Friday, November 25, 2016

Startups invadem o agronegócio brasileiro

São Paulo - O investimento em tecnologia no campo não é novidade. Produtores e empresas estão sempre em busca de soluções para facilitar e aprimorar o trabalho. Agora, além das companhias tradicionais, as startups também se voltam para o agronegócio, setor com o melhor desempenho na economia brasileira.
Somente nos últimos cinco anos, a expansão das startups do agro, chamadas de agrotech, foi de 70%. Conforme o coordenador do Comitê Agrotech da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Alexandre Bio Veiga, os investimentos no setor primário têm como principal motivação os números positivos. "O movimento ainda é tímido no Brasil, mas o cenário está mudando", garante Veiga.
As agrotechs, seguem os mesmos princípios das demais - empresas inovadoras associadas à tecnologia. Embora sejam investimentos de risco, as companhias têm atraído jovens com perfil empreendedor e que buscam autonomia. Segundo dados da ABStartups, são 4.180 empresas cadastradas no país, sendo 212 no Rio Grande do Sul, o quarto colocado no ranking nacional. No agro, há 23 empresas, mas há outras áreas relacionadas, como meio ambiente (14), por exemplo.
Ao contrário dos produtos desenvolvidos para o segmento urbano, no agronegócio a criação é feita a partir de uma demanda específica. É o caso da Aegro, startup gaúcha que desenvolveu um software de gestão voltado às lavouras. O pontapé inicial se deu a partir da necessidade do agrônomo e sócio da companhia, Valmir Menezes. Ele precisava de um sistema que pudesse substituir os dados compilados nas planilhas de Excel em informação. Ao conversar com os jovens Pedro Dusso, 28, Paulo Silvestrin, 27, Francisco Borja, 28, e Thomas Rodrigues, 27, decidiram criar o projeto.
"Com nosso produto, o cliente diminuiu o tempo de planejamento da safra. Antes demorava de duas a três semanas. A agora leva apenas três dias", comenta Dusso, CEO da Aegro.
Conforme verificavam as necessidades, aprimoraram o sistema. Hoje, é possível cadastrar a área produtiva, as atividades executadas, o tempo para isso e a comparação do planejamento inicial com o resultado, por exemplo.
As soluções levaram a Aegro a ser premiada pelo SAP Hana Innovation Award 2016, na Flórida, Estados Unidos, um dos principais em nível mundial. Ficaram em segundo lugar na categoria Next Generation Apps, superando grandes marcas, como Intel e Reuters.
Mas nem tudo são flores no universo das startups. Embora o mercado seja crescente, cerca de 90% das empresas deixam de existir até o segundo ano de vida.
"Isso ocorre porque a startup não consegue provar que o modelo de negócio é adequado para aquele público e momento", explica Veiga, da ABStartups. O problema foi enfrentado pela Checkplant, de Pelotas. Em 2003, quando foi fundada, a marca desenvolveu um software que rastreava frutos desde a produção, processamento, até a saída da fábrica. Apesar de comprovarem a eficácia, os clientes locais não eram atraídos pelo produto, elaborado por André Cantarelli e Alexandre Fachinelo. Mas a dupla não se intimidou e partiu em busca de clientes em outras regiões.
"Acreditamos no projeto e apresentamos para produtores do Vale do São Francisco, na cidade de Petrolina (PE), que tinha como foco a uva de mesa para exportação", detalha Cantarelli, diretor-geral da empresa gaúcha.
O resultado foi a criação de softwares de gerenciamento - denominado caderno de campo - e de rastreabilidade e estoque - chamado checktracing. Os clientes da região acabavam contratando os dois serviços. A experiência motivou os sócios a desenvolverem outros aplicativos. A expectativa é ampliar a base de clientes entre 100% e 150% neste ano e, para 2017, a meta é dobrar os resultados de 2016.
"O Brasil é uma potência do agronegócio. Hoje, o agricultor é um cara high tech, mas ainda carente da inovação das startups", diz Maikon Schiessl, que coordena o comitê de Agtech da ABStartups.
Uma das empresas é a Agrosmart, que quer usar a tecnologia para melhorar a eficiência de irrigações - a promessa é economizar até 60% da água utilizada hoje. Para isso, a empresa usa sensores inteligentes no meio das plantações, metereologia e imagens de satélite, explica Mariana de Vasconcelos, sócia-fundadora da companhia.
Filha de produtores de milho em Itajubá (MG), Mariana percebeu o potencial de sua ideia em setembro de 2014, durante a crise hídrica que abateu a região Sudeste.
DCI
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