terça-feira, 12 de março, 2013

Renault abandona aliança de carros de luxo com Daimler

A Renault SA decidiu abortar o seu plano de produzir um grande sedã de luxo em parceria com a alemã Daimler AG e irá se concentrar em reformular os modelos de luxo das suas próprias linhas, segundo um alto executivo da montadora francesa.
A Renault, que há muito tempo vem penando para desenvolver uma linha de veículos de luxo que possa gerar margens de lucro maiores que a dos automóveis para o mercado de massa, firmou um acordo de cooperação com a Daimler há três anos.
De acordo com o plano, a Renault ajudaria sua parceira alemã, controladora da marca Mercedes, a fazer modelos básicos e menores de carros e vans e vinha estudando formas de aprender com a Daimler como desenvolver carros mais sofisticados.
Para isso, a Renault estava preparada para tomar emprestada a arquitetura do modelo Classe E da Mercedes para desenvolver seu próprio carro de luxo. Mas após meses de discussões, a Renault chegou à conclusão que o plano não tem sentido empresarial.
"Não encontramos um modelo de negócios que funcionasse", disse o português Carlos Tavares, vice-presidente de operações da Renault, em entrevista ao The Wall Street Journal. Segundo o executivo, a decisão de não levar o plano adiante foi motivada por questões envolvendo abastecimento, logística e montagem. Ele não quis dar maiores detalhes. Um executivo da Daimler não quis comentar.
A decisão da Renault ressalta a dificuldade de desafiar a supremacia das montadoras alemãs no segmento de luxo - com ou sem o apoio delas. Um funcionário da empresa francesa disse que o estudo de viabilidade para o segmento de carros sofisticados foi engavetado porque a Daimler estava oferecendo à Renault componentes da versão atual do Classe E, um modelo que poderia estar saindo de linha quando a Renault começasse a produzir a sua própria versão do veículo.
"Alinhar o ciclo de produtos é algo complicado. Não houve má vontade dos nossos amigos da Daimler; mas os números não se encaixaram", disse a pessoa.
Tavares disse que deixar de lado o plano de veículos de luxo não vai afetar a cooperação da Renault com a Daimler, que também inclui a Nissan Motor Co. - parceira estratégica da Renault.
A ideia de usar o Classe E era apenas a cereja do bolo da aliança de três anos entre a Renault, a Nissan e a Daimler, disse Tavares. "Por ora, não encontramos uma boa equação", disse ele. "Isso não significa que não a encontraremos; apenas que não a encontramos neste momento."
As três montadoras já estão trabalhando em dez projetos para desenvolver veículos, motores e tecnologia de sistemas de transmissão. Elas também cooperam para desenvolver um carro compacto sofisticado para a marca de luxo da Nissan, a Infiniti, que será baseado na plataforma da Mercedes. O início da produção está previsto para 2015 na Europa.
O carro da Renault baseado no Classe E tinha inicialmente previsão de ser vendido por mais de 50.000 euros (cerca de US$ 65.000), bem acima do preço inicial de 36.000 euros do carro mais caro do catálogo atual da montadora francesa, o Espace. A Renault planeja lançar no próximo ano o sucessor do Espace.
As vendas dos sedãs da empresa, como os modelos Laguna e Latitude, foram atingidas pela desaceleração da Europa e pela pouca procura que tiveram em mercados estrangeiros.
O diretor-presidente da Renault, Carlos Ghosn, disse semana passada a jornalistas, durante o Salão do Automóvel de Genebra, que o volumoso Espace seria substituído por um novo veículo hatch e um "crossover", que são carros que mesclam características de veículos de passeio e utilitários esportivos.
"O segmento 'premium' contribui com muito pouco para o resultado da Renault, então isso só pode ser boa notícia", disse. "Não importa o que você faça, será positivo", já que algumas dos modelos de topo de linha estão drenando os lucros, disse ele.
A PSA Peugeot Citroën SA, concorrente local da Renault, tem tido algum sucesso nos últimos anos com a venda de versões luxuosas de alguns de seus modelos básicos, caminho que a Renault pretende seguir. A Renault planeja lançar variações mais sofisticadas de quatro ou cinco modelos. Inicialmente, eles levarão a marca "Initial Paris", pegando carona na reputação da França em bens sofisticados e de luxo.
A ideia é que a marca evolua até se tornar independente, deixando o nome Renault. Tavares admitiu, porém, que isso pode levar algumas décadas, já que a criação de uma marca de prestígio exige a construção de uma rede de concessionárias dedicada e uma reputação de qualidade e serviço pós-venda.
Valor Econômico
Produtos relacionados
Ver esta noticia em: english
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP