Brasil Kirin faz ajustes na operação

A Brasil Kirin, empresa do grupo japonês Kirin e dona de marcas como Schin, Baden Baden, Devassa, Cintra e Eisenbahn, fez novos ajustes na operação para melhorar seu desempenho. A companhia fez um corte de aproximadamente 250 pessoas, ou 2% da sua mão de obra total (de 11 mil pessoas) e reformulou a linha de refrigerantes Schin Refri, que agora levará a marca Viva Schin.
Em nota, a Brasil Kirin informou que as demissões foram realizadas devido à sazonalidade do setor de bebidas, que tem desempenho mais fraco no inverno. "Devido à sazonalidade do setor, é necessário haver, em alguns períodos do ano, variações no quadro de funcionários da empresa", informou a nota.
A Brasil Kirin apresentou resultados abaixo da média do mercado no primeiro semestre. De janeiro a junho, registrou queda de 18,7% nas vendas no Brasil, para 71,8 bilhões de ienes (R$ 1,78 bilhão), de acordo com o balanço do grupo Kirin. O prejuízo operacional da empresa brasileira foi de R$ 109,3 milhões, perda 12,8% maior do que a registrada no primeiro semestre de 2014.
No mesmo período, a Ambev registrou queda de 3,9% no volume de vendas no Brasil, mantendo sua participação de mercado de 68,4%. O Grupo Petrópolis, segunda maior cervejaria no país, informou que também manteve sua participação de mercado de 13,2%. A Heineken relatou um crescimento de dois dígitos em vendas no Brasil, mas não informou sua participação atual. De acordo com dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) da Receita Federal, a produção de cerveja no país caiu 6,8% no semestre.
Por conta do resultado no semestre, a Kirin reduziu a projeção para o desempenho no Brasil em 2015. O grupo espera uma queda de 17,7% em receita no ano. A previsão anterior era de uma retração de 9,9%. O grupo prevê lucro operacional zero no Brasil no ano. A previsão anterior era de um lucro de R$ 35,9 milhões.
A Brasil Kirin já havia feito uma reestruturação em 2014, que incluiu cortes em fábricas do Nordeste e na fábrica de Itu (SP) e a substituição de três vice-presidentes. Em julho deste ano, a companhia inaugurou uma fábrica em Igarassu (PE), com investimento inicial de R$ 400 milhões.
Caio Moreira, analista do Banco Fator, ponderou que Ambev e Heineken tiveram desempenho melhor no primeiro semestre devido ao foco em vendas de cervejas de maior valor agregado. "O principal negócio da Brasil Kirin não é cerveja premium", disse o analista. Ele acrescentou que a Ambev reforçou a distribuição direta, o que lhe garante maior controle nos preços, e ampliou a distribuição para hipermercados, atacarejo e outros estabelecimentos de autosserviço.
"A Brasil Kirin tem uma operação mais tímida em autosserviço, o que também dificulta uma reação, no momento em que os consumidores ampliam o consumo de cerveja em casa", disse Moreira.
Como parte da estratégia para recuperar mercado, a Brasil Kirin anunciou a mudança da marca de refrigerantes Schin Refri para Viva Schin. Os produtos terão novas embalagens e uma campanha mais voltadas ao público com menos de 30 anos de idade. "A companhia viu a necessidade de reformular a marca para acompanhar a evolução dos consumidores brasileiros", disse Bruno Piccirello, gerente de marketing da Brasil Kirin.
De acordo com o executivo, em torno de 40% da produção da Brasil Kirin é de bebidas não-alcóolicas. A linha de refrigerantes responde por pouco mais de 20% do negócio da companhia. A Brasil Kirin não informa o valor investido no lançamento da nova marca, nem dá previsão de vendas. Piccirello disse apenas que espera um desempenho parecido com o mercado, que de janeiro a junho, acumulou queda de 5,7%.
As linhas da Viva Schin incluem refrigerantes nos sabores guaraná, laranja, limão, citrus e uva, com opções zero açúcar e versões que variam de 237 mililitros a 2 litros. A divulgação da nova marca será feita com peças publicitárias para TV, rádio e internet. Como parte da campanha, a marca vai patrocinar o novo programa da apresentadora Xuxa Meneghel na TV Record. As linhas estão em fase de produção e chegam ao varejo em setembro.