Thursday, July 02, 2015

Cai produção de cerveja e refrigerante

Como já era esperado pelo mercado, o setor de bebidas registrou piora no desempenho no segundo trimestre do ano, concluído ontem. As causas principais são a retração do consumo, a tendência de substituição dos refrigerantes por outras bebidas com menos açúcar e sódio e uma base de comparação alta, pois em 2014 as vendas cresceram em função da Copa do Mundo da Fifa, realizada no Brasil.
Para algumas entidades do setor, o mercado ainda vai apresentar resultados ruins em julho, sobretudo pelo desequilíbrio comparativo, e uma eventual recuperação é esperada somente para o quarto trimestre.
Dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) da Receita Federal mostram que a produção de cerveja somou 6,5 bilhões de litros no primeiro semestre - uma queda de 6,8% em relação a igual intervalo de 2014. Na comparação com o mesmo período de 2013, houve avanço de 3,8%.
No segundo trimestre de 2015, a produção de cerveja somou 2,89 bilhões de litros, um recuo de 10% sobre o mesmo período do ano passado. O volume foi muito próximo ao produzido no segundo trimestre de 2013 (ano sem Copa).
No caso dos refrigerantes, o cenário não é melhor. A produção de janeiro a junho foi de 7,1 bilhões de litros, o que representa uma retração de 5,7% em comparação ao mesmo intervalo do ano passado. Este foi o pior resultado para o primeiro semestre em produção de refrigerantes desde 2011.
Considerando apenas o segundo trimestre, a produção de refrigerantes no país totalizou 3,29 bilhões de litros, equivalente a uma queda de 6% frente ao mesmo período de 2014.
Paulo Petroni, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), já havia alertado para a possibilidade de quedas mais expressivas no segmento em junho e julho. E observou que existia um risco de demora na retomada da economia como um todo, por conta das discussões prolongadas no Congresso sobre as propostas de ajuste fiscal.
A lentidão, porém, acabou sendo positiva para a indústria de refrigerantes. Na semana passada, a Câmara dos Deputados derrubou a proposta de mudança na tributação sobre fabricantes de refrigerantes e concentrados instalados na Zona Franca de Manaus. A emenda previa reduzir de 20% para 4% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre extratos e concentrados para refrigerantes. Como as empresas que produzem refrigerantes na Zona Franca são isentas de IPI, elas recebem créditos tributários equivalentes a 20% do valor de venda para outras regiões. A mudança reduziria em 80% os créditos obtidos pelas companhias e geraria para o governo uma arrecadação de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões.
Ambev, Coca-Cola, Brasil Kirin e Pepsico mantêm fábricas na Zona Franca de Manaus para a produção de extratos e concentrados. Praticamente 90% da produção de refrigerantes no país é feita com concentrados processados na região.
Alexandre Jobim, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir), disse que todas as empresas de refrigerantes compram concentrados de Manaus e que a mudança tornaria ainda pior o cenário para o negócio. "O setor apresentou quedas importantes na primeira metade do ano. Para o segundo semestre, pode haver uma redução na queda acumulada, mas ainda é preocupante", afirmou. O executivo também considera que pode haver melhora no desempenho do setor quando o mercado consumidor começar a reagir positivamente ao ajuste fiscal do governo.
Mesmo com esse cenário, a Ambev - única empresa de bebidas com ações na BM&FBovespa - manteve desempenho acima do Ibovespa no primeiro semestre do ano. As ações da companhia acumularam alta de 19,3% no período, ante valorização de 6,14% do principal índice da BM&FBovespa, que fechou em 53.081 pontos.
Apenas no segundo trimestre, os papéis da Ambev subiram 4,03% (o Ibovespa subiu 3,77%). A companhia já demonstrou nos primeiros três meses do ano que conseguiu ampliar as vendas de cervejas de maior valor agregado, tornando a sua receita por hectolitro mais alta. Além disso, a empresa tinha perspectiva de reduzir as despesas com marketing no segundo trimestre em relação a igual intervalo de 2014, já que não teria os gastos adicionais relacionados à Copa.
A expectativa dos analistas é que a Ambev apresente ganho nas margens de lucro de abril a junho e, possivelmente, aumento de participação no mercado local sobre a Brasil Kirin, que perdeu espaço.
Valor Economico
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