terça-feira, 08 de março, 2016

Crise aperta margem de frigoríficos

São Paulo - Nos últimos 12 meses, a arroba do boi gordo teve uma valorização média de 9%. Do outro lado, desde janeiro, os preços da carne no atacado acumulam queda de 3,6%. Com o desencontro nas contas, a margem dos frigoríficos reflete a crise no País.
Os especialistas da Scot Consultoria alertam que a diferença entre o valor pago pelo boi gordo e o recebido pelo chamado Equivalente Scot Desossa (receita com a venda de carne sem osso, couro, sebo, miúdos, derivados e subprodutos) está em 14,7%, baixa de 10,6 pontos percentuais em relação à primeira semana do ano, quando o índice registrava 25,3%.
"A renda per capita da população caiu 5%. Um produto de valor agregado, como a carne, fica cada vez mais difícil colocar preço", comenta o analista Alex Lopes sobre a dificuldade no repasse ao varejo, em análise do mercado divulgada pela consultoria ontem (7).
Ao DCI, a zootecnista e consultora da Scot, Isabella Camargo, explica que este cenário faz com que o frigorífico ofereça preços menores ao pecuarista pela arroba. Em geral, as ofertas da indústria vão de R$ 1 a R$ 2 abaixo do mercado, porém, "chegaram a oferecer de R$ 7 a R$ 10 a menos do que o indicador oficial", conta.
No pasto, em vista do alto custo do bezerro para reposição, a saída é apostar em incremento de tecnologia e ganho de produtividade. Para Lopes, esta é a forma de ganhar margem.
Na indústria, com a demanda interna desaquecida, a exportação segue como a principal ferramenta de elevação de receita em moeda local, mas há um grau de dificuldade maior para os pequenos e médios frigoríficos transitarem por este mercado.
"Os menores sofrem com o consumo interno lento e não têm para onde escoar", enfatiza Isabella.
O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, acredita que todos os portes do setor estão com dificuldade nos embarques. Para ele, o quadro macroeconômico e político afeta as negociações em andamento, como a habilitação de plantas para a China e a abertura dos Estados Unidos para carne in natura.
Exportação
Dados da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgados ontem mostram que o complexo carnes foi o mais exportado em fevereiro, com US$ 1,05 bilhão em receita. No entanto, o montante indica queda de 1,1% em relação ao resultado do mesmo mês de 2015. O complexo soja, na segunda posição do ranking, avançou 42,6% no período e chegou a US$ 1,04 bilhão.
Em valor, a carne bovina ultrapassou a de frango no mês passado. Foram exportados US$ 477,14 milhões (ganho de 10,9%), devido ao aumento de 25,4% na quantidade embarcada. As vendas externas de frango totalizaram US$ 450,97 milhões, as de suínos, US$ 85,31 milhões e as de peru, R$ 14,34 milhões.
No caso do boi, Salazar diz que os embarques "não rentabilizam" como o esperado.
DCI
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