quinta-feira, 10 de dezembro, 2015

Cocamar acelera o passo para atingir R$ 6 bilhões em 2020

As adversidades relacionadas ao clima na safra 2015/16 não tiram a confiança da Cocamar, cooperativa agrícola com sede em Maringá (PR), em um novo salto de faturamento no ano que vem. O ritmo acelerado das vendas antecipadas de grãos e insumos para o ciclo de inverno reforça a expectativa de que a receita possa avançar 10% em 2016, a R$ 3,5 bilhões, estreitando o caminho rumo à meta de superar R$ 6 bilhões até 2020. Para 2015, a previsão é de R$ 3,2 bilhões.
"Nossos orçamentos estão praticamente elaborados e parte do negócio de 2016 já está realizado", disse ao Valor o presidente-executivo Divanir Higino da Silva, há 37 anos na Cocamar e quase dois meses no novo cargo.
Conforme Silva, depois de um pequeno atraso no plantio, o excesso de chuvas tem dificultado os tratos culturais nas lavouras. "Mas entendemos que não há prejuízos significativos". A estimativa da cooperativa é receber volumes muito próximos do recorde de 2014/15 -1,050 milhão de toneladas de soja e 850 mil de milho -, favorecida por investimentos crescentes em fábricas e unidades de recebimento de grãos, que devem totalizar mais de R$ 1 bilhão até 2020.
O dólar valorizado ante o real, que em boa parte de 2015 compensou os baixos preços dos grãos na bolsa de Chicago, incentivou os cooperados a adiantarem a comercialização da safra 2015/16, colhida a partir de janeiro. A Cocamar estima já ter negociado pouco mais de 20% da produção de soja, e 15% de milho. "É a primeira vez na história que saímos em novembro com vendas de milho para entrega entre julho e agosto. Normalmente, começam apenas em janeiro", observou Silva.
A Cocamar também já fez uma campanha de vendas que permitiu a seus associados adquirir cerca de 80% dos insumos para a safra de inverno, dividida entre milho segunda safra (a "safrinha") e trigo.
No varejo, entretanto, as perspectivas não são das mais auspiciosas. Este ano, as vendas nesse segmento renderam R$ 600 milhões à Cocamar, mas uma desaceleração já é dada como certa devido à delicada situação econômica do país. "Até no óleo de soja, item de primeira necessidade, já percebemos queda nas vendas", detalhou Silva. Outros produtos, como bebidas de soja, néctares, maionese e catchup também devem ter uma comercialização mais enxuta em 2016, prevê a cooperativa.
Para fazer frente à queda de produtos considerados "mais nobres", a Cocamar planeja voltar a investir em farinha de trigo e massas pré-prontas. "O pão sente menos a redução do consumo", afirmou Silva. A cooperativa arrendou um moinho perto de Maringá, com capacidade para processar 100 mil toneladas de farinha de trigo por ano.
O acordo tem duração de 5 anos, mas a Cocamar não descarta trocar a parceria por uma aquisição, ou mesmo manter o trato e caminhar na verticalização da cadeia do trigo. Nas contas de Silva, a compra do moinho poderia requerer em torno de R$ 50 milhões.
A Cocamar projeta ainda uma nova fábrica de ração, com um aporte de cerca de R$ 25 milhões. A planta atual é pequena e antiga, e a meta da cooperativa é multiplicar por 10 o volume processado atualmente, para 10 toneladas por mês. A previsão é que o projeto seja concretizado em 2018, mas "tudo depende da oportunidade", ressaltou Silva.
O investimento de R$ 25 milhões em uma fábrica de gordura hidrogenada também está nos planos, em uma unidade contígua à planta de processamento de óleo de soja, em Maringá. Em 2015, essa unidade esmagou 950 mil toneladas, um recorde para a cooperativa.
Na frente operacional, o foco é fidelizar os cooperados no noroeste do Paraná, sua mais antiga área de atuação, e aumentar a fatia em regiões de avanço mais recente, que incluem o norte do Paraná, oeste de São Paulo e sudoeste de Mato Grosso do Sul. Ao todo, são hoje 15,5 mil produtores associados e 65 unidades operacionais.
Mas Silva ponderou que o ambicioso plano de crescimento em vigor não fará a Cocamar "tirar os pés do chão". "Pode ser que investimentos sejam antecipados ou postergados. Estamos atentos às oportunidades, mas vamos preservar a saúde financeira da cooperativa", concluiu.
Valor Economico
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