Busca por conveniência e custo menor impulsionam expansão de 'strip malls'

São Paulo - Consolidados em mercados mais maduros os strip malls, shoppings menores a céu aberto, têm ganhado relevância no Brasil nos últimos quatro anos. A facilidade para encontrar terrenos, o custo menor na construção, e a busca cada vez maior do consumidor brasileiro por conveniência impulsionam o modelo.
Os atrativos têm despertado o interesse de empresas como a Best Center. Fundada em 2011, a administradora tem 34 shoppings do formato em operação e já planeja lançar novos empreendimentos.
Atualmente, quatro estão em construção e, segundo o diretor geral da Best Center, João Fernando Sammarone, a empresa possui um landing bank de 19 terrenos a serem desenvolvidos, todos no estado de São Paulo e do Rio de Janeiro. As regiões, conta, abrigam todos os empreendimentos da empresa e são hoje o principal polo de expansão. A intenção, no entanto, é ganhar espaço também em outras localizações do País. "Estamos constantemente prospectando novas regiões para a compra de terrenos e aquisição de empreendimentos já em operação", afirma.
A empresa é hoje a maior no segmento. Para se ter uma ideia, na região Sudeste do Brasil existem apenas 59 strip malls, segundo estudo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). O número está muito distante da realidade de mercados como o norte-americano e o europeu. Especialista em shopping center e varejo e diretor da consultoria Make it Work, Michel Cutait afirma que o modelo ainda não emplacou no Brasil, apesar de ser uma tendência importante do setor. De acordo com ele, o segmento só começou a ganhar força no País a partir de 2010, com o 'boom' do varejo. "Existiam iniciativas, mas começou a crescer como modelo de negócio entre 2010 e 2013."
Apesar de ser um conceito novo, a diretora de operações da Abrasce, Adriana Colloca, diz que os strip malls têm agradado os brasileiros. "Os empreendimentos querem atender demandas diferentes as do shopping center: clientes que querem conveniência e resolver necessidades imediatas."
Uma das primeiras iniciativas nesse mercado foi o Ventura Mall, localizado em Campinas (SP). Inaugurado em 1993, o empreendimento foi um dos primeiros strip malls abertos no Brasil. Na época, conta o diretor comercial, João Paulo Rafful Kanawaty, a ideia era reunir em um único local operações de serviços e alimentação, focando na conveniência. De lá para cá, Kanawaty afirma que houve um crescimento grande do mercado. "É uma tendência que vai continuar, já que as pessoas estão buscando cada vez mais a conveniência."
O custo menor para a construção e a maior facilidade para encontrar terrenos adequados, em comparação aos shoppings tradicionais, são outros aspectos que contribuem para o crescimento do mercado. Nos grandes centros, diz Cutait, está cada vez mais difícil encontrar terrenos que possam receber um centro de compras tradicional, uma vez que o formato demanda um espaço grande. Nos strip malls o processo é mais simples.
Em relação ao custo de construção, Kanawaty, do Ventura, diz que há uma diferença significativa. Enquanto o custo médio para a construção de um strip mall é de R$ 2,5 mil por metro quadrado (m²), um tradicional demanda aporte de cerca de R$ 5 mil o m². Adriana, da Abrasce, também aponta que o investimento é menor, "com bons índices de retorno."
A empresa, que hoje administra só o Ventura Mall, tem interesse em construir outros shoppings. Os lançamentos, contudo, não devem ocorrer no curto prazo. "Temos terrenos onde poderíamos construir e recebemos propostas, mas tem que ser uma oportunidade certeira, principalmente em relação a localização."
Receitas
Um dos aspectos que distingue o strip mall do shopping tradicional é a linha de receitas, que é mais limitada. No Ventura, por exemplo, praticamente toda a receita vem dos aluguéis. "Temos receita com mídia e vending machines, mas a maior parte é aluguel", diz. Segundo ele, o valor cobrado também é menor do que o praticado nos malls tradicionais, em torno de 40% inferior.