sexta-feira, 02 de agosto, 2013

Japonesa NEC deixa mercado de smartphones

A NEC se tornou a mais recente fabricante japonesa de smartphones a decidir sair deste mercado, sublinhando a incapacidade do antes orgulhoso setor de eletrônica do país de acompanhar o ritmo de empresas como a americana Apple e a coreana Samsung.
A NEC, que já foi a maior fabricante de telefones celulares no Japão, comunicou na última quarta-feira que deixaria de fabricar smartphones após ver sua participação no mercado doméstico encolher para 5,3%. Há 11 anos, em 2011, a fatia da fabricante era de 28%.
A decisão acelera a consolidação das fabricantes japonesas de smartphones. De mais de uma dezena de indústrias concorrendo neste mercado, sobraram agora apenas cinco, contando a saída da NEC. Aliás, a operação de smartphones da NEC era, na verdade, o que havia sobrado das operações de telefones celulares inteligentes de três companhias: a Casio, a Hitachi e a própria NEC. As três unidades foram combinadas numa venture chamada NEC Casio Mobile Communications, em 2010, sendo que a holding NEC ficou com uma participação majoritária.
Enfrentando pressões parecidas, outras fabricantes japonesas de celulares também se uniram. Em 2008, a coreana Kyocera adquiriu o braço de telefones da Sanyo. Em 2010, a Fujitsu absorveu os negócios de produção de celulares de outra gigante, a Toshiba. Outra companhia eletrônica, a Mitsubishi, abandonou por completo a fabricação de telefones.
Razões para a queda. O declínio da NEC reflete a transformação da indústria japonesa de telefones celulares de líder mundial a retardatária em pouco mais de uma década. Em 1999, a maior operadora japonesa de rede, NTT DoCoMo, introduziu um dos primeiros serviços online móveis, chamado i-Mode, dando aos consumidores japoneses acesso em movimento a videogames, sites de compras e outros serviços.
A NEC foi pioneira no desenvolvimento de telefones para o i-Mode, acrescentando câmeras e outros recursos que pareceram futuristas à época. Os telefones NEC estiveram presentes nos primeiros serviços de transmissão de dados móveis em países como Grã-Bretanha e Austrália.
Dependência. No entanto, analistas dizem que a NEC e outras fabricantes japonesas de celulares estavam ligadas estreitamente demais aos operadores japoneses de redes e eram dependentes em demasia do mercado doméstico. Por conseguinte, não conseguiram captar o significado da ascensão do smartphone.
Finalmente, até o Japão sucumbiu. Apesar de os telefones de tampa deslizante da NEC e de outros fabricantes locais ainda serem amplamente usados no país, os smartphones compõem hoje a maioria das vendas novas. Mas as marcas japonesas têm dificuldade de competir com smartphones importados, notadamente o iPhone.
"O mercado de aparelhos de telefonia móvel mudou muito com a rápida disseminação dos smartphones. O jogo mudou drasticamente, e a venda em escala se tornou cada vez mais importante para a manutenção e fortalecimento da competitividade", diz a NEC em um comunicado. Apesar de estar ciente de que era preciso mudar, as vendas de telefones da NEC seguem em uma tendência de baixa - e a própria empresa acabou reconhecendo que era impossível mudar essa realidade.
No ano passado, a Apple se tornou a líder de mercado no Japão, com o iPhone alcançando uma participação de 25,5% das vendas totais de aparelhos portáteis, segundo o instituto de pesquisa MM.
Disputa. Mesmo a Samsung, da Coreia do Sul, que tem sido mais lenta para se estabelecer no Japão do que em outras partes do mundo, ultrapassou a NEC no ano passado, com uma participação de 7,2% no mercado. Em smartphones, a Apple é ainda mais predominante, com 40% do mercado japonês, segundo a consultoria IDC.
Para a NEC, a gota d'água pode ter vindo quando a DoCoMo adotou um smartphone da Samsung, o Galaxy S4, num esforço para conter a perda de assinantes para as operadoras rivais SoftBank e KDDI, que trabalhavam fortemente com o iPhone.
O Estado de São Paulo - 01/08/2013
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