São Paulo - Diferente do varejo, que estima perdas bilionárias nos ganhos em função dos feriados neste ano, as empresas de turismo comemoram a possibilidade de injeção de até R$ 10,9 bilhões no setor. Apesar da perspectiva positiva, agências de viagens sinalizam a necessidade de organizar os pacotes para que os dias de lojas fechadas por conta do calendário não atrapalhe o faturamento.
"Na ótica do Ministério do Turismo a expectativa é maior, e cerca de R$ 20 bilhões", disse ao DCI o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo (ABAV-SP), Marcos Balsamão. De acordo com o executivo, as operadoras estão preparadas com produtos acessíveis e a expectativa é que o brasileiro não deixe de viajar por conta da recessão. "Ele incorporou as viagens no orçamento e pode gastar menos, mas não deixa de ir. Diante disso, as operadoras se prepararam com pacotes que cabem no bolso."
"Depois de um ano complicado, esperamos que 2017 seja melhor. Acreditamos que o setor possa ter alta entre 5% e 6% no ano", acrescenta Balsamão. De acordo com o executivo, com a crise econômica e a oscilação do dólar nos últimos dois anos, as viagens domésticas ganharam força e um número maior de feriados deve ajudar a aproveitar a demanda aquecida. "Antes a participação nas vendas era 60% viagens internacionais e 40% domésticas, atualmente isso está invertido e em 2017 deve se manter", comenta.
Apesar do cálculo divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), de que o varejo deve deixar de ganhar cerca de R$ 10,5 bilhões por conta das datas, o executivo ressalta que é importante lembrar que os feriados ajudam na descentralização da movimentação financeira, beneficiando outras cidades turísticas. "As entidades vão ter que sentar e conversar e ver como o varejo poderia participar disso, porque também existe o gasto do turista", ressalta.
Contrapartida
Mesmo atento às oportunidades com feriados em 2017, na opinião do vice-presidente de vendas, produtos e marketing da CVC, Valter Patriani, é necessário destacar que o excesso de feriado nem sempre é positivo. "É evidente que a venda para o feriado é maior, mas na contrapartida você tem um horário mais limitado no comércio [assim como as agencias de turismo]", conta.
Segundo ele, as vendas são melhores que o normal, "mas não são tão mais altas, porque tem que ser descontado o movimento menor na própria data", diz. No caso da CVC, muitas lojas ficam em centros de compras, o que ajuda, mas no caso de unidades que ficam na rua o desempenho é mais impactado por não funcionar em nenhum horário. "Em shopping centers o horário limitado, mas pelo menos fica das 14 horas às 20 horas."
Além disso, o executivo acrescenta que é necessário ter muito cuidado na hora de trabalhar os pacotes para as datas, levando em consideração que as pessoas não viajam em todos. "Elas acabam postergando a decisão e demoram mais para comprar, pois não sabem quando vão viajar ou terão folga. o consumidor perde o foco", coloca.
É por isso que a companhia deverá focar nos feriados mais longos. "Nos mais longos, o consumidor consegue diluir o preço da passagem e o gasto por dia fica menor", afirma Patriani lembrando que o preço das passagens na véspera do feriado aumenta, por conta da alta da demanda.
Segundo ele, nos feriados curtos as pessoas tendem a optar por destinos muito próximos e de tíquete médio menor, já que o consumidor tem outras opções de transporte. Outra tendência apontada pela CVC são os pacotes de uma semana. "Como tem dois feriados seguidos, acreditamos que algumas pessoas consigam emendar para viajar. Apostamos nisso", esclarece.
DCI
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