quinta-feira, 14 de março, 2013

Huawei tenta ser reconhecida como marca de celular

O gigante chinês de telecomunicações Huawei tem a ambição de se tornar marca global conhecida também na produção de celulares, com ajuda, principalmente, da venda de aparelhos de alta qualidade, e não de produtos mais baratos. Dos US$ 35,4 bilhões que o grupo faturou no ano passado, 74% foram negócios de redes de telecomunicação, 22% da venda de celulares e 4% com serviços e consultoria tecnológica a empresas.
A estratégia agora é fazer com que cada uma das divisões represente um terço dos negócios no prazo de cinco a dez anos. Para atingir a meta, a companhia espera se impor no mercado por meio da inovação, disse ao Valor o vice-presidente do departamento de imprensa internacional da Huawei, Roland Sladek.
Os planos da Huawei coincidem com acusações feitas em novembro pelo Congresso dos Estados Unidos, de que os equipamentos da empresa seriam usados para ciberespionagem chinesa. Isso praticamente bloqueou boa parte de seus negócios no maior mercado de tecnologia da informação do mundo. A empresa nega as acusações.
O executivo, entretanto, disse que é possível expandir mesmo em meio à crise global. "A crise é como um teste, são os melhores que sobrevivem", afirmou. O grupo pretende dobrar o número de empregados na Europa, onde enfrenta um ambiente bem diferente daquele dos EUA. Nos planos estão a criação de um centro de pesquisa de celulares na Finlândia, enquanto a finlandesa Nokia, antiga líder global, demite 3,7 mil funcionários.
No mundo, o grupo chinês é o segundo maior em infraestrutura de redes de telecomunicações, atrás apenas da sueca Ericsson. Na área de celular, é o terceiro, depois da Samsung e Apple. Mas, a ambição é de se posicionar melhor do que isso. Sua produção começou há oito anos, porém como marca 'branca', destinada a operadores como Vodafone, Deutsche Telekom e outros. Somente há dois anos lançou produtos com sua própria marca, usando, por exemplo, o sistema operacional Android, do Google.
Analistas concordam que lançamentos recentes do grupo chinês mostram que sua capacidade de inovação tem sido superior à de seus dois principais concorrentes. Em janeiro, a Huawei lançou em Las Vegas e na China o Ascend Mate, ou 'phablet', uma combinação de smartphone com tablet.
No mês passado, em Barcelona, foi a vez do Ascend P2, considerado o celular mais veloz do mundo. Com tecnologia de quarta geração, permite velocidade de download de 150 megabits por segundo (Mbps), enquanto os concorrentes ainda estão limitados a 100 Mbps, por exemplo, segundo a Huawei.
Em 2012, o grupo embarcou 127 milhões de aparelhos de diferentes modelos para o mercado internacional.
''O que está faltando é o reconhecimento", disse Sladek. "O desafio da Huawei é impor sua marca." Para corrigir essa situação, o grupo lançou neste ano uma ampla campanha internacional de marketing. O patrocínio milionário de equipes de futebol e de rúgbi também está no radar, dependendo do mercado-alvo.
Os planos são ambiciosos igualmente na gestão, consultoria e serviços tecnológicos para as empresas, que representam um negócio global estimado entre US$ 1 trilhão e US$ 2 trilhões, segundo o diretor da Huawei. "No momento, só temos uma fatia insignificante", disse.
A direção da companhia também planeja uma atuação mais agressiva na oferta de computação em nuvem, armazenamento de dados e outros serviços em parceria com operadoras, inclusive no Brasil. Nesse sentido, Sladek disse que já foram assinados contratos importantes de longa duração para prestação de serviços e manutenção, e não apenas para instalar equipamentos.
"Inovação continuará a ser a palavra-chave", disse o executivo. "Queremos descomplicar cada vez mais e simplificar as técnicas." Para exemplificar cita a tecnologia SingleRAN (Radio Access network), que permite múltiplos padrões de comunicação móvel na mesma rede, como 2G e 3G, sem precisar substituir os equipamentos.
A direção da Huawei espera se diferenciar dos concorrentes com a ajuda de suas 27 mil patentes, equivalentes a 20% do que é detido pelo setor. Outro pilar é formado pela área de pesquisa e desenvolvimento, que recebe investimento de US$ 5 bilhões por ano e empresa 70 mil pessoas, de um quadro total de 150 mil trabalhadores.
Sladek se surpreende quando lê na revista alemã "Spiegel" que os produtos de Huawei são normalmente 30% mais baratos do que os dos concorrentes. "É falso, às vezes somos mais caros que os concorrentes por causa da qualidade tecnológica", disse. "A China é conhecida como produção barata, mas não é nosso caso. O que pode tornar nosso produto barato não é o preço, mas a duração de vida do produto, economia de energia etc."
Valor Econômico
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