quarta-feira, 24 de maio, 2017

Aéreas mantêm retomada lenta com segunda alta consecutiva de 3,2%

Depois de 19 quedas consecutivas, resultado positivo de março e abril pode indicar momentos melhores para as companhias nacionais. Patamar pré-crise, contudo, está longe de ser atingido
São Paulo - Em abril, pelo segundo mês consecutivo, as companhias aéreas brasileiras conseguiram um leve crescimento na demanda doméstica, encerrando, por ora, um ciclo de sucessivas retrações. Ainda assim, a fraca base de comparação indica que o setor pode estar longe de voltar ao patamar pré-crise.
Em abril, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a demanda doméstica por transporte aéreo (número de passageiros pagantes por quilômetro voado) teve crescimento de 3,2% na comparação com o mesmo mês de 2016. Na mesma base de comparação, a oferta (assentos disponíveis por quilômetros voados) teve alta de 2%. No período, o número absoluto de passageiros transportados foi de 6,91 milhões, ou crescimento de 2,82%. Os dados são referentes à Avianca, Azul, Gol e Latam.
"Ao que parece duas tendências podem ter acabado. A primeira é que talvez as empresas tenham parado de cortar voos e frequências e a segunda é a queda da demanda", analisa o sócio do ASBZ e especialista em Aviação, Guilherme Amaral. Segundo ele, o cenário ainda deve ser analisado com cautela - devido ao alto grau de volatilidade deste mercado -, mas a perspectiva é que se nenhum outro grande acontecimento político ocorrer, o setor poderá manter as tendências de crescimento nos próximos meses, mesmo que de forma ainda tímida. Sobre o possível impacto do cenário político - marcado recentemente pela delação da JBS -, o especialista aponta que ainda não há sinais preocupantes que atinjam diretamente o setor. "Claro que alguns avanços normativos que estavam em debate (como a abertura de 100% do capital estrangeiro nas aéreas nacionais) acabem demorando mais, diante de uma fila de matérias urgentes", destaca.
De acordo com ele, o risco que os acontecimentos poderiam trazer às aéreas vão além dos impactos relacionados à demanda. Um fator que pode afetar diretamente o setor é a alta da moeda norte-americana, que impacta o custo operacional - muito 'dolarizado' - das companhias. "O câmbio sempre preocupa, porque influencia as viagens ao exterior e machuca a dívida em dólar [como combustível, manutenção e leasing operacional], mas ainda está em patamares que as pessoas entendem como sob controle. Ainda não se fala em um impacto significativo. Se outros acontecimentos ocorrerem, aí sim será preocupante", discorre Amaral.
Ainda de acordo com os dados da Abear, a Gol está com a maior participação de mercado doméstico, com 35,27% da demanda, seguida pela Latam com 33,04%, Azul (18,93%) e Avianca (12,76%).
Em abril, as companhias aéreas brasileiras (Avianca, Azul, Gol, Latam e Latam Cargo) transportaram 24,36 mil toneladas de carga; o resultado representou uma retração de 8,17% na comparação com o mesmo período de 2016.
Mercado internacional
No segmento internacional, a demanda em abril teve um crescimento de 17,37%, ante o mesmo mês de 2016. Na mesma comparação, a oferta teve alta de 11,9%. Em números absolutos, o volume de passageiros foi de 636,86 mil pessoas, ou crescimento de 18,03%. "Isso não quer dizer que o mercado internacional cresceu nesta proporção. O que o resultado indica é que com a saída das estrangeiras, as brasileiras capturaram parte da demanda", analisa Amaral.
Neste mercado, a participação da Latam tem sido de longe a maior, com 77,61% da demanda, seguido por Gol (11,16%), Azul (11,11%) e Avianca (0,12%).
No mesmo segmento, as companhias atingiram 15,04 mil toneladas de carga transportada em abril, leve aumento de 3,45% na comparação com o mesmo mês de 2016.
Saindo um pouco do mercado nacional, o advogado da ASBZ ressalta que as perspectivas para as companhias aéreas internacionais também não estão ruins. "Antes do ocorrido (delação da JBS na semana passada) as estrangeiras já falavam em retomada de parte das frequências deixadas e por enquanto os planos continuam", destaca.
De acordo com ele, como o cenário já era instável e as delações políticas já ocorriam há um tempo, as companhias internacionais esperavam que alguns acontecimentos pudessem vir à tona. "É triste, mas de certa forma em um cenário instável, esses eventos podem ser vistos com certa normalidade. Podem refazer as análises algumas vezes, mas cancelar a decisão positiva acredito que não", destaca.
DCI - 24/05/2017
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