quinta-feira, 31 de março, 2016

Cafés nobres deslancham na crise

Apostar em café vale a pena. Além de a crise não ter aguado o velho hábito do cafezinho, o brasileiro vem sendo seduzido por grãos e torras especiais. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo da bebida subiu 0,86% em 2015, enquanto a venda de cervejas, outro hábito dos brasileiros, por exemplo, caiu 1,99%. Para quem quer atuar no ramo, é preciso ressaltar que é necessário possuir capital de giro, entender que o tíquete médio é baixo e ter paciência, já que o retorno demora cerca de três anos. Mas para apaixonados pela bebida e interessados no ramo, o modelo de franquia é uma boa alternativa, com opções de grandes redes ou de cafés especiais. Se preferir uma marca consolidada, uma opção é a rede Frans Café, com 150 lojas pelo País e planos de abrir 36 novas unidades em 2016. A franquia custa a partir de R$ 180 mil, seu diferencial é o atendimento 24 horas e o faturamento mensal chega a R$ 80 mil. Segundo o gerente geral de empresa, João Augusto Penna, a rede faturou 10% a mais em 2015. Outras opções são as redes Café do Ponto e Casa Pilão. A primeira exige investimento a partir de R$ 200 mil e conta com 80 lojas pelo País. A segunda custa a partir de R$ 200 mil e a rede detém três unidades próprias e 17 franqueadas. Ricardo Souza, diretor de marketing da JDE Brasil, que reúne as duas marcas, diz que a Café do Ponto recebe um milhão de clientes por mês, servindo um expresso a cada quatro segundos. Segmento premium Se o consumo da bebida comum segue firme, mas não teve uma alta espantosa, os cafés especiais superam expectativas e estão otimistas com o futuro. Neste mercado, uma rede consolidada é a pioneira Suplicy. A empresa existe há 12 anos e em 2011 começou a operar também em sistema de franquias. Hoje são 14 lojas em operação: dez em São Paulo, três no Rio de Janeiro e uma no Distrito Federal e a previsão é chegar à região Norte ainda no segundo trimestre deste ano. O CEO da empresa, Cristiano Almeida, explica que a rede sempre focou cafés de altíssima qualidade. "A média da alta nesse setor foi de 15% no último ano e nós estimamos que este mercado vai continuar crescendo em ritmo intenso em 2016", opina o executivo, que estipulou em 50% a meta de expansão da marca em 2016. Segundo ele, nenhuma crise pode abalar a trajetória ascendente dos cafés especiais. "Café de qualidade é um luxo acessível. A pessoa não troca de carro, diminui a compra de vinhos e as saídas para comer fora, mas não abre mão do seu café de R$ 6 depois do almoço." A marca também cria projetos especiais em parceira com empresas, como o desenvolvido com a TAM Linhas Aéreas, para a qual desenvolveu um blend exclusivo para ser servido nos voos domésticos e internacionais. Embora seja um café solúvel, Almeida diz que o café fez "inverter os sinais" dados pelos passageiros a respeito da bebida servida a bordo. "Pode verificar nas redes sociais. Antes, eram só reclamações sobre o café servido nos voos da TAM. Agora, eles recebem elogios." Outra rede de franquias do segmento premium de cafés é a Feito a Grão, com uma loja modelo e 10 fraqueadas, investimento a partir de R$ 110 mil e prazo de retorno médio de 28 meses. As unidades estão espalhadas por Salvador, Recife e Aracaju e o faturamento estimado parte de R$ 25 mil. O foco de expansão é na região Nordeste, principalmente em shopping centers, edifícios empresariais, hospitais, clínicas e megastores. Atualmente a rede serve 30 mil cafés por mês, que representam 30% do faturamento das lojas. Segundo o proprietário, Marcelo Szporer, os cafés especiais exigem ainda maior atenção em relação ao atendimento aos clientes, cuidado na apresentação dos produtos e a vigilância constante dos custos. "É importante o olho do dono. É até possível conciliar outras atividades, uma vez que a nossa marca oferece o know-how necessário em todos os procedimentos, mas se o franqueado acreditar que o negócio andará sozinho, estará cometendo um erro", alerta. Diversificação O filão dos cafés especiais foi notado até mesmo por franquias de produtos concorrentes, como o chá. "Também servimos café 100% arábica", conta Antônio Nasraui, proprietário da rede Rei do Mate, que vende mensalmente 500 mil cafés e 300 mil capuccinos. O negócio principal continua sendo o mate, com 1,5 milhão de copos por mês, mas o café tornou-se importante produto no mix. O faturamento do grupo chegou a R$ 250 milhões, com 330 franquias em operação. O franqueado de três unidades da rede Carlos Henrique Olivetto investiu R$ 350 mil em cada franquia e o retorno demorou mais três anos. "No nosso ramo, o tíquete é menor, o que é bom em momentos de crise porque as pessoas deixam de ir a restaurantes caros para algo mais barato."
DCI - 31/03/2016
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