segunda-feira, 26 de agosto, 2013

Câmbio favorece retomada de produção nacional de brinquedos

A fábrica da Gulliver em São Caetano do Sul ainda está mais para um galpão do que propriamente uma unidade fabril. Um cenário que se arrasta desde o início da década passada, quando a empresa deu prioridade às importações em detrimento da produção local.
Alta do dólar torna a importação menos competitiva
Com uma avalanche de brinquedos chineses desde os anos 90, a maior parte deles com ingresso informal no país, a Gulliver não conseguiu correr atrás do tempo perdido. Hoje, com um mix de produtos destinado ao público de alta renda, a empresa tenta se reestruturar para virar a chave junto com as mudanças do mercado. Até 2015, a meta é produzir 50% dos brinquedos no país com até 80 novos lançamentos focados nas classes B e C.
“Chegamos a ter quase 90% do portfólio composto de produtos chineses. A fábrica virou praticamente um estoque”, diz Fábio Teixeira, chefe do departamento Comercial da empresa.
O projeto de renascimento da companhia responsável pelo Futebol Gulliver, jogo que ainda hoje faz parte da memória de boa parte dos marmanjos que hoje tem entre 25 e 50 anos, simboliza o novo momento do mercado nacional de brinquedos. Com a mudança do patamar cambial, que aumenta o custo das importações e beneficia a produção interna, se abre uma nova janela de oportunidades para o setor nacional.
“Voltamos a deitar a cabeça no travesseiro e a sorrir em nossos sonhos”, ilustra Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).
Hoje reestruturada, a Estrela, que até 2005 calculava prejuízos anuais superiores a R$ 11 milhões na fase do bombardeio chinês, inverteu a conta produzindo tanto no Brasil quanto na própria China. “Hoje 65% dos nossos produtos são feitos aqui. Em 2013, a conta esta fechada desde janeiro, quando são feitas as compras no mercado externo. No próximo ano, no entanto, a mudança cambial deve aumentar os custos em 25%. Para compensar isso, devemos sim ter um aumento de produção interna podendo chegar até o limite de 80%”, explica Carlos Tilkian, presidente da Estrela.
O outro “segredo” que está por trás da conta está na precificação. Enquanto a inflação do país se aproximou dos 6% no ano passado, o reajuste dos brinquedos ficou em 1,5%, segundo números da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
Veja também: Banco Central lança plano de intervenção diária no câmbio até o fim do ano
“Nossa inflação está sempre bem abaixo da média do país. Por isso também temos uma mudança no panorama de consumo com o aumento do poder de compra das famílias. Em 2005, ninguém queria gastar mais de R$ 100 em um brinquedo. Hoje 14% dos compradores já pagam esse valor”, acrescenta Synésio.
O setor varejista de brinquedos movimenta anualmente no país R$ 4 bilhões. Cerca de um terço desse montante vai para a RiHappy. Duas datas, o Natal e o Dia das Crianças, concentram 80% das vendas. A rede credita seu volume de negócios às mudanças no mix de produtos. A cada ano há renovação de 70% dos itens das gôndolas. “Os produtos de tecnologia são os que ganham cada vez mais espaço”, diz Rosania Calissi, diretora comercial da rede.
Portal de Notícias IG - 23/08/2013
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