Apple deve ganhar mais com relógio de pulso inteligente do que com TVs

Enquanto Tim Cook tem insinuado que a Apple está trabalhando duro em sua televisão para conduzir a próxima era do crescimento, o relógio de pulso inteligente da companhia, ainda em desenvolvimento, pode provar ser mais rentável. A indústria global de relógio vai gerar mais de US$ 60 bilhões em vendas em 2013, segundo Oliver Chen, analista do Citigroup.“As margens brutas dos relógios são de cerca de 60%”, explica o especialista. O número quatro vezes maior do que as margens dos televisores.
A Apple, com sua marca icônica e uma lucrativa rede de varejo, está preparada para explorar esta crescente indústria de relógios. Um progresso neste negócio ajudaria a compensar a desaceleração do crescimento em outras áreas da companhia, como os iPhones e os iPods. As ações da Apple despencaram mais de um terço desde o pico em setembro por conta dos avanços de concorrentes como a Samsung. Além disso, o mercado está preocupado sobre quão rápido Cook vai conseguir reagir.
“Esta pode ser uma oportunidade de US$ 6 bilhões para a Apple. Eles podem criar algo totalmente novo como fizeram com o iPod, um produto que os consumidores nem sabiam que precisavam”, afirma Chen.
A indústria de TV irá gerar US$ 119 bilhões em vendas este ano, de acordo com pesquisa da empresa Eletrônica & Media. Usando as estimativas de margem de Chen, uma quota de 10% para a Apple em cada mercado significaria lucro bruto de US$ 3,6 bilhões para relógios, ultrapassando US$ 1,79 bilhão para TVs.
Atualmente, a Apple tem uma equipe de cerca de 100 designers de produto trabalhando na elaboração de um relógio de pulso. Permitir que os usuários realizem chamadas, vejam o número de quem está ligando e verifiquem as coordenadas do mapa estão entre as funcionalidades do produto, segundo uma das pessoas envolvidas no projeto, que pediu para não ser identificada. O relógio teria também um pedômetro para contar os passos e sensores para monitorar a saúde de dados relacionados, tais como taxas de coração.
A Apple pretende lançar o aparelho este ano, disse a pessoa. A companhia entrou com pelo menos 79 pedidos de patentes com a palavra “pulso”, incluindo uma para um dispositivo com uma tela flexível, alimentado por energia cinética.
Tentativas anteriores de criar relógios inteligentes não foram longe. A Microsoft assinou parcerias com empresas como Citizen e Fossil em 2003 para desenvolver produtos que disponibilizassem resultados desportivos e previsões meteorológicas. O esforço fracassou em 2008. O momento parece melhor agora. Tendo crescido acostumados a usar aplicativos móveis em suas vidas diárias, os consumidores estão mais propensos a tentar dispositivos que tornam o acesso a dados mais conveniente.
A incursão da Apple no segmento de relógio também pode abrir uma nova frente em sua concorrência com Google só que desta vez na chamada tecnologia “wearable”, ou seja, que se pode usar. Google está desenvolvendo o Google Glass, um aparelho que se assemelha a óculos e é usado no rosto. Os proprietários dos óculos poderão falar comandos para executar algumas tarefas como tirar fotos e gravar vídeos.
A Apple, mais do que qualquer outra empresa, provou a sua capacidade de mover-se em mercados maduros e refazê-los com inovações fáceis de usar. Antes da Apple criar o iPhone, fabricantes de celulares estavam desfrutando de recorde de vendas de dispositivos pouco baseados em inovação tecnológica. O iPhone da Apple 5 foi o smartphone mais vendido no quarto trimestre do ano passado, de acordo com a Strategy Analytics.
O segmento de relógios está experimentando um renascimento que lembra o da indústria de telefonia celular antes do iPhone. As ações da Fossil e da Movado mais do que triplicaram desde o final de 2009. Ambas as empresas se beneficiam de margens brutas superiores a 55%, devido à demanda por relógios elegantes.