quarta-feira, 20 de fevereiro, 2013

Ação rápida é arma contra a crise da carne de cavalo

Expostas a uma crise que envolve algumas das maiores empresas globais no segmento alimentício, as companhias que viram suas marcas ligadas ao escândalo da venda de carne de cavalo em lugar da bovina tiveram que agir rápido. Praticamente sem questionar, assumiram o erro, retiraram produtos do mercado, pediram desculpas aos consumidores e tomaram providências urgentes para sinalizar que o problema não irá se repetir. Qualquer prejuízo pareceu ser menos relevante do que o questionamento da integridade de gigantes como a suíça Nestlé, a brasileira JBS, o grupo britânico de supermercados Tesco ou a rede de fast-food Burguer King.
Gonzalo Brujó, chairman da Interbrand para Ibéria e America Latina e CEO do escritório da Interbrand Espanha, destaca que a transparência é o conceito mais importante a ser aplicado neste momento. “É preciso informar ao consumidor rapidamente e tomar providências. Não há nada de errado em vender carne de cavalo, se as pessoas souberem que estão consumindo isso”, diz o especialista. “Se for bem administrada, essa crise vai passar e as marcas não ficarão prejudicadas aos olhos dos consumidores”.
Justamente por isso, ontem mais duas gigantes mundiais do setor, a JBS e a Nestlé, retiraram do mercado vários produtos e reviram seus acordos com parceiros em consequência do escândalo. Em comunicado, a Nestlé assumiu que há mais de 1% de carne de cavalo nos produtos que foram recolhidos. Esse é o limite definido no Reino Unido pela Agência de Segurança Alimentar para indicar adulteração provável ou negligência. “Estamos agora suspendendo as entregas de todos os nossos produtos acabados produzidos usando carne fornecida pel a em p r e s a a l em ã H . J . Schypke, subcontratada de um de nossos fornecedores, a JBS Toledo NV”, disse o comunicado da companhia suíça.
A Nestlé afirma que fortaleceu os testes dos produtos à base de carne vendidos na Europa. A empresa diz não haver problema de segurança alimentar, “mas erros na etiquetagem de produtos significa que eles não cumprem os padrões elevados que os consumidores esperam de nós”.
Também em nota, a JBS disse que o escritório comercial da JBS na Bélgica (JBS Toledo) foi notificado sobre o caso, que suspendeu os contratos com a Schypke e não comercializará mais produtos europeus até que a confiança na segurança do sistema de fornecimento do bloco seja restabelecida.
Segundo a empresa, nenhum caso de violação foi identificado nos produtos fabricados pela própria JBS, que diz também que a Schypke “não pertence ao seu grupo econômico e não possui qualquer relação societária ou operacional com a companhia”.
Ontem, as ações da JBS registraram queda de 3,89% na Bovespa, enquanto o desempenho da Nestlé, na bolsa de Zurique, foi positivo em 1,58%. O pior desempenho da companhia suíça havia sido registrado em 14 de fevereiro.
Após a União Europeia descobrir que a carne de cavalo estava sendo vendida aos consumidores como sendo de origem bovina, ao menos cinco empresas já tiveram que se explicar quanto aos procedimentos utilizados na fabricação ou venda de produtos.
O Burger King admitiu que alguns de seus hambúrgueres fabricados na Irlanda continham carne de cavalo. Outra prejudicada pelo escândalo foi a rede de supermercados Tesco, que perdeu quase £ 300 milhões (cerca de R$ 900 milhões) de valor de mercado após a descoberta de carne de cavalo nos hambúrgueres que eram vendidos pela rede.
Até agora, já foram retirados de venda produtos no Reino Unido, Irlanda, França, Áustria, Noruega, Holanda, Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Bélgica, Portugal, Itália e Espanha. Na semana passada, a União Europeia aprovou um plano para analisar a presença de carne de cavalo não-declarada misturada em alimentos transformados por toda a Europa. Os testes já começaram a ser aplicados e os resultados serão apresentados oficialmente em 15 de abril.
Brasil Econômico
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