O setor de bares e restaurantes, que reúne cerca de 1 milhão de estabelecimentos no país, tenta fazer com que o governo federal reveja a decisão de aumentar a carga tributária sobre cervejas e refrigerantes a partir de 1º de junho. Se não conseguir, "para tentar recuperar um pouco a nossa margem, teremos que aumentar o preço final do produto, pelo menos, de 10% a 12%", disse ontem Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
A nova tabela de referência de preços para pagamento de IPI, PIS/Cofins, deve começar a vigorar em 1º de junho. "Não estamos recebendo ainda tabelas novas de preços das fabricantes. Queremos que o governo reveja essa decisão. Mas se o aumento vier, as empresas vão repassar e os bares e restaurantes vão ser os vilões da Copa", disse Solmucci. As vendas de bebidas equivalem de 40% a 60% do faturamento de bares e restaurantes.
Ele deu alguns exemplos de aumentos de carga tributária, segundo medida anunciada pela Receita Federal em 30 de abril: "A cerveja Caracu veio com aumento de imposto de 400%, a Coca-Cola, de 18%, o Guaraná, de 23%." As cervejas Brahma e Skol, da Ambev, terão que pagar uma carga 36% maior.
Solmucci não tem dúvidas de que a indústria repassará o aumento dos impostos. O setor de cerveja, lembrou, é dominado por quatro empresas, sendo que a maior delas, a Ambev, tem cerca de 70% do mercado. O segmento de refrigerantes é dominado pela Coca-Cola. O portfólio da PepsiCo é distribuído pela Ambev, que também está tentando reverter, em Brasília, o aumento que pode entrar em vigor em três semanas.
Solmucci procurou a Secretaria de Relações Institucionais, em Brasília, e pediu que o pleito do setor seja levado à presidente Dilma Rousseff. "Acho difícil o governo, que ainda não resolveu o problema de seus gastos correntes e ampliou verba para Bolsa Família e reajustou a tabela do IR, voltar atrás", disse o presidente da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Cristiano Melles.
Valor
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