Friday, March 10, 2017

Mercado de calçado esportivo deve retomar trajetória de alta

São Paulo - Após dois anos de queda, o mercado brasileiro de calçados esportivos deve voltar a crescer. Segundo a consultoria Euromonitor International, a venda desses produtos deve movimentar R$ 12,71 bilhões no Brasil este ano, alta de 1% na comparação com 2016.
"O vestuário e os calçados de alta performance devem apresentar um desempenho ligeiramente melhor em comparação com o segmento outdoor [que inclui tênis para trekking e escalada], uma vez que se espera que mais pessoas tomem consciência de preocupações com a saúde e isso motive a prática de atividades físicas, principalmente em academias", observou o analista de pesquisa da Euromonitor International, Guilherme Machado.
Ele destacou ainda o aumento no número de corredores de rua, com a atividade ganhando espaço como um dos esportes ao ar livre mais populares entre os brasileiros. "Esses corredores muitas vezes investem mais em seu vestuário, na compra de tênis especiais e camisetas de secagem rápida", acrescentou.
O mercado de calçados de performance, que inclui tênis para corrida, futebol e academia, é o maior entre as três categorias acompanhadas pela consultoria e deve movimentar cerca de R$ 6,80 bilhões este ano. Já a categoria de calçados inspirados em esportes aparece em segundo lugar com estimativa de movimentar, aproximadamente, R$ 3,89 bilhões em vendas durante 2017. Por último, a categoria outdoor com previsão de giro de R$ 2,02 bilhões.
Mas é em performance que a concorrência é mais acirrada com destaque para a atuação das gigantes Nike e Adidas, que apesar da forte presença em futebol, estão brigando pelos novos corredores de rua.
"Corrida é o nosso nicho de maior desempenho e continua a ser uma tremenda fonte de inovação e crescimento. Também continua a ser um dos mais influentes e maiores condutores do nosso negócio de vestuário esportivo", disse o presidente da marca Nike, Trevor Edwards, em teleconferência com analistas.
A Nike tem ainda o aplicativo Nike+ Run Club, um dos pioneiros no segmento, como parte da estratégia de se aproximar do público de corrida e estimular potenciais consumidores.
Apesar dos esforços da companhia, que investe pesado em marketing, a receita com vendas no Brasil caiu 5% no último ano "refletindo principalmente desafios macroeconômicos", informou a Nike, em relatório. Procurada, a assessoria de imprensa da companhia não retornou.
A concorrente Adidas também aposta na expansão do segmento de corrida e, no Brasil, tem duas unidades da RunBase instaladas, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. O local se propõe a "dar apoio a corredores amadores", de forma gratuita, com empréstimo de tênis e vestiário.
A receita da companhia na América Latina teve acréscimo de 16% no ano passado, com exceção do Brasil "onde as vendas aumentaram a uma taxa baixa de um dígito", informou a Adidas, em relatório de resultados.
Na apresentação anual, a companhia destacou que a incerteza no cenário macroeconômico na América Latina se mantém. No Brasil, o negócio deve passar por reestruturação, mas os detalhes não foram anunciados. O porta-voz da Adidas não conseguiu responder a reportagem até o fechamento desta edição.
Nacionais
A disputa das gigantes pelo nicho de corrida abriu espaço para que outras empresas pudessem avançar em outros mercados, como a brasileira Cambuci, dona da marca Penalty, que atingiu a liderança em calçados de futebol no Brasil.
"O ano passado foi difícil para o setor calçadista como um todo, com queda na produção, mas procuramos rever as nossas estratégias, que estava muito focada no patrocínio a clubes de futebol e redirecionamos esse investimento em áreas nas quais acreditamos que poderíamos crescer", contou ao DCI o diretor executivo do grupo Cambuci, César Ferreira.
Segundo ele, os aportes da companhia em 2016 foram direcionados para o desenvolvimento de calçados de futebol de maior valor agregado, com uso de mais tecnologia, mas posicionamento como um produto intermediário no mercado.
"Atingir a liderança em futebol foi uma surpresa para nós, porque o objetivo não era esse", ressaltou ele. A melhora na estrutura logística da Cambuci, para garantir a entrega mais rápida de produtos, também contribuiu para elevar as vendas.
"Como temos fábrica no Brasil, isso nos dá uma vantagem de entrega bem mais rápida do que concorrentes que importam", disse Ferreira. Depois de ampliar em 20% o volume de vendas na categoria de futebol, ele espera registrar novas altas no resultado de 2017.
Já as vendas de calçados esportivos da brasileira Alpargatas, dona das marcas Topper, Rainha e Timberland, recuaram 29,7% de janeiro a setembro do ano passado. "No Brasil, a quantidade vendida de calçados Mizuno recuou, principalmente porque a demanda pelos modelos básicos não foi totalmente atendida", explicou a Alpargatas, em relatório, afirmando que mantém a estratégia de nacionalizar a produção da marca.
Na avaliação do sócio-diretor da consultoria Iemi Inteligência de Mercado, Marcelo Prado, o atual patamar de câmbio continua favorável para o produto local frente aos importados e também torna a indústria brasileira de calçados esportivos uma potencial exportadora para mercados regionais.
"O mercado de moda esportiva hoje é muito internacionalizado, então esse movimento de licenciar marcas internacionais e produzir localmente, ou exportar ou ainda complementar o mix com importação é normal", lembrou o especialista.
Mas o avanço da exportação de esportivos nacionais, ponderou Prado, ainda depende da melhora nas relações comerciais do Brasil. "O mercado de calçados esportivos brasileiros é muito protecionista e esbarra também no protecionismo de outros países ao tentar entrar em novos mercados", disse ele.
De acordo com o Iemi, a produção nacional de calçados esportivos deve crescer 3,1% neste ano para 71,35 milhões de pares. A importação deve recuar 22% para 3,63 milhões de pares e as exportação crescer 15,2% para 2,38 milhões de pares.
DCI - 10/03/2017
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