Com nova fábrica em SP, Honda dobra a produção

A Honda vai dobrar a capacidade de produção de automóveis no Brasil com a segunda fábrica a ser erguida no interior paulista, cujos investimentos são estimados em cerca de R$ 1 bilhão. A linha, que será construída na pequena cidade de Itirapina, a aproximadamente 200 quilômetros da capital do Estado, vai fabricar, entre outras possibilidades avaliadas, uma nova geração do modelo compacto Fit e terá potencial para 120 mil carros por ano, o mesmo da fábrica na também paulista Sumaré, onde a Honda produz veículos há 16 anos.
O projeto foi oficialmente anunciado ontem, após ser apresentado tanto para o governo estadual como para o federal, já tendo em vista sua habilitação ao novo regime automotivo. Cerca de 2 mil funcionários vão trabalhar na futura fábrica da Honda, que ocupará um terreno de 5,8 milhões de metros quadrados.
A proximidade à rede de fornecedores que abastecem a unidade de Sumaré - distante a apenas 100 quilômetros de Itirapina - é um dos fatores mencionados pela direção da empresa para justificar a localização do empreendimento. Também influenciaram na escolha vantagens relacionadas à logística, dado o acesso a uma das mais importantes rodovias do Estado, a Washington Luís, assim como a proximidade a alguns dos principais mercados do país - incluindo o maior, na cidade de São Paulo.
Como a unidade de Sumaré vem operando no limite da capacidade instalada e não há mais espaço disponível no local para grandes obras de expansão, a Honda já vinha avaliando há mais de dois anos a construção de sua segunda fábrica no Brasil.
Ao dobrar de tamanho no país, a marca espera subir de 3,8% para cerca de 5% sua participação em um mercado que chegará próximo a 5 milhões de carros até 2020. O novo investimento também dá fôlego para a Honda alcançar sua meta de vender 1 milhão de automóveis no mercado brasileiro em um prazo de cinco anos. Se tudo sair como prevê a empresa, as obras serão iniciadas até o fim do ano, assim que a montadora receber a licença ambiental. O início das operações está previsto para 2015.
Diferentemente da Hyundai e da Toyota, que optaram pela produção local de carros de entrada para se tornarem mais acessíveis no país, a Honda decidiu se manter numa faixa acima do mercado popular nesse empreendimento. Na futura fábrica, o grupo pretende produzir um modelo cujo preço parte hoje de R$ 47,9 mil, ainda assim o valor mais baixo na tabela da marca japonesa. Atrás apenas do sedã Civic, o Fit é o segundo modelo mais vendido pela Honda no Brasil, com mais de 25 mil unidades emplacadas até julho. A nova geração do carro será apresentada no mês que vem no Japão.
Mas a fábrica de Itirapina também poderá abrigar outros modelos hoje produzidos pela montadora em Sumaré, caso do City e do Civic, assim como um novo utilitário esportivo compacto derivado do Fit, que está entre os lançamentos programados pela Honda para os próximos 18 meses. A partir de agora, a empresa vai analisar onde cada modelo será acomodado.
Masahiro Takedagawa, presidente da Honda na América do Sul, diz que, ao desafogar Sumaré, a nova fábrica dá flexibilidade para o grupo trabalhar melhor a distribuição de suas linhas no sistema de produção. Segundo ele, se necessário, tanto o novo Fit como o utilitário esportivo poderão ser feitos nas duas fábricas. "Ambas as fábricas poderão fabricar qualquer carro de nosso portfólio", disse Takedagawa em entrevista ao Valor.
Segundo o executivo, o empreendimento anunciado para Itirapina estará alinhado às exigências de uso crescente de autopeças locais colocadas pelo Inovar-Auto, nome dado à política para a indústria automobilística lançada em outubro do ano passado. A montadora tem como objetivo aumentar de 60% para 80% seu índice de nacionalização.
No caso do carro que será produzido em Itirapina, o motor, de potência 1.5, será feito em Sumaré, mas a transmissão continuará sendo importada da Índia e da Indonésia, adianta Takedagawa. Até julho, as vendas da Honda no Brasil subiram 8,7%, com o recorde de 77,3 mil carros emplacados.