sexta-feira, 01 de julho, 2016

Arroz, leite e milho podem ser os próximos vilões da inflação

O feijão tomou o lugar do tomate como alimento que anda pesando no bolso dos brasileiros. O preço do carioca, variedade popular no Sudeste, subiu 54,09% até junho, segundo o IPCA-15, índice do IBGE considerado como a prévia da inflação.
No ano passado, uma caixa de tomates chegou a custar o dobro do que em 2014. Com a inflação ainda alta, muita gente se pergunta: qual vai ser o próximo vilão das compras?
Para tentar responder, a BBC Brasil conversou com economistas e especialistas no mercado de agronegócio. Segundo eles, os itens que podem causar mais preocupação nas próximas semanas são o arroz, o leite e o milho. O clima é o fator comum em todas as altas, explicam os entrevistados. A distribuição irregular de chuvas neste ano prejudicou a produção dessas culturas.
Arroz
No caso do arroz, as tempestades no Rio Grande do Sul - maior produtor - em abril atrasaram a colheita e causaram uma quebra de 15% na safra. Com menor oferta, os preços cresceram 5,21% até junho, segundo dados do IPCA-15. E devem continuar aumentando até as próximas colheitas, no começo de 2017.
"De acordo com o nosso levantamento, no município de São Paulo variou 6,28% neste ano. E vai subir significativamente nos próximos dois meses", diz o pesquisador Vagner Martins, do Instituto de Economia Agrícola. Pode parecer que 6% é pouco, mas a alta é preocupante para um elemento essencial da cesta básica, pondera Martins.
Leite e milho
Se as altas da dupla arroz e feijão podem ser passageiras, há outras consideradas mais duradouras pelos especialistas. As do milho e do leite, por exemplo, são vistas como estruturais e, portanto, mais preocupantes.
O milho é um dos principais componentes da ração das vacas leiteiras e registrou um crescimento expressivo em 2016. Ausente no IPCA-15, um de seus representantes no indicador, o fubá, encareceu 13% até junho. Já o leite subiu 18% no mesmo período e se aproxima de um patamar inédito.
Os entrevistados explicam que a alta do milho se deve à procura no mercado internacional, no qual o Brasil se tornou um vendedor importante. Nos últimos anos, o país acelerou a produção do alimento, conseguiu exportá-lo mais barato e teve grande demanda dos compradores, o que acabou elevando os valores lá fora. O aumento chegou ao mercado interno.
Com o milho caro, a ração aumenta e os produtores de leite têm que desembolsar mais para alimentar suas vacas. A alta é repassada para o consumidor. Além disso, as chuvas fortes no começo do ano prejudicaram as pastagens e as estradas de transporte, dificultando a produção e diminuindo a oferta.
Folha de S. Paulo
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