Friday, August 26, 2016

Metade dos restaurantes corre o risco de fechar em 1 ano

Atingidos pela queda no movimento e por uma inflação acumulada de 7% em 2016 nos alimentos, cinco entre dez donos de restaurantes, lanchonetes e bares brasileiros planejam repassar o ponto ou fechar as portas do seu negócio em, no máximo, 12 meses. O dado faz parte de um levantamento da associação nacional do setor, a Abrasel, com 1,2 mil estabelecimentos, referente ao segundo trimestre do ano e que ainda está em fase de finalização. Uma outra pesquisa, concluí- da nesta semana pela consultoria ECD Food Service, aponta na mesma direção. Conduzida o setor. Segundo ele, “quem não enxugar custos, não trabalhar a gestão, vai ter uma sobrevivência difícil”. Não à toa, a pesquisa da Abrasel aponta que 34% dos restaurantes, bares e lanchonetes com 160 bares e restaurantes em cinco capitais (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador), ela levanta a principal causa para o desânimo: a queda expressiva nos lucros. Nove em dez empresários sofreram com reajustes a partir de 10% no preço dos insumos, mas 43% não conseguiram reajustar o valor das refeições para o consumidor, com medo de afugentar ainda mais a freguesia. “A vida está difícil, essas pessoas não têm gestão”, avalia o consultor Enzo Donna, da ECD. “O que esses empresários estão fazendo é assumir o aumento dos custos. Se eles estavam acostumados a trabalhar historicamente com 15%, 18% de margem, agora estão com 6%, no máximo 8% de lucro”, destaca. Para Donna, o atual patamar de lucratividade pode ser encarado como um limite pararam no vermelho neste momento. “O perfil dos restaurantes que mais sentiram a queda de faturamento e de lucro são os que trabalham com cardápio de refeições entre R$ 25 e R$ 70”, diz o presidente nacional da associação, Paulo Solmucci. Segundo ele, os estabelecimentos situados nesta faixa de desembolso relatam uma queda de receita de até 30%. É neste grupo que se encontra Marcelo Fernandes, dono de cinco casas em São Paulo – Kiroshita, Mercearia do Francês, Clos, Hamburgueria Tradi e Attimo. “Nossas casas que atuam entre R$ 25 e R$ 70 sentiram bastante, mas não está bom em faixa nenhuma”, diz o empresário, que reduziu o quadro de funcionários em 16%. O empresário diz que sentiu uma alta de 37% nos insumos, mas que não pôde repassar a conta para o cliente. “Seguramos os preços e estamos apostando numa melhora a partir do segundo semestre do ano que vem”, afirma Fernandes, que fechou a unidade do Mercearia do Francês, no bairro de Perdizes, no primeiro semestre. Em Pirituba, o casal Joel e Yolanda Vieira, donos do Tijolinho, não fecharam o negócio, mas chegaram perto dessa decisão. Depois de um começo promissor em 2015, o restaurante começou a perder clientes no primeiro trimestre deste ano. “As empresas aqui perto foram mandando funcionários embora. Em março, a gente voltou praticamente ao patamar em que começamos, no ano passado, e pensamos em fechar”, conta ele, que chegou a lucrar R$ 150 por dia com o pequeno negócio, que oferece 36 a 40 refeições no horário do almoço, e hoje não lucra mais do que R$ 60. “Mas a gente está um pouco mais confiante. As últimas semanas foram melhores e a economia, acho, vai melhorar”, diz, esperançoso, exatamente como Fernandes, do Attimo. “A gente tem de acreditar. É isso que eu sei fazer e espero um alívio a partir do segundo semestre do ano que vem.”
O Estado de S. Paulo
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