal e estaduais dos EUA até o fim de 2012, segundo a empresa. O presidente Barack Obama já foi visto com um BlackBerry, mas a Casa Branca não confirmou se ele continua usando o aparelho.
Um porta-voz do Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA, que provavelmente revisará uma compra da BlackBerry pela Lenovo, não quis comentar. Um porta-voz do ministro da Indústria canadense James Moore - responsável pela aprovação de qualquer oferta liderada por uma empresa estrangeira que possa surgir pela BlackBerry -, disse que o governo está ciente que a fabricante de smartphones está explorando uma venda, mas se recusou a comentar sobre o processo ou "especulações" sobre possíveis compradores.
Ao mesmo tempo, a Lenovo é bem conhecida em Washington. Em 2005, ela comprou a divisão de computadores pessoais da International Business Machines Corp., a IBM, por US$ 1,25 bilhão - na época, uma das maiores aquisições já feitas por uma empresa chinesa. Desde então ela já fez vários negócios menores que exigiram aprovação do governo americano. Em junho, a Lenovo abriu uma fábrica no Estado da Carolina do Norte. Mais de um terço de seus doze principais executivos são ocidentais, segundo o site da empresa.
A BlackBerry pode se aventurar a tolerar um pouco de oposição política e um processo de avaliação prolongado para ser recompensada com um preço mais alto, diz Jeff Bialos, advogado e ex-assessor do Departamento de Estado dos EUA. "Se todos os fatores forem iguais, [a BlackBerry ] preferiria ser vendida para uma compradora americana", diz Bialos. "A China seria escolhida pelo valor mais alto."
Em 2012, a Lenovo gastou US$ 110.000 em lobby nos EUA, de acordo com a OpenSecrets.org. Em 2011, foram US$ 480.000. Ambas as somas são relativamente modestas em comparação com outras grandes empresas de tecnologia. A Hewlett -Packard Co., por exemplo, gastou US$ 7,2 milhões em lobby em 2012.
Quanto ao Canadá, atualmente qualquer proposta de uma firma estrangeira para adquirir uma empresa do país superior a 344 milhões de dólares canadenses (US$ 334 milhões) requer uma análise do governo para ver se o negócio vai gerar um "benefício econômico líquido", ou causar algum risco de segurança para o país.
O governo conservador do Canadá rejeitou três propostas de aquisições de ativos do país por empresas estrangeiras desde que assumiu o poder no início de 2006. Mas no ano passado, aprovou um acordo de US$ 15,1 bilhões pelo qual a estatal chinesa Cnooc Ltd. comprou a empresa de exploração de petróleo em areias betuminosas Nexen Inc.
A Lenovo enfrentaria competição pela BlackBerry, que em agosto se colocou oficialmente à venda, depois de anos perdendo mercado para rivais como Apple Inc. e Samsung Electronics Co.
No mês passado, a BlackBerry chegou a um acordo preliminar de aquisição por US$ 4,7 bilhões pela Fairfax Financial Holdings Ltd., seguradora canadense que já é uma das maiores acionistas da empresa. A firma de private equity Cerberus Capital Management LP, que assinou um acordo de confidencialidade, e os fundadores da BlackBerry Mike Lazaridis e Doug Fregin, também consideram ofertas.
Ao contrário de algumas grandes empresas chinesas, a Lenovo, de capital aberto, não é estatal. Um relatório deste ano da firma de pesquisas IDC mostrou que ela se tornou a maior fabricante mundial de PCs no segundo trimestre, superando a Hewlett-Packard, enquanto as vendas no setor como um todo caíram 12% em relação a um ano antes.
Mesmo assim, as vendas de PCs da Lenovo também vêm caindo, e a empresa indicou que está tentando ampliar seus negócios de smartphones para conseguir outra fonte de crescimento.
Valor Econômico - 18/10/2013
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