terça-feira, 13 de agosto, 2013

EMBALAGEM INTELIGENTE PROMETE ECONOMIA À INDÚSTRIA

Com o avanço do consumo de alimentos processados, cresce o mercado de embalagens para alimentos. De olho neste potencial, grandes indústrias químicas, como a brasileira Braskem e a alemã Henkel, estudam embalagens e adesivos “inteligentes”, que através de características químicas especiais podem indicar ao consumidor a qualidade do alimento embalado. As novidades devem entrar em escala comercial ainda nesta década, dizem as empresas.
“No Brasil, a tendência é cada vez mais processar alimentos. O país hoje é um grande exportador de grãos, existe uma oportunidade enorme de agregar valor ao nosso agronegócio já vendendo produtos embalados”, afirmou recentemente o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (ABIPLAST), José Ricardo Roriz.
“O aumento de renda também traz mudanças, você sai do consumo de alimentos in natura. Hoje as pessoas querem o alimento embalado, lavado, preparado e que a embalagem faça com que o produto tenha um shelf life bem maior”, disse. O shelf life é o período em que um alimento mantém suas características físicas (aroma, textura, sabor, aparência) e microbiológicas, sem sinais de deterioração ou proliferação de agentes causadores de doenças. Segundo Roriz, o Brasil ainda tem muito a avançar nesse sentido. “Temos um campo enorme para o mercado de plásticos, atendendo a esse novo perfil de consumo”, acredita.
As embalagens inteligentes, com aplicações de nanotecnologia também se inserem nesse processo e podem trazer vantagens econômicas para a indústria. “Hoje uma das maiores aplicações da nanotecnologia é na área de plásticos, são nanomoléculas que aumentam a vida útil dos produtos. Muitas vezes, num país com a dimensão do Brasil, onde o custo de frete é muito alto, se você consegue aumentar o shelf life do produto, tem uma economia enorme”, explica Roriz.
A equipe de pesquisa da área de inovação e tecnologia da Braskem está debruçada sobre embalagens “ativas inteligentes”, que poderão avisar quando o produto não estiver mais ideal para o consumo. O objetivo é desenvolver resinas plásticas que melhorem as condições de segurança para ingestão do alimento, além de aumentar seu tempo de vida útil.
“Os sistemas ativos reagem ao que acontece dentro ou fora da embalagem e a embalagem inteligente tem função de comunicar alguma alteração como, por exemplo, de temperatura”, explica o gerente de pesquisa e desenvolvimento da Braskem, Fabio Sofri. A Braskem está desenvolvendo aplicações antimicrobiana e termo sensível em embalagens que podem avisar ao consumidor se o produto está adequado ao consumo e ao envasador se a embalagem tem um problema.
“Essa tecnologia pode beneficiar a indústria de alimentos evitando perdas. A cadeia de alimentos no Brasil hoje perde muito devido à logística precária, com perdas no transporte e no manuseio. O tipo de embalagem pode reduzir isso”, afirma. Além do mercado de embalagens, que pode incluir os segmentos de cosméticos e farmacêutico, além do de alimentos, a empresa vê aplicações da nova tecnologia no mercado de não-tecidos, eletrodomésticos e automotivo.
Ainda não há aplicação comercial para o produto, mas a expectativa é de poder introduzi-lo no mercado a partir de 2018. “Antes de 2018 as chances são baixas, porque estamos olhando para aquilo que é mais desafiador, para criar valor para a cadeia”, afirma o gerente, que aposta que a aplicação deve ser testada primeiro em mercados maduros.
Já a fabricante de adesivos Henkel estuda substratos funcionais para seus adesivos voltados para o segmento de embalagens para alimentos. “São substratos com características de barreira adicional, com funcionalidades de oferecerem informações adicionais ao consumidor, como por exemplo, se o produto esteve durante toda a cadeia de distribuição acima ou abaixo de certa temperatura”, explica o vice-presidente de adhesive technologies para o Mercosul, Antonio do Vale.
“Tudo isso são elementos inovadores que, para nós, como fornecedores de adesivos, representam oportunidades importantes em novos materiais”, diz. Segundo o executivo, são produtos que estão em fase de desenvolvimento, em projetos feitos em parceria com clientes, daí a confidencialidade. “Esse produto pode ter uma divulgação no mercado nos próximos dois ou três anos”, prevê Vale.
A alemã fechou recentemente uma parceria com a empresa norte-americana de aplicação de adesivos Nordson, com o objetivo de desenvolver novas tecnologias para o mercado de embalagens. “Vamos trabalhar juntos numa solução que permita que os funcionários da indústrias trabalhem de forma mais confortável e segura”, diz o executivo.
A área de embalagens e fast moving consumer goods (produtos de consumo rápido) representam de 30% a 35% do negócio global da Henkel, segundo Vale. A empresa investe em pesquisa e desenvolvimento (P&D) cerca de 3% de seu faturamento.
Portal do Agronegócio - 22/07/2013
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