Friday, October 11, 2013

Motos de alta cilindrada driblam crise

Diante de um mercado que cai para os níveis mais baixos em sete anos, duas estratégias se tornaram comuns na indústria de motocicletas para aliviar o impacto da crise. Por um lado, os fabricantes reforçaram posições em segmentos de alta cilindrada, menos expostos à seletividade dos bancos que derrubou as vendas das linhas mais populares. De outro, as marcas têm procurado preencher novas faixas do mercado, mesmo nas gamas de baixa cilindrada.
A Yamaha, por exemplo, entrou só no mês passado no segmento de 150 cilindradas, um dos mais populares do país. Porém, também começará a importar nos próximos meses motos de quase 1.700 cilindradas, que vão custar R$ 99 mil no mercado brasileiro.
Já a Honda, líder desse mercado com mais de 80% das vendas, também quer ter posição de hegemonia nas linhas de alta cilindrada. Sua meta é aumentar de 30% para 50% a participação nesse segmento. Ontem, durante o Salão Duas Rodas, principal mostra do setor, a Honda deu mais um passo nessa estratégia, ao apresentar sua nova gama de motos de 500 cilindradas, que será produzida em sua fábrica no polo industrial de Manaus, a maior unidade de produção do grupo no mundo. Só com essa nova linha, que começa a chegar nas lojas neste mês com preços a partir de R$ 22 mil, a marca japonesa planeja adicionar vendas de 20 mil motos por ano e chegar perto do objetivo de abocanhar metade do mercado de maior potência. O salão acontece no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona norte da capital paulista, e vai até sábado.
Junto com a ampliação do portfólio, a rede de concessionárias da Honda tem sido treinada e adaptada para atender ao público que consome esse tipo de moto. No momento, mais de 70 lojas operam dentro desse modelo, número que a marca pretende elevar para 100 em um ano.
As motos com propulsão superior a 450 cilindradas ainda são um nicho no Brasil. Neste ano, devem chegar a perto de 50 mil unidades, ou pouco mais de 3% de um mercado que caminha para fechar 2013 com mais de 1,5 milhão de motocicletas licenciadas, conforme as projeções da Abraciclo, entidade que representa o setor. Porém, é a única faixa do mercado que tem mostrado algum crescimento neste ano.
Entre janeiro e setembro, a evolução das vendas no varejo foi de 2,4%, um desempenho que, embora longe de ser fantástico, vai na contramão da queda de 10,1% do mercado de até 150 cilindradas, onde estão os maiores volumes. Em quatro anos, o consumo das motos mais potentes praticamente dobrou de tamanho no Brasil, atraindo, inclusive, investimentos de marcas premium globais. Montadoras como a italiana Ducati e a britânica Triumph Motorcycles, que no último ano passaram a montar suas motos em Manaus, projetam o Brasil entre seus cinco maiores mercados do mundo em apenas dois anos.
Também no Salão Duas Rodas, a Harley-Davidson informou que vai ampliar sua rede de concessionárias no Brasil de 15 para 22 lojas até o fim de 2014. A lendária marca anunciou que fechará este ano com vendas de 7,5 mil motos, crescimento ao redor de 10% sobre o volume de 2012.
Já a Triumph vai abrir mais cinco concessionárias e iniciar a montagem no país de, na média, um modelo a cada mês para chegar a novas regiões, ter condições de praticar preços mais competitivos e, com isso, dobrar suas vendas no mercado brasileiro para mais de 4 mil motos em 2014.
Por outro lado, as restrições colocadas pelos bancos nas liberações de crédito - incluindo um maior rigor nos dados cadastrais que dificultou a obtenção de financiamento por profissionais autônomos, muitas vezes com dificuldades para comprovar renda - vêm derrubando desde o ano passado os segmentos mais populares da indústria de duas rodas. "A baixa cilindrada ainda é quem faz nossa escala, mas, por falta de melhores condições de crédito, esse mercado está em baixa", diz o presidente da Moto Honda da Amazônia, Issao Mizoguchi.
Valor Econômico - 09/10/2013
Related products
See this news in: english
Other news
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 third floor 01452-001 São Paulo/SP