quinta-feira, 23 de janeiro, 2014

Comércio - Ano de 2013 foi o pior da década

Inflação dos alimentos prejudicou o varejo no ano passado. Mas, para este ano, a expectativa é de menos influência dos preços.
As vendas no comércio cresceram 0,7% em novembro de 2013, resultado superior ao de outubro (0,3%), segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) acredita que o resultado de dezembro não será tão bom quanto esperado. Diante de uma inflação considerada alta e da maior dificuldade de ter acesso ao crédito, a projeção é de crescimento de 4,5%, o pior nos últimos dez anos, melhor apenas que a taxa de 2003, ano em que o varejo registrou retração de 3,7%.
Fábio Bentes, economista da CNC, atribui o desempenho frustrante do setor no ano passado à escalada da inflação, à alta da taxa básica de juros, a Selic, e às dificuldades de acesso ao crédito. “O setor de supermercados foi o grande destaque negativo do último ano, impulsionado, especialmente, pela alta dos preços dos alimentos. Além disso, a inflação do varejo, maior do que a percebida no atacado, sacrificou os resultados do setor”, avaliou.
A atividade de hipermercados e supermercados, como informa o IBGE, continua com variações abaixo da média do varejo, refletindo os preços dos alimentos que, nos últimos 12 meses, cresceram acima da inflação. As vendas nos supermercados subiram 1,9% no acumulado do ano e 2,3%, em 12 meses até novembro. Já o conjunto do comércio cresceu 4,3% no ano e 4,4% em 12 meses. O desempenho mais fraco do segmento de supermercados ocorre “mesmo em um período em que o emprego está em expansão e o poder de compra, estável”, destacou Bentes.
Apesar de o retrato do ano para o segmento ser de desaceleração, por causa do avanço dos preços, no fim de 2013, houve uma reversão do quadro. Comparado a igual mês do ano anterior, as vendas cresceram 5,7% e o grupo continua a exercer o principal impacto sobre o total varejo (40%). De acordo com a coordenadora da pesquisa do IBGE, Aleciana Gusmão, também nesse caso, o resultado reflete a inflação. “Os preços estão em patamar mais baixo nos produtos alimentícios e foram destaque para o mês de referência”, disse.
Quanto ao varejo ampliado — que inclui as atividades de veículos e motos, partes e peças e de material de construção — as vendas subiram 1,3% em novembro ante outubro e 5,7% comparado a igual mês do ano anterior. Na comparação com outubro, foi registrada alta em nove das dez atividades pesquisadas, com destaque para veículos e motos, partes e peças (2,5%).
De acordo com a técnica do IBGE, o bom desempenho dos setor automobilístico em novembro se deu pela notícia do fim do programa de desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Os números refletem um movimento de antecipação de compra. Mas, para este ano, ainda não é possível prever o comportamento desse segmento”, disse. Com menos influência da inflação, a expectativa para 2014 é de um ano melhor, mesmo como retorno do IPI dos automóveis.
“A volta do imposto será contrabalançado pela inflação que não deverá ser tão ruim como foi no primeiro semestre do último ano. Isso ajudará o setor a crescer em velocidade de cruzeiro ao longo de 2014”, projetou Bentes, que aposta em uma alta do comércio de 6,5% neste ano. Já o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) André Braz prevê que “o setor varejista deverá apresentar um comportamento restritivo neste ano, diante dos aumentos consecutivos da taxa básica de juros e a resistência da inflação, que diminui o apetite por consumo pelas famílias”. Nem mesmo a realização da Copa do Mundo neste ano será suficiente para mudar esse cenário e garantir ganhos muito expressivos pelo setor.
Brasil Econômico - 17/01/2014
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