Monday, September 21, 2015

Russa PhosAgro planeja joint venture para crescer no mercado brasileiro

A companhia russa PhosAgro, uma das maiores produtoras de fertilizantes da Europa, está considerando fazer joint venture, ter instalação portuária e outras opções para expandir seu negócio no Brasil - seu principal mercado comprador - e na América Latina.
Em entrevista ao Valor em Moscou, o presidente executivo da empresa, Andrey Guryev, disse que uma equipe da companhia está em São Paulo para abrir um escritório de vendas neste ano, o que não tem sido fácil pelo fato de a burocracia brasileira ser complicada até para os padrões russos.
Segundo ele, uma joint venture deve inicialmente ser focada na melhora da distribuição dos produtos da PhosAgro. Já a ideia de ter uma instalação portuária pode passar por participação em concessões que o governo brasileiro colocará em leilão em breve, por exemplo. "Nossa equipe que está no Brasil examina todas as possibilidades", disse.
Conforme o executivo, a PhosAgro não tem problemas de capital, apesar da situação frágil de companhias russas no momento. A razão é que dois terços de sua receita são em moeda forte, com vendas ao exterior. E mesmo com as sanções dos EUA e da Europa à Rússia, a empresa mantém acesso ao mercado internacional. "O que mudou foi que o crédito ficou ligeiramente mais caro", disse. Hoje, o financiamento de cinco anos tem taxa de juro de 4,5% comparado a 3,7% antes de 2014.
O Brasil é o principal importador global dos fertilizantes da Rússia. Em 2014, do total de US$ 3 bilhões de importações originárias do país, 60% foram de fertilizantes. Só a PhosAgro exportou 1,2 milhão de toneladas em 2014 ao Brasil. Esse volume representa quase 25% do total exportado globalmente pela companhia, e equivale a US$ 500 milhões. Desde 2010, as vendas da empresa para o mercado brasileiro aumentaram 2,5 vezes, tanto de produtos tradicionais de nitrogênio, fosfato e complexos, como fertilizantes especialmente desenvolvidos para culturas de soja, cana e café no país.
Mas Guryev admitiu que o negócio com o Brasil tem desafios. Este ano os russos veem um forte declínio na demanda de importação. A Índia, que aumentou em três vezes suas compras comparado a 2014, superou o Brasil como o maior comprador. "Essa é uma situação temporária, e o Brasil continuará sendo nosso maior cliente e é prioridade para nós", disse.
Uma das razões da queda das importações do Brasil é a falta de crédito, disse. Guryev negocia com Moscou para a Exiar, a agência russa de exportação e importação, aumentar o limite de seguro para as companhias venderem mais ao Brasil.
Além disso, segundo ele, o mercado de fertilizantes está pressionado. "A desvalorização da moeda no Brasil e na Índia coloca pressão sobre a demanda. O real desvalorizou mais de 35% contra o dólar desde o começo do ano. E isso pode afetar o preço dos fertilizantes também". Para Guryev, "os preços de fertilizantes minerais no Brasil tendem a crescer a taxas menores porque commodities como soja e milho estão nos seus mais baixos níveis em 5 a 6 anos". Essa "correção" nos preços, de toda maneira, tende a estimular o consumo, com produtores podendo acelerar seus estoques nos próximos meses.
Para a PhosAgro, subsídios nos juros para agricultores comprarem equipamentos e fertilizantes diretamente dos produtores poderia ser positivo no Brasil. "Atualmente os subsídios não são diferenciados, o que coloca vários intermediários no mercado, aumentando custos para importações e para o consumidor final", disse.
Além da desvalorização do rublo, a PhosAgro tem sido beneficiada pela demanda da Índia. A empresa elevou em 10% as vendas globalmente no primeiro semestre. E espera impulso adicional nos próximos dois a três anos com a proibição de importação de produtos agrícolas dos EUA e da União Europeia. Isso deve estimular a produção da Rússia e aumentar a demanda local por adubo.
Valor Economico
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