terça-feira, 26 de março, 2013

Michael Dell corre o risco de perder a empresa que fundou

O plano de Michael Dell de fechar o capital da Dell Inc. pode acabar saindo pela culatra, já que outros possíveis compradores consideram ofertas potencialmente maiores que, se aceitas, poderiam tirar do executivo o controle sobre a sua empresa.
A Blackstone Group LP e o investidor ativista Carl Icahn manifestaram interesse na fabricante de computadores antes do fim do prazo para outras ofertas, na sexta-feira, notificando a um comitê especial do conselho de administração da Dell que estão trabalhando em ofertas firmes pela empresa sediada em Round Rock, no Texas, segundo pessoas a par do assunto.
Esse passo dá à Blackstone e a Icahn mais quatro dias para preparar suas ofertas, disseram essas pessoas, acrescentando que nenhuma das duas ofertas potenciais da Blackstone ou de Icahn pela Dell superam o preço de US$ 15 por ação.
Qualquer oferta firme que seja feita competirá com a proposta liderada por Michael Dell e a firma de private equity Silver Lake Partners de comprar a Dell por US$ 24,4 bilhões, anunciada no mês passado. A oferta, que representa o pagamento de US$ 13,65 por ação, tem sido criticada por alguns acionistas, que alegam que ela subvaloriza a empresa.
Dell, de 48 anos, que é dono de 14% da empresa que ele fundou em 1984 no alojamento universitário onde morava durante a faculdade, é quem tem potencialmente mais a ganhar se a aquisição liderada pela Silver Lake sair vitoriosa e talvez mais a perder se o negócio desandar.
A aquisição em conjunto com a Silver Lake daria a Dell controle majoritário no patrimônio da empresa e a oportunidade de liderar um plano de virada para a companhia, já que ele permaneceria como diretor-presidente e presidente do conselho, o que daria a ele mais controle formal.
Mas se a Blackstone, Icahn ou outros derrubarem o negócio da Silver Lake, Dell pode acabar de fora, sem poder na empresa. Isso pode colocar pressão sobre Dell e a Silver Lake para que aumentem sua oferta. Ao mesmo tempo, Dell pode lucrar com qualquer lance rival maior, dado o tamanho de sua participação na empresa. Michael Dell não respondeu imediatamente a um email pedindo comentários. Um porta-voz da Dell se recusou a comentar o papel de Dell em qualquer potencial oferta alternativa de compra.
A empresa informou que Dell procurou o conselho da Dell em agosto passado com a ideia de comprar as ações em circulação da fabricante de computadores. Esse plano levou o conselho a contratar consultores financeiros externos para explorar uma venda ou outras opções para a empresa e, por fim, a concordar com a venda da companhia à Silver Lake, no mês passado.
Para ajudar a financiar o negócio, Dell prometeu incluir suas próprias ações, avaliadas em mais de US$ 3,7 bilhões ao preço da oferta de compra, além de US$ 750 milhões em dinheiro e ações de seu fundo de investimento, o MSD Capital LP. O valor total de seu compromisso supera de longe a soma de US$ 1,4 bilhão prometida pela Silver Lake para o negócio.
Mas se a Blackstone conseguir derrubar a oferta de compra existente, Dell pode perder sua posição como diretor-presidente. A Blackstone está trabalhando em uma proposta que não exigiria que Dell contribuísse com suas ações, disseram pessoas a par do assunto. Não está claro se a Blackstone iria pedir à Dell que contribua com sua participação.
Enquanto a Blackstone trabalhava para montar uma potencial oferta rival, ela também abordou outros executivos sobre a possibilidade de assumir o cargo de diretor-presidente da Dell. Entre os potenciais candidatos abordados pela Blackstone estão Michael Capellas, ex-diretor-presidente da fabricante de computadores Compaq, que agora faz parte da Hewlett-Packard Co.
Sob o acordo com a Silver Lake, o conselho de administração da Dell conseguiu que Michael Dell concordasse com uma cláusula que o impede de bloquear um acordo de compra que ele não apoie. De acordo com documentos apresentados aos reguladores, se os acionistas da Dell votarem a favor de um acordo que não seja o da Silver Lake, Dell se comprometeu em dar ao seu voto o mesmo peso dos demais acionistas, essencialmente neutralizando sua participação.
Dell tem sido um dos defensores mais ferrenhos do plano de fechar o capital da empresa, ideia que ele esporadicamente aventou de forma pública e privada por vários anos. Recentemente, em uma reunião do conselho da Dell, em dezembro, o executivo expôs o seu caso de por que a sua estratégia para endireitar a empresa era incompatível com o mercado acionário.
Na apresentação, Dell estabeleceu quatro prioridades para a empresa que, segundo ele, provavelmente seriam mal recebidas pelo público investidor, de acordo com uma pessoa a par do conteúdo de documentos que serão apresentados aos reguladores detalhando os fatos que levaram ao acordo de aquisição.
As prioridades de Dell incluem continuar a investir em aquisições e desenvolvimento interno de software corporativo e serviços, investimentos em PCs e tablets da marca Dell, contratação de mais equipes de vendas para se concentrar em produtos para empresas e investir na expansão em mercados emergentes que costumam ter margens de lucro menores, disseram as pessoas a par do assunto.
Em grande parte, a estratégia continua o que a Dell já vinha fazendo como empresa de capital aberto. De acordo com uma pessoa informada sobre o conteúdo do documento que será apresentado aos reguladores, Dell disse aos membros do conselho que ele apoiava o plano de fechar o capital da empresa porque as estratégias que ele delineou provavelmente pesariam sobre o lucro e prejudicariam a cotação da ação se a companhia ainda estiver sendo negociada na bolsa.
Valor Econômico
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