quarta-feira, 06 de março, 2013

Lanxess traz inovação para fábrica do Sul

O grupo alemão Lanxess, maior produtor global de borracha de alta performance, vai investir € 80 milhões (cerca de R$ 200 milhões) em sua fábrica de Triunfo (RS). A empresa de especialidades químicas realizou estudos e decidiu converter a produção de borracha de estireno butadieno em emulsão (E-SBR), utilizada na produção de pneu padrão, para borracha de estireno butadieno em solução (S-SBR), usada na produção de "pneus verdes" de alto desempenho. Este é o primeiro investimento relevante anunciado no Brasil nos últimos meses pela indústria química, que vive um período de forte estagnação.
Ao Valor, Werner Breuers, membro do conselho de administração da companhia, afirmou que o Brasil faz parte da estratégia global do Lanxess para esse setor. "O país é considerado estratégico e está entre os mais importantes entre os emergentes, com papel predominante na América Latina."
Impulsionado pelo bom desempenho da indústrias automotiva no Brasil, a Lanxess decidiu fazer esse investimento no país. Desde novembro passado, a União Europeia exige rotulagem em pneus com informações sobre aspectos de segurança e ambientais do produto, semelhante à etiqueta energética dos eletrodomésticos. Essa etiqueta facilita a comparação de pneus em termos de aderência em piso molhado, eficiência de combustível e ruído. No Brasil, a rotulagem será exigida a partir de 2016.
O plano da companhia é atingir uma capacidade de 110 mil toneladas por ano de borracha de alta performance, conhecida como S-SBR. A expectativa é de que a fábrica já convertida comece a operar no fim de 2014. Essa unidade já produz borracha utilizada em pneu padrão (E-SBR) - voltada para fabricação e reforma de pneus de caminhão -, que terá sua produção transferida para a unidade do grupo em Duque de Caxias (RJ).
A expectativa é de que a produção nacional de borracha de alta performance seja absorvida no mercado interno. O excedente poderá ser exportado para a Ásia, sobretudo. A demanda por borracha (alta performance e padrão) cresce 10% ao ano.
Segundo Breuers, a demanda por "pneus verdes" cresce em regiões da América Latina e Ásia, com o maior poder aquisitivo da classe média. Estudos indicam que o uso desse pneu reduz o consumo de combustível entre 5% e 7%.
Criada em 2004, a Lanxess, com faturamento de € 9 bilhões, produz borrachas e plásticos de alta tecnologia e especialidades químicas. O Brasil já representa 10% do faturamento global da companhia, de acordo com Marcelo Lacerda, presidente do grupo no Brasil. Em 2005, o país representava 1% das vendas mundiais, com receita de € 161 milhões. Em 2011, o faturamento da companhia ficou em € 907 milhões.
Entre 2005 e 2011, o Brasil recebeu investimento de US$ 1 bilhão do grupo, segundo Lacerda. Em 2007, a múlti adquiriu no país a Petroflex, por cerca de R$ 530 milhões. A companhia tem cinco fábricas no Brasil - além de duas unidades em Triunfo e uma Duque de Caxias, tem uma planta em Porto Feliz (SP) e outra Cabo de Santo Agostinho (PE). Em 2010, a Lanxess anunciou aporte de R$ 75 milhões em Porto Feliz, eleito o polo para o desenvolvimento de produtos avançados e novas tecnologias do grupo em especialidade químicas que podem atender às indústrias do Brasil e da América Latina.
O movimento de grandes multinacionais dos tradicionais mercados, como Europa e EUA, para países emergentes é uma tendência global, afirmou Breuers. "Nos EUA, a indústria química ressurgiu por causa do 'shale gás' [gás de xisto], considerado uma revolução para o setor, com matérias-primas a preços competitivos." A demanda por produtos químicos, contudo, é crescente em países emergentes, como o Brasil e Ásia.
Valor Econômico
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