quinta-feira, 12 de setembro, 2013

Fiat e Volks perdem vendas em 2013

Fiat e Volkswagen, as duas montadoras que encabeçam o mercado automotivo brasileiro, são também as maiores responsáveis pela inflexão das vendas de carros no país, que de uma alta de quase 9% em maio passaram a registrar queda próxima a 2% no mês passado.
A Fiat chegou a acumular crescimento superior a 10% em maio, mas fechou agosto amargando queda de 5,7%. Em igual período, a oscilação da Volks também foi significativa: saiu de uma alta de 1,6% para uma queda 12,5%, em volumes acumulados desde janeiro (veja gráfico ao lado).

Se no ano passado, as duas marcas tiveram desempenho acima da média, beneficiando-se dos descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que chegavam a zerar o tributo para automóveis populares, em 2013 elas perderam espaço com a chegada de concorrentes de peso no mercado de compactos.
O Gol, da Volks, e o Uno, da Fiat, seguem como os carros mais vendidos do país, mas mostraram queda de 11,9% e 28,7%, respectivamente, nos volumes emplacados até agosto. O Palio, da Fiat, ainda contraria essa tendência e mostra crescimento, de 4,7%. Mas o Fox, segundo modelo mais emplacado da Volkswagen, teve queda de 22,2% nas vendas durante os oito primeiros meses do ano, conforme cálculos feitos a partir de levantamento da Fenabrave, a entidade que abriga as concessionárias de veículos.
Por outro lado, os lançamentos feitos nos últimos doze meses para competir com esses tradicionais modelos conquistaram neste ano mais de 13% do mercado de carros de passeio. Quase 244 mil unidades foram licenciadas na soma dos compactos HB20 (Hyundai), Onix, (General Motors), Etios (Toyota), 208 (Peugeot) e da nova geração do Fiesta, produzida desde março na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
A Fiat e a Volks passaram, então, a disputar um mercado mais concorrido com linhas atrasadas em relação às demais marcas, uma situação que, diante de consumidores sedentos por novidades, significou perda de vendas. "Nos Estados Unidos, o sucesso de uma marca tem relação com a quantidade de lançamentos. Isso também começa a ser uma realidade no Brasil", afirma Raphael Galante, analista da Oikonomia, consultoria especializada no mercado automotivo. Segundo ele, após a renovação completa na linha da General Motors (GM) nos últimos dois anos e da atualização feita pela Ford nos modelos EcoSport e Fiesta, a Fiat e a Volkswagen ficaram com as linhas mais defasadas entre as quatro grandes montadoras do país.
Em suas contas, a GM caminha para superar a Volks no fechamento do ano, embora a marca alemã, segunda colocada com 18,8% de participação de mercado, seguisse à frente da americana (18,1%) no acumulado até agosto.
O aguardado lançamento de um novo modelo de entrada, o Up!, poderá ser o ponto de partida de uma reação da Volkswagen, mas Galante pondera que o fim da produção da Kombi - significando a perda imediata de uma participação de mercado equivalente a 0,7 ponto percentual - indica um cenário ainda difícil para a montadora no ano que vem, quando a perua sai de linha.
A queda nas vendas da Fiat e da Volks aprofundou a tendência de desconcentração do mercado no grupo das quatro grandes montadoras do país, que ainda inclui a GM e a Ford. Dez anos atrás, essas marcas respondiam, juntas, por mais de 83% das vendas, mas essa participação caiu para 70,8% em 2012 e está em 68,2% neste ano.
Nesse período, o mercado automotivo brasileiro mais do que dobrou de tamanho e se transformou no quarto maior do mundo, mas passou a ser disputado por mais grupos. Entre setembro e outubro do ano passado, Hyundai e Toyota se lançaram, com produção local, ao mercado de carros compactos - o mais popular - e isso levou a uma nova divisão das vendas de veículos.
Desde junho, quando o mercado passou a perder fôlego, as duas marcas asiáticas foram as únicas entre as montadoras instaladas no Brasil que conseguiram melhorar seus resultados comparativamente a igual período do ano passado. No embalo do sucesso do HB20, as vendas da Hyundai mais do que dobraram - crescimento de 126% - no acumulado de janeiro a agosto. No mesmo período, os emplacamentos da Toyota, ampliados pela chegada do Etios, avançaram 73,4%. São as duas melhores taxas de crescimento do mercado automotivo neste ano.
No pelotão de frente, a GM, assim como quase todas as montadoras, perdeu vendas nos últimos três meses, mas, dado o bom saldo acumulado no início do ano, chegou ao fim de agosto repetindo o volume do ano passado. Já as vendas da Ford sobem 1,7% em 2013.
Valor Econômico - 11/09/2013
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