terça-feira, 26 de janeiro, 2016

DPaschoal planeja lançar franquia

Um novo modelo de franquia está em gestação no grupo DPaschoal, com potencial de, num prazo de três anos, ampliar entre 50 e 100 lojas o tamanho da rede de uma das maiores revendedoras de pneus do país.
A ideia é replicar nas unidades franqueadas o padrão de identidade visual, atendimento e serviços automotivos das 180 lojas próprias, o que não é barato. Dos equipamentos da oficina mecânica às instalações do showroom, passando pelo estoque e estruturas dedicadas ao descarte ambientalmente correto de pneus usados ou resíduos de óleo lubrificante, o custo pode chegar a R$ 500 mil. Por isso, o projeto em elaboração contempla a constituição de um fundo aberto a investidores do mercado imobiliário para financiar a adaptação dos imóveis. Em contrapartida, a remuneração do fundo viria do aluguel do estabelecimento.
"Fica caro para apenas um empresário fazer tudo. Fatiar entre dois é melhor porque muitos não têm todo o capital necessário para começar o negócio", diz o presidente da DPaschoal, Roberto Szachnowicz, adiantando que o fundo pode ser lançado com recursos do próprio grupo - cujo faturamento anual ronda os R$ 2 bilhões - para, posteriormente, ser aberto a investidores.
O modelo seria testado em outubro numa loja em Jacareí, no interior paulista, mas a companhia preferiu adiar a implementação para aprimorar o projeto.
Entre os temas em revisão estão as fontes de receita das franquias. Inicialmente, a DPaschoal trabalhava num formato no qual transferiria produtos aos franqueados a preço de custo e cobraria deles uma taxa sobre o total faturado. Agora, o projeto caminha a um esquema em que as peças serão distribuídas com margem de lucro, porém com a cobrança de taxa menor pela utilização da marca. Todos os produtos serão fornecidos pela distribuidora de peças do grupo, a DPK.
Se tudo der certo, o plano de franquias será relançado no segundo semestre. Szachnowicz diz que a proposta ainda está em fase embrionária e em revisão.
No momento, diz o executivo, o foco está na evolução do modelo atual de credenciamento de oficinas. Por esse caminho, a DPK entrega seus produtos - incluindo pneus e baterias de marca própria - a cerca de 900 centros automotivos credenciados. Marcas licenciadas pela DPaschoal, como Top Service e Coop Service, são, nesse caso, identificadas nas fachadas dos credenciados, que recebem apoio de marketing e de adequação da loja.
"O modelo de franquia será importante, mas melhorar o sistema de credenciamento me oferece hoje maior impacto econômico", diz Szachnowicz, ao frisar que, ao credenciar oficinas de vizinhança, a empresa consegue capturar o potencial de consumo nos bairros menores sem acirrar ainda mais a concorrência. A preocupação é não fomentar a guerra de preços - sempre prejudicial à rentabilidade do negócio -, como acontece quando uma grande loja se instala nesses pequenos redutos.
O executivo lembra ainda que o custo de conversão de um centro automotivo já em operação, com mão de obra treinada e estruturas instaladas, é menor do que o de investir numa loja totalmente nova do modelo de franquia.
De acordo com Szachnowicz, outras 20 lojas poderão ser credenciadas, mas o maior objetivo é melhorar os resultados das que já aderiram ao modelo. "Hoje, um credenciado Top Service vende a média de 70 pneus por mês, mas tem potencial de chegar a 200".
Seja por franquias, seja pela via do credenciamento de oficinas, os planos desembocam na estrutura de capacitação técnica da DPaschoal, que está se tornando uma divisão de negócios dentro da companhia. Cerca de 10 mil mecânicos passam a cada ano pelos cursos online ou promovidos de forma presencial nos quatro centros de treinamento da empresa e desde o ano passado a DPaschoal cobra por esse treinamento.
Desenvolver um modelo de franquia, bem como fortalecer os modelos de lojas credenciadas, significa levar mais profissionais às escolas da DPaschoal, robustecendo essa nova fonte de receita. Aos lojistas parceiros, a companhia está preparando uma espécie de programa de fidelização em que as compras de peças da DPK rendem pontos que podem ser usados para abater o preço dos cursos, além de outros serviços, como assessoria financeira.
Embora o mercado de reposição tenha mostrado resistência à crise - já que o consumidor está preferindo gastar na manutenção do veículo em uso, ao invés de comprar um carro novo -, Szachnowicz diz que trabalha com a expectativa de estabilidade nas vendas do grupo neste ano. "Como nossa receita não deve crescer, estamos preocupados em conter os custos", disse. Nesse sentido, cerca de 7% do quadro de funcionários da DPaschoal foi cortado no ano passado.
Após prejuízos de cerca de R$ 50 milhões em 2013 e de R$ 21,9 milhões em 2014, o balanço da empresa a ser divulgado nos próximos dois meses vai mostrar a volta de um "pequeno lucro" em 2015, segundo adianta o executivo, sem revelar números. Para voltar ao azul, a DPaschoal executou um programa de reestruturação que envolveu demissões, fechamento de filiais e a reorganização da DPK - de onde vinha a maior parte do prejuízo, sobretudo em decorrência de dificuldades surgidas na implementação de um novo sistema de gestão, desenvolvido pela SAP.
Valor Econômico
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