quarta-feira, 01 de julho, 2015

Indústria de cosméticos da Amazônia aposta na biodiversidade para crescer

A Amazônia brasileira possui a maior biodiversidade do planeta e seu valor é estimado em mais de US$ 3 trilhões por pesquisadores. No entanto, o potencial econômico da região voltado a produtos de higiene, cosméticos e perfumaria com base florestal ainda é pouco explorado, principalmente pelos pequenos negócios. Para mudar esse quadro, o Sebrae criou um projeto inédito para estruturar o segmento industrial nos sete estados da região Norte (Acre, Amazonas, Maranhão, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins).
De acordo com o presidente da entidade, Luiz Barretto, a articulação, que envolve diversas instituições e empresas, pretende transformar os pequenos negócios em referência mundial na produção de insumos e produtos com maior valor agregado para atender aos mercados interno e externo. Segundo ele, a aprovação no Congresso Nacional do novo marco legal da biodiversidade pode facilitar a pesquisa e o uso comercial de plantas e animais da maior floresta brasileira.
"Os produtos de beleza, higiene e cosméticos devem faturar este ano no Brasil em torno de R$ 45 bilhões. Esse mercado é apontado como um dos negócios promissores para 2015. A brasilidade e a biodiversidade são tendências no mercado mundial de beleza, higiene e perfumaria, ainda que pouco exploradas no próprio país. Com esse projeto, o Sebrae está liderando o processo de disseminação desse conhecimento", afirma Barretto.
Para se ter uma dimensão do potencial econômico dessa biodiversidade, basta dizer que atualmente o uso industrial de matéria-prima da região para produtos desse segmento está concentrado em apenas 20 espécies vegetais, dentre as quais se destacam a castanha-da-Amazônia, andiroba, copaíba, cupuaçu, guaraná, buriti, açaí, entre outras de onde se extrai óleos e essências. O levantamento faz parte da tese de doutorado do pesquisador Francisco Elno, da Fundação Centro de Análises e Pesquisas e Inovação Tecnológica (Fucapi), com sede em Manaus.
O empresário Francisco Aguiar, proprietário da Amazon Green, há oito anos no mercado, confirma essa realidade. "Hoje, o óleo de Karité é extraído para produção de manteiga labial. Só que o óleo de açaí, que ainda não é explorado comercialmente, é 440% mais rentável. Esse projeto será a salvação da lavoura", diz.
O potencial da região desperta o interesse de empresas de outros países na biodiversidade da Amazônia. Contudo, o pleno desenvolvimento dessa cadeia produtiva na região esbarra na baixa qualidade dos insumos extraídos da floresta e na ausência de laboratórios e equipamentos para agregar valor aos produtos.
Lei da Biodiversidade
Outro impedimento é a falta de regulamentação da Lei da Biodiversidade, ainda em tramitação no Congresso Nacional, que oriente a pesquisa de novos produtos e a repartição com as comunidades tradicionais extrativistas dos ganhos obtidos a partir da venda de produtos por parte da indústria da beleza.
Das 2.446 indústrias brasileiras atuando no mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, 95% são micro e pequenas empresas, e apenas 48 estão localizadas na região Norte, principal foco da atuação do Sebrae no projeto.
Fundada há mais de 50 anos, a paraense Chamma da Amazônia é uma das empresas de pequeno porte que investem no potencial da maior floresta tropical do mundo para o desenvolvimento de seus produtos. De acordo com a empresária Fátima Chamma, a articulação do Sebrae para disseminar conhecimento das potencialidades da região trará benefícios para extrativistas e para as pequenas empresas, que poderão desenvolver novos produtos.
"Ainda falta investimento em pesquisa e equipamentos para extração de óleos e essências. Pelo menos uns 30 produtos já poderiam ser usados, mas os pesquisadores esbarram na falta de segurança jurídica para explorar novas matérias-primas. O potencial da Amazônia é enorme, imensurável, e o Sebrae tem um papel importante no desenvolvimento deste conhecimento", reforça.
Mercado da beleza no Brasil:
1º no ranking mundial em consumo de perfumaria e desodorantes;
2º colocado em produtos para cabelo, masculinos, infantil, banho, depilatórios e proteção solar;
3º lugar em cosméticos e cores;
4º em higiene oral;
5º em produtos para pele
2013 - Brasil respondeu por 9,5% do consumo mundial (US$ 289 bilhões) e 54,5% do mercado latino-americano.
DCI
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