O mercado de duas rodas projeta estabilidade na produção e nas vendas no próximo ano, depois de registrar quedas acentuadas em 2015. O ajuste do nível dos estoques, que vem sendo feito neste ano, deve contribuir, assim como a alta nas exportações.
De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a produção de motocicletas no ano que vem deve praticamente se manter em relação a 2015, com avanço de apenas 0,8% para 1,28 milhão de unidades. Neste ano, a estimativa é ter 1,27 milhão de motocicletas fabricadas.
"Apesar do cenário para o setor ter se deteriorado, o mês de novembro já aponta alguma estabilidade frente a outubro, o que pode sinalizar a chegada ao fundo do poço. Se isso se estabilizar agora [em dezembro], podemos ter até alguma melhora no segundo semestre de 2016, com o ajuste dos estoques", avaliou o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian.
Para as vendas no atacado, a entidade projeta alta de 0,8% para 1,22 milhão no próximo ano frente a 1,21 milhão de unidades que devem ser vendidas até o fim de 2015.
Já nas vendas do atacado, a previsão para 2016 é de avanço mais fraco, com crescimento de 0,4%, chegando a 1,26 milhão de motocicletas. Este ano o atacado deve somar 1,25 milhão de unidades. "Vamos trabalhar no próximo ano, para manter o patamar de 2015. Mas esperamos que o nó político e econômico que o País tem hoje seja resolvido", disse.
O dirigente ressaltou que, mesmo com a previsão de estabilidade no próximo ano, o setor deve passar por ajustes ainda nos primeiros meses de 2016. "Será preciso um ajuste mais significativo no primeiro trimestre para ajustar os estoques. Mas as fabricantes estão adotando estratégias diferentes para adequar a produção", explicou Fermanian.
Segundo ele, algumas empresas pararam a produção no Polo Industrial de Manaus, enquanto outras devem ampliar o período de férias coletivas.
"Não vislumbramos um movimento unificado de demissões no setor, mas o nível de emprego caiu neste ano e pode ser que uma ou outra fabricante ainda faça ajustes no número de trabalhadores", citou.
Mercado externo
A exportação - vista como alternativa para o setor - deve avançar 2,7% para 75 mil unidades no ano que vem, de acordo com a projeção da associação. "Com a mudança de governo na Argentina, podemos ter uma melhora nas exportações, mas ainda é cedo para dizer, já que 2016 será um ano de transição naquele país", destacou o presidente.
A Argentina, principal destino das motocicletas brasileiras, comprou 33,4% menos entre janeiro e outubro em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 36 mil unidades embarcadas. O número de vendas em novembro ainda não foi divulgado.
As vendas do setor para o mercado externo como um todo somaram 63 mil unidades de janeiro a novembro deste ano, queda de 23% ante o mesmo período de 2014.
DCI
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