terça-feira, 05 de dezembro, 2023

Sopradoras: Tecnologia avança para ampliar sustentabilidade

A busca pela redução do peso e pelo uso progressivo de materiais reciclados tem sido constante por parte das indústrias que utilizam embalagens fabricadas por sopro.
A estratégia de duas multinacionais gigantes em seus setores de atuação, Coca-Cola e Unilever, comprovam a tendência.
“A Coca-Cola utiliza no Brasil em torno de 100 mil toneladas de embalagens produzidas a partir de pré-formas de PET”, revela Rodrigo Brito, head de sustentabilidade para o Brasil e Cone Sul.
A Coca-Cola lançou em 2018 a iniciativa Mundo sem Resíduos e em 2020 passou a ser uma das signatárias do Pacto Global pela economia circular. A empresa trabalha para atingir quatro metas nos países onde atua: garantir que 100% de suas embalagens sejam recicláveis até 2025 (hoje esse número se encontra em 99,4%); recolher e reciclar o equivalente a 100% das embalagens que coloca no mercado até 2030 (atualmente, está em 43%); garantir que todas as embalagens utilizem pelo menos 50% de conteúdo reciclado até 2030 (deve chegar a 25% esse ano); e garantir que ao menos 25% do volume das vendas sejam feitas em embalagens retornáveis (esse número está em 20% no Brasil e 34% na América Latina).
Em relação à redução de gramatura nas embalagens, a empresa desde 2011 conseguiu reduzir em 19% o volume de resina utilizada para a sua fabricação. Exemplos de marcas e embalagens que incorporam inovações e mudanças são a Nova Crystal, primeira garrafa de água mineral lançada no Brasil feita totalmente de garrafas de PET recicladas. Com isso, a marca Crystal deixará de colocar no mercado 3,5 bilhões de embalagens PET com resina virgem no período de 2020 a 2025.
Outro case da empresa é o da Sprite. Em agosto 2022, houve mudança global da embalagem do refrigerante em todas as suas apresentações (200 ml, 250 ml, 500 ml, 600 ml, 2 l e 2,25 l). O uso de embalagem verde deu lugar a uma transparente. O fato de não conter pigmentação colorida faz com que a embalagem tenha maior procura e valor na cadeia de coleta e reciclagem. De acordo com Brito, as garrafas PET transparentes são provavelmente as embalagens mais circulares e com maiores taxa de coleta e reciclagem do país depois das latas de alumínio. “Elas possuem inúmeras aplicações para diferentes indústrias, a exemplo dos ramos têxtil, cosmético, materiais térmicos, de proteção e outros”.
Desde 2018, os investimentos da Coca-Cola no Brasil em iniciativas de coleta e reciclagem somam R$ 50 milhões. Em 2019, foram investidos cerca de R$ 100 milhões para projetar e criar no Brasil e no Chile uma garrafa retornável com design universal, que pudesse ser utilizada em várias marcas diferentes de bebidas – todas as embalagens retornáveis de 2 litros da companhia têm mesma cor, formato e tamanho.
“Ao longo dos últimos anos, a Unilever tem desenvolvido diversos projetos voltados para a redução do impacto do plástico no meio ambiente com diferentes abordagens”, informa Leandro Fagundes, coordenador de desenvolvimento de embalagens. A preocupação se dá em projetos que consistem em diminuir o peso das embalagens e substituir resina virgem por pós-consumo. Outra linha de atuação é a de lançar produtos em versões concentradas, casos do detergente líquido Omo ou da linha de amaciantes Comfort.
A companhia tem metas ousadas, como reduzir pela metade o uso de resina virgem até 2025, utilizar pelo menos 25% de resina reciclada pós consumo em seu portfólio e coletar mais plástico do que é colocado no mercado. Desde 2018, quando a Unilever assumiu o compromisso de reduzir o consumo de plástico virgem, mais de 32 mil toneladas de resina PCR foram incorporadas ao portfólio, o que resultou em cerca de 46 mil toneladas de CO2 a menos no meio ambiente. A maior parcela da circularidade atinge o PEAD que possui maior peso em todo volume de plástico transformado pela empresa.
“Algumas marcas de produtos para cabelo, como Seda, Dove e TRESemmé já possuem 100% de polietileno de alta densidade (PEAD) reciclado nos frascos de diferentes tamanhos, formatos e cores”. Também podem ser citadas as marcas Omo e Comfort, nas quais além dos frascos, a empresa passou a aproveitar 100% de resina PP reciclada pós-consumo nas tampas. Na categoria de alimentos, os potes de maionese e ketchup contribuem com o volume de resina PCR, com inclusão de 40% e 100%, respectivamente.
- Respostas
Para atender a demanda dos clientes, fornecedores de resinas e de equipamentos não economizam em investimentos voltados para pesquisa e desenvolvimento. Cabe a indústria química parte muito importante dessa evolução. “A Braskem vem evoluindo seu portfólio para estar preparada para à tendência do mercado por embalagens mais leves e resistentes”, revela Fábio Agnelli, líder de TS&D.
Agnelli explica que para chegar a esse objetivo, são desenvolvidas formulações que atingem o adequado balanço entre rigidez, impacto e resistência química. O profissional cita os produtos da família PEAD Rigeo. “Como exemplo, a resina Rigeo HD1954M, destinada ao segmento de embalagens de 1 a 20 litros, apresenta requisito de alta resistência química e pode permitir redução de espessura das paredes sem perda de resistência ao impacto”.
Outros aspectos como processabilidade e acabamento superficial também são pontos relevantes nos desenvolvimentos da Braskem. “Inauguramos há um ano o Cazoolo, laboratório de design voltado para soluções de sustentabilidade, nas quais são utilizadas a metodologia Design for Environment (DfE) e análises de ciclo de vida. O interesse no aumento do uso de reciclados também merece atenção. “Estamos desenvolvendo nos últimos anos novas resinas de PCR de alta qualidade para o mercado”.
O esforço atinge os fabricantes de sopradoras. “Já estamos trabalhando há mais de um ano com novas resinas. Temos, inclusive, uma máquina instalada no laboratório de testes da Braskem”, informa André Fonseca, da área comercial da Multiblow. Adaptações são feitas de acordo com as especificações do produto a ser fabricado e seu material. “Temos uma linha nova de cabeçotes específicos”.
Newton Zanetti, diretor comercial da Pavan Zanetti, tem a mesma preocupação. “Sobre as paredes dos frascos serem cada vez mais finas, no caso de extrusão contínua de PEAD, o segredo está na melhoria da extrusão, com ótima homogeneização da resina e excelente distribuição no cabeçote. No caso do PET, as pré-formas são elaboradas com perfeita distribuição. O desenho do frasco deve contribuir para a qualidade do produto final”.
Zanetti adverte que a redução de peso tem limite imposto pela resistência do frasco. “No caso de água mineral em PET, embalagens mais leves de 500 ml estão sendo envasadas com uma gota de CO2 para o gás dar pressão e endurecer o frasco envasado”.
https://www.plastico.com.br/sopradoras-tecnologia-avanca-para-ampliar-sustentabilidade/ Plástico Moderno - 29/11/2023
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