quinta-feira, 17 de novembro, 2016

Supermercados vão fortalecer inspeção de produtos vendidos

São Paulo - O setor supermercadista deve intensificação o controle e o monitoramento dos produtos que chegam às gôndolas das lojas nos próximos anos em função das novas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Atualmente, cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos são fiscalizados desde a sua produção até chegar às mãos dos clientes. O objetivo de varejistas é elevar esse número. "O trabalho de rastreabilidade dos produtos que chegam às prateleiras deve ganhar mais consistência nos próximos anos.


Não só pelas exigências da Anvisa, mas também pela maior atenção dos próprios consumidores. Nos produtos não perecíveis, esse monitoramento é bastante consistente. Já os perecíveis, como frutas, legumes e carnes, o trabalho está no início", explica o superintendente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e líder do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama), Márcio Milan.


A intensificação das medidas de rastreamento se deu através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 24/2015, uma norma da Anvisa para recolhimento de alimentos e a comunicação à agência, que passou a vigorar em dezembro do ano passado. Segundo Milan, houve um trabalho para elevar o controle sobre os alimentos vendidos desde 2006. Mas só agora, 10 anos depois disso, esse novo projeto vem avançando.


"Em 2017, o monitoramento vai avançar mais. Os varejistas e nós, como entidade, estamos muito atentos ao assunto. Para 2018, esperamos já consolidar o trabalho para que, em 2019, o programa atinja seu ápice." Neste ano, a projeção da Abras é de que o volume de itens rastreados desde a produção até a venda seja de 1,08 milhão de toneladas, 8,3% mais em relação a 2015, quando 1,06 milhão de toneladas de itens foram monitorados (ver gráfico). Agora, o objetivo é que já em 2017 o volume rastreado aumente de forma significativa. O nível de conformidade dos produtos, que comprova que ele chegou à prateleira livre de agrotóxicos proibidos por lei, também terá atenção especial, de acordo com Milan.

Tecnologia necessária

Para que o projeto avance de fato, segundo Milan, serão necessários aportes em tecnologia por parte das varejistas. Isto porque, para que haja o rastreamento total dos produtos, existe a necessidade de equipamentos que façam a leitura do alimento desde a sua origem. No caso dos supermercados, grandes redes como Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Walmart, possuem essa capacidade. No entanto, para o pequeno supermercadista a tarefa será mais difícil.

"Nós trabalhamos para que os pequenos varejistas tenham, ao menos, a capacitação e o suporte para trabalhar essas questões. A parte tecnológica realmente demorará um pouco mais para chegar a eles", prevê. Consolidada como uma das grandes redes do País, a Savegnago, que possui 37 unidades no interior de São Paulo, afirma já trabalhar no monitoramento dos alimentos que comercializa em suas lojas, além de ter sido umas das primeiras redes a oferecer, como solução tecnológica, o serviço de self-checkout, onde o próprio cliente consegue atuar, fazendo uso de seu smartphone, como um ponto de venda (PDV). Segundo Milan, da Abras, a agilidade do atendimento ao consumidor também será uma das tendências do setor para os próximos anos. O autoatendimento, na visão dele, é uma das soluções que devem ser mais utilizadas em larga escala pelas lojas muito em breve.

"O cliente é muito exigente. Ele quer rapidez e qualidade, e nós buscamos entregar isso com algumas soluções como o self-checkout, implantadas e em funcionamento em quase todas as nossas lojas", diz o diretor da rede, Chalim Savegnago.As concorrentes regionais, Rede Confiança, Laranjão e Pague Menos também anunciaram recentemente a implementação do sistema automático de pagamento das compras.


Além da tecnologia, Savegnago afirma que sua rede tem somado esforços para ampliar as soluções voltadas para logística reversa. Em parceria com a indústria, as lojas possuem espaços para coleta seletiva de lixo reciclável. A medida atende uma norma de 2010, conforme resolução da Anvisa. Ao recém-unificar suas bandeiras, a norte-americana Walmart aposta em espaços de compra no formato 'clean', com maiores áreas dedicadas ao fluxo de clientes, sortimento diversificado e, seguindo a tendência do setor, implementação de soluções tecnológicas.


"Vamos trazer muita inovação e soluções de tecnologia para facilitar o dia a dia do consumidor", avisa o presidente do Walmart Brasil, Flavio Cotini. Maior produtividade na área de perecíveis, aliado ao monitoramento dos alimentos, também é um dos focos da rede. "A ideia é criar uma atmosfera de experimentação no setor de perecíveis da loja. Esses produtos são os maiores geradores de tráfego nas unidades", afirma. Pertencentes à companhia americana, as bandeiras BIG e Hiper Bom Preço passam a operar com a marca Walmart.


Outras questões


Outro foco das varejistas nos próximos anos será a diminuição do nível de ruptura. Ou seja, da perda de produtos, que neste ano aumentou em relação a 2015, de acordo com uma pesquisa da NeoGrid. Em setembro deste ano, a ruptura total registrou leve aumento: passou de 9,72%, em agosto, para 9,81%. Para o diretor de relacionamento da NeoGrid, Robson Munhoz, o índice ideal é de 8% ou menos.


Em convenção de setoristas realizada na última semana em Atibaia (SP), representantes e empresários também se comprometeram a fortalecer medidas como a de políticas de logística reversa - que faz parte do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - outros setores, como de eletrônicos e farmácias, também devem começar seus projetos em 2017.
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